0
Vozes da solidariedade, Luzes do amor
Posted by Cottidianos
on
00:47
Quinta-feira,
03 de setembro
“O
amor ainda vive por detrás da solidão
Pelas
casas pelas ruas quando toca uma canção
No
barulho das crianças que não param de brincar
No
silêncio na lembrança de alguém que vai voltar
No
velho e no menino tem a força do destino
E
na luz da vida um sonho faz sonhar
O
dom do amor é perdoar”
(Dê
uma chance ao coração – Michael Sullivan)
Luan Santana |
No
primeiro dia do mês de setembro, conversei com a advogada Vivian Regina de
Camargo, presidente da Comissão de Direito das Pessoas com Deficiência, da
OAB-Campinas. Dra. Vivian é uma pessoa a quem admiro pela dedicação, carinho e
amor, com que se devota à causa dos deficientes. Lutar pelo direito das pessoas
com deficiência, no Brasil, é uma tarefa árdua, porém, não inglória.
Certamente, Dra. Vivian, em sua luta deve encontrar muitas pessoas ditas “letradas”,
que apesar de todo o estudo e experiência que possuem, ainda se encontram com
suas consciências ainda na pré-história, e de lá relutam em sair. Talvez,
porque seja mais cômodo, mais confortável ignorar os direitos e conquistas
conseguidas na sociedade moderna na questão das pessoas com deficiência.
A
advogada tem uma jovem sobrinha de 22 anos, que é portadora da Síndrome de
Rubinstein-Taybi. A jovem é fã do astro da música sertaneja Luan Santana. Luan
esteve fazendo show em Campinas, no final do mês passado, dia 29. Através de
contatos com a assessoria de imprensa, e do fã clube do cantor, a Dra. Vivian
conseguiu realizar o sonho da sobrinha Giovanna, colocando-a frente à frente
com o astro. O encontro aconteceu no camarim, logo após o show. O cantor
sertanejo recebeu não só a Giovanna, mas um grupo de crianças e adolescentes
portadores de deficiência. Os jovens ficaram todos maravilhados com a oportunidade
de abraçar e serem abraçados por aquele a quem tanto admiram. Fiquei surpreso
com a atenção dada por Luan Santana a essas crianças e jovens, que tanto
necessitam de carinho e atenção. Não conhecia esse lado tão humano do cantor.
Esse
foi o segundo presente que Luan Santana deu a Giovanna. O primeiro foi em 2012,
quando a mãe dela morreu. Muito triste, o jeito que os familiares encontraram
de trazer sorriso para seu rosto, foi conseguindo um encontro dela com o
cantor. Dessa vez, o motivo do encontro com Luan brotou da tristeza da perda
recente dos avós.
Nesse
segundo encontro, a Dra. Vivian ainda teve a grata surpresa de reencontrar por lá, a
menina Tamara, a quem ela já havia ajudado, em Campinas, há cerca de sete anos. O
alimento que ela precisava era de um tipo muito caro. Como a família da menina
era carente e não tinha condições de comprar, a advogada foi à justiça, e por
meio judicial, conseguiu ajudar a criança. A menina, que hoje mora em outra cidade, possui
uma grave doença chamada epidermólise bolhosa distrófica recessiva, e também
deve ficado superfeliz por ver de perto o cantor.
Garth Brooks |
Falando
em humanidade, solidariedade, astros da música sertaneja e festa, volto meu
pensamento a Garth Brooks, ícone da música country americana. Brooks apareceu
no cenário musical americano no final da década de 80, e logo conquistou o
público.
Porém,
antes de voltar a falar no astro country americano, volto ao Brasil, mais
especificamente para a cidade de Barretos, São Paulo. Em Barretos, acontece anualmente
a famosa Festa de Peão de Barretos. Em Barretos também está localizado um
sonho. Um sonho que tem ajudado a salvar a vida de muita gente de baixa renda,
e aliviado as últimas horas de vida de muita gente também. Falo do Hospital do
Câncer de Barretos. Digo, um sonho, pois o projeto se deve ao êxito, a
persistência, o amor e, acima de tudo, ao desejo de um grupo de médicos, de sair da zona de
conforto, e colocar a vida à serviço do próximo.
Esses
entusiastas e corajosos médicos se chamavam Dr. Paulo Prata, a mulher dele, Dra.
Scylla Duarte Prata, Dr. Miguel Gonçalves e Dr. Domingos Boldrini. e Dr.
Edmundo Mauad. Os médicos tinham muito pouco material de trabalho... E uma
vontade enorme de cuidar dos pacientes com câncer. Para auxiliá-los, contavam
com a ajuda de uma técnica de enfermagem que percorria as ruas da periferia de
Barretos, de bicicleta, oferecendo o exame de papanicolau às mulheres, e
realizando exames de coleta em suas próprias residências. Assim começou o
primeiro programa de rastreamento de câncer de colo de útero. O sucesso desta,
e de outras iniciativas, aos poucos começou a chamar a atenção dos governos,
autoridades, e da imprensa.
Essencialmente
filantrópico, hoje, referência no tratamento oncológico, o hospital é dirigido
por Henrique Prata, filho do Dr. Paulo e da Dra. Scylla. A instituição,
continua dando grande contribuição médica nessa área graças a recursos advindos
do SUS, e de doações que recebe de pessoas de diversas áreas, principalmente,
de astros da música sertaneja. “Isso é uma doação de tempo e uma mudança de
vida da água para o vinho, porque eu tinha um negócio só para dar lucro e Deus
fez com que eu me ocupasse com o amor ao próximo e em cuidar de pessoas todos
os dias”, disse Henrique Prata em entrevista ao site SaúdeBusiness.
Não
é um trabalho fácil, e requer muita persistência, uma vez que o tratamento para
o câncer, não é nenhum pouco barato. Façamos as contas: o Hospital tem um custo
mensal de 27 de milhões de reais. O governo contribui com 15 milhões. 27 - 15 =
12. Ou seja, mesmo com a contribuição mensal dada pelo Sistema Único de Saúde,
ainda ficam faltando 12 milhões de reais para cobrir os custos. O que Henrique
Prata faz? Arregaça as mangas e vai à luta em busca do dinheiro faltante. No inicio,
ele era conhecido no meio político de Brasília como o “chato do hospital”, pois
quando o viam por lá, sabiam que era para pedir dinheiro para a instituição. Todo
esse esforço vale muitas vidas: o hospital realiza mias de 4 mil atendimentos
por dia.
Há
alguns anos, Henrique Prata, procurou Garth Brooks para que fizesse um show
beneficente em prol do hospital. A proposta não vingou, pois Garth estava com
um contrato com um hotel em Las Vegas, chamado, Wynn. O ano era 2011. Brooks
fazia um show intimista no Wynn, no qual não cantava com banda, mas contava a
histórias de suas músicas e de sua vida, algo assim meio voz e violão. O
diretor do hospital soube do evento e pediu para sua equipe enviar um e-mail
para a assessoria de imprensa do americano, perguntando se podia recebê-lo,
pois ele estaria em visita ao país, e gostaria de aproveitar a ocasião para um
encontro com o astro. A resposta foi positiva e os dois se encontraram em Las
Vegas.
Mais
uma vez, Henrique foi à luta sem medo. Henrique Prata não sabia falar muito bem
o inglês, mas usou a técnica do “finjo que sei”. Não deixou a dificuldade linguística
intimidá-lo no encontro com Brooks. Os dois conversaram, mas nada que se diga, “Oh,
como eles estão se entendendo bem!” Henrique explicou os detalhes de sua visita
para Brooks, disse-lhe que gostaria que ele fizesse um show beneficente, no
Brasil, em prol de pessoas com câncer, e blá, blá, blá. O astro country
americano ouvia com atenção, e disse sim, para Henrique Prata, mas que iria pensar
um pouco antes de fecharem de vez o contrato. Na verdade, ele não havia
entendido muito bem do que se tratava. O
empresário de Garth permanecia sempre de lado, atento à conversa. O brasileiro
saiu do encontro todo feliz, afinal o astro não lhe dissera não. Havia ainda a
possibilidade de firmar um acordo de honra.
Quando
ele foi embora, Brooks virou-se para o seu empresário e perguntou-lhe: “Para o
que foi mesmo que eu disse sim?”. O homem respondeu: “Você disse sim para o
amor. Você disse sim para ajudar crianças, para construir um hospital, ajudar
pessoas. E tudo o que você precisa fazer é o que você ama fazer todos os dias:
tocar música”.
Passou-se
algum tempo. Empolgado, Henrique já havia até arranjado avião com os amigos
para que Garth Brook viesse tocar em Barretos. A resposta dos Estados Unidos
chegou. Nela, Garth dizia: “Irmão, no meu dia, você não deve favor a ninguém”.
E o americano começou a querer saber de tudo, até mesmo quanto custava a água
do camarim. Henrique achou isso estranho. Foi quando Garth surpreendeu, dizendo
que todas as despesas dele e da equipe, tanto as grandes, quanto à pequenas,
seriam por conta dele, Garth. “Esse é o homem mais próximo de Deus que eu conheci”,
disse Henrique Prata em entrevista ao site, Universo Sertanejo.
No
sábado, 22 de agosto, noite mais esperada da 60ª Festa do Peão de Barretos, aconteceu
o momento tão esperado. Com uma voz poderosa e uma energia contagiante, Garth
conquistou o público pela segunda vez. Ele já havia estado na Festa do Peão de
Barretos em 1998, e havia levado um público de 100 mil pessoas ao show. Da
primeira vez, porém, o show não era beneficente. Talvez tenha sido nesse show
que tenha nascido na mente de Henrique a ideia de convidá-lo para um show em
prol do hospital.
Precedido
por espetáculo pirotécnico, desses que só acontecem em finais da Professional Bull
Riders (PBR), um dos maiores campeonatos de rodeio do mundo, Garth subiu ao
palco, para delírio dos fãs, às onze da noite, para fazer um show eletrizante,
cuja renda foi toda revertida ao Hospital do Câncer de Barretos.
O público
aplaudiu, soltou gritos entusiásticos, cantou junto ás músicas. Braços erguidos
levantavam os chapéus, como em qualquer show country. As duplas brasileiras, Chitãozinho
& Xororó e Fernando & Sorocaba, subiram ao palco para uma apresentação
especial, enquanto Garth, em um canto direito do palco, segurava o chapéu,
tendo os olhos marejados de lágrimas.
Depois
de ter feito enorme sucesso na década de 90, Garth resolveu se afastar dos
palcos, e assim ficou por quase quinze anos. Apesar da fama, era preciso ser
pai. E por amor ás três filhas, para vê-las crescer, e estar com elas nesse
importante período da vida, ele deu um tempo para a música. No auge da
carreira, “o furacão de Oklahoma”, saiu de cena, por amor. E foi por amor que
Garth veio ao Brasil. O amor também está presente nas letras de suas canções.
“O
amor deveria ser a maior inspiração de todos nós. 99% dos argumentos do mundo
são baseados em ego e poder. Porque todas as suas frustrações, os argumentos,
se resumem em ego e poder. Mas se você lida com o amor, só coisas boas podem
acontecer”, disse ele, em entrevista realizada em New Orleans, e concedida a repórter
Larissa Castro, ao programa Mais Caminhos, da EPTV.
Quem
dera se no mundo houvesse mais pessoas dispostas a amar e fazer o bem aos seus semelhantes,
certamente, o mundo seria mais iluminado, e os seres humanos mais felizes.
Postar um comentário