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Os ricos coronéis do Maranhão e seu pobre feudo
Posted by Cottidianos
on
17:44
Sábado,
12 de novembro
“Eh,vida
de cão! Trabalha e nunca tem nada não
Danação!
Arrancando o couro pro patrão
Pros
feitor e pros macaco so pedindo proteção
A
corisco,a ventania,a vorta-seca, a lampião
Aí
que eles vão ver como se dança o baião
Bota
o cristão de joelho pra sangrá o coração
E
sai o facão vermelho igual luar do sertão
Pros
"coroné" só o cangaço,
No
parabelo ou no braço ou no aço”
(Cinto Cruzado – interpretação: Clara
Nunes)
Presidente
Sarney. Ou melhor, ex-presidente Sarney. Ex o não, o nome é imponente. Nome de
um dos políticos mais influentes do Brasil. Já foi deputado federal, governador
do Maranhão, senador, e presidente da República Federativa do Brasil. Foi, e
ainda é, um dos políticos mais influentes do nosso tão sofrido cenário
político. É tão influente que, dias atrás, Renan colocou a milícia do Senado
Federal para interceptar e anular, alguma escuta autorizada pela justiça, na
casa de um cidadão que nem mandato de senador exerce no momento presente.
A
família Sarney, é cacique no Estado do Maranhão. Uma das famílias mais poderosa
do Estado, senão a mais poderosa. Os Sarneys influenciam na política, na
economia, na cultura, e sabe-se lá mais em que áreas, na região onde exercem
seu reinado. O Maranhão não é um Estado, é um feudo comandado pela família
Sarney.
Ricos.
Muitos ricos. Talvez não sejam tão ricos quanto Donald Trump, mas as notas
verdinhas de R$ 100, 00 devem ser como água de piscina grande na qual os Sarneys
nadam fartamente. Dinheiro ganho honestamente? Melhor dizer que os Sarneys
nadam numa piscina de água suja. Tanto é assim, que no início deste mês,a filha
de Sarney, Roseana, tornou-se ré em processo
que apura esquema fraudulento de concessão de isenções fiscais
Talvez
a única coisa que os Sarneys não levem a sério, seja o povo maranhense, nem o
Maranhão enquanto parte da federação nacional. O estado é um dos mais pobres do
Brasil, com altos índices de analfabetismo, péssimo em condições de saneamento
básico, da saúde, então, nem se fala. Em belezas naturais, o Maranhão dá show.
A região, como, aliás, toda a região nordestina, apresenta lugares de beleza
impar. É uma pena que a incompetência dos nossos políticos não consiga unir o
útil ao agradável.
Em
2013, o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, divulgado pelo Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o PNUD (Programa das Nações Unidas
pelo Desenvolvimento no Brasil), mostrava o Maranhão como penúltimo colocado no
IDH. Ficando, dentre os estados brasileiros, à frente apenas de Alagoas, terra
do fajuto caçador de marajás, Fernando Collor.
Os
dados não são atuais, mas de lá pra cá, pouca coisa mudou naquele sofrido
pedaço do nordeste brasileiro.
Dia
22 de setembro deste ano, o Observatório das Metrópoles, instituto ligado à
Universidade Federal do Rio de Janeiro, divulgou o Índice de Bem-Estar Urbano
dos Municípios Brasileiros (IBEU Municipal). Apresentando um levantamento sobre
as condições da vida urbana em mais de 5.565 municípios brasileiros, o índice
se propõe a oferecer instrumentos que sirvam para avaliação e formulação de
políticas públicas para o país.
Para
elaboração do censo pelo Observatório das Metrópoles foram usados dados do ano
de 2010. E adivinhem de onde vem a cidade que ficou com a última colocação?
Adivinhem qual a cidade que levou o vergonhoso troféu de pior cidade
brasileira? Isso, respondeu bem, quem respondeu: do Maranhão. Acertou total
quem respondeu: Presidente Sarney.
Se
você mora numa cidade cujas condições urbanas de vida são, por excelência,
padrão primeiro mundo, se pisasse em Presidente Sarney, teria a impressão de
estar chegando ao inferno.
Ruas
sem pavimentação, ou quando com elas, com pavimentação muito ruim. Lixo por
todos os lados, até pendurado nas árvores com ajuda do vento, esgotos correndo
a céu aberto, exalando forte mau cheiro.
Na
cidade há sistema de abastecimento de água, mas ele é tão ruim, que a maioria
dos habitantes do lugar recorre a poços artesianos para saciar-se do líquido
cristalino, combustível de nosso corpo.
Na
questão sanitária, a situação é ainda mais precária. A região fica na baixada
Maranhense, uma região que, durante o período chuvoso costuma ficar
alagada. Com isso, as fossas sanitárias
enchem, e ao transbordar provocam sérios transtornos aos moradores, causando
riscos à saúde. Aqueles que podem, contrata limpa-fossas, resolvendo
temporariamente o problema, e até as próximas chuvas.
À exceção
de Brasília, as cidades não nasce assim, do nada, como se jogassem ali um pó de
pirlimpimpim — “pirlimpimpim” era o pó mágico que levava os personagens do
Sítio do Pica-pau Amarelo — obra criada por Monteiro Lobato — a viajar para
lugares fascinantes e por lá viverem aventuras pra lá de fantasiosas e
emocionantes. E a cidade de Presidente Sarney nasceu em torno de um riacho
chamado Pimenta.
Pois
bem, esse esgoto que os caminhões pipas das empresas de limpa-fossas recolhem é
jogado no antes doce riacho. Poluindo por completo o pobrezinho e tornando-o imprestável tanto para o lazer quanto o consumo
de água.
A equipe
da Folha de São Paulo esteve na cidade
para verificar as condições de vida na cidade na cidade, logo após a divulgação
do censo. E conversou com políticos. Conversou, inclusive, com a atual prefeito
da cidade. E a reposta dele nos leva a deduzir que, ou ele nunca visitou alguma
cidade na qual as pessoas vivam com dignidade, ou que, através da ironia, ele
brinca com os sentimentos e a inteligência do povo brasileiro. Disse ele à
Folha: “Nosso município é um dos mais prósperos do Brasil. Eu contesto esse índice,
é inverdade. O Sr. foi em outras cidades? Essa visita foi direcionada”.
E onde
está a família Sarney enquanto o povo do seu estado nada em miséria? Se banqueteando
minha gente. Se fartando nos banquetes regados a muita corrupção. Se, na
verdade, eles se preocupassem, realmente, com a população, o Maranhão estaria
muito melhor do que é hoje. Aliás, se os coronéis do nordeste: Sarney e
família, Renan Calheiros, Henrique Eduardo Alves, Fernando Collor, e tantos
outros, tivessem, de fato, preocupados com a sua gente, o nordeste estaria bem
melhor do que é hoje. Se os políticos de nosso Brasil estivessem preocupados em
mudar os destinos da nação, a nação brasileira estaria muito melhor do que é
hoje.
Mas,
ao invés disso, o que eles fazem? Roubam, e roubam, e roubam, o nosso país,
depredando todo um patrimônio que é do povo brasileiro. Desviam um dinheiro que
serviria para educar nossas crianças, dar oportunidades de avanço em pesquisas
para nossos jovens, dar abrigo e acolhida aos nossos idosos, conforto aos
nossos doentes, e esperança para o povo brasileiro de modo geral.
Mas,
ao invés de se preocupar com ideais nobres, o que eles fazem? Senhores, e
senhoras, eles tremem de medo das delações premiadas da Odebrecht. Querem, à
todo custo, amordaçar a boca do judiciário, atar-lhes às mãos para que a lei
não consiga atingi-los, e eles continuem, impunemente praticando seus detestáveis
crimes de colarinho branco, e o crime, seja de colarinho branco, ou não, é
sempre crime, e quem os prática, seja letrado ou ignorante é sempre a mesma
coisa: bandido. A única diferença é que um usa gravata, e outro não.
Enquanto
sociedade brasileira, que aspira a ver um país melhor, mais forte,e mais
desenvolvido, é preciso virar às costas a esse tipo de gente, não dar-lhes
aquilo que eles mais querem e desejam: o voto. Porém, enquanto eles continuarem
recebendo esse valioso cheque em branco, chamado voto, não há muitas esperanças
de sair do atraso.
Se há quem levou o troféu de pior cidade no
índice de desenvolvimento humano, obviamente, há que levou o honroso troféu de
melhor, e o vencedor desse troféu foi para... a cidade de Vitória, no Espírito
Santo! São Paulo, ficou ali, lá pela 12a colocação, é um nível
mediano, mas é melhor do que o último lugar.
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