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Chama
Posted by Cottidianos
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00:29
Sábado,
12 de setembro
“Eu sou a vela
que acende
Eu sou a luz que
se apaga
Eu sou a beira
do abismo
Eu sou o tudo e
o nada
Por que você me
pergunta?
Perguntas não
vão lhe mostrar
Que eu sou feito
da terra
Do fogo, da água
e do ar”
(Gita – Raul Seixas)
Sem
muitas palavras iniciais.
No
meio de um governo brasileiro confuso, que não sabe de onde veio nem para onde
vai, ou que rumos tomar para, novamente, colocar o país nos trilhos da
credibilidade... No meio de uma economia em crise... Vendo o país que amo,
sendo olhado com desconfiança pelos investidores estrangeiros... Sabendo de
crise dos refugiados na Europa... Resolvi fugir para o planeta poesia... E, de
lá, lanço chamas de paz para vocês.
Chama
Sentado próximo
à janela,
Olho a chama que
consome e se devora
Com a brandura e
a suavidade de quem ama.
Te consomes em
vida,
Enquanto muitos
de minha espécie
Fecham-se em
morte.
Te agitas, te
acalmas,
Como se a dor em
teu peito
Não te
permitisse ficar imóvel.
Tua dor se
transforma em riso
Porque sabes que
podes afastar o pior dos males:
A escuridão.
Admiro a
gratuidade que há em ti.
Não cobras nada.
Não exiges nada.
Apenas iluminas.
Teu único
egoísmo é não te deixares aprisionar.
Te revoltas
quando alguém ameaça te prender.
Queimas,
provocas dor e sofrimento.
Embora considere
egoísmo essa tua atitude,
Compreendo-te:
És livre.
Se alguém te
aprisionasse já não serias o que és:
Chama.
Não existiu
começo sem ti.
Fico a imaginar, tu, invadindo o cosmos.
Com que alegria
ou fúria deves ter te espalhado.
Invadiste o
cosmo como invadiste meu quarto.
E, bem dentro
dele, quieta, te consomes, me devoras,
Enquanto espero
tua chegada.
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