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Bitucas de cigarro: Pequenas e incomodas vilãs do meio ambiente
Posted by Cottidianos
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00:20
Quinta-feira, 20 de agosto
Em postagem do dia 06 de agosto, intitulada, Fumo: uma armadilha disfarçada de prazer, falei dos males do fumo. Naquela postagem citei
dados da Organização Mundial da Saúde, do ano de 2014, que afirmam que cerca de
2 bilhões de pessoas no mundo são fumantes.
Todas essas pessoas fumando produzem uma espécie de
lixo que é vilão do meio ambiente. São as populares bitucas de cigarro.
Vamos a alguns cálculos. Se cada pessoa fumante descartar
sete bitucas, por dia, serão 14 bilhões a cada dia. Isso representa 420 bilhões
de bitucas de cigarros descartadas por mês. Por ano serão descartadas a astronômica quantia de 504 bilhões de bitucas de cigarros. 504 bilhões!
Levando em conta que as pequenas bitucas, que parecem
tão inofensivas, contém mais de 4 mil substâncias tóxicas, esses números do
parágrafo acima tornam-se ainda mais preocupantes. As pequenas montanhas desses
nocivos objetos, jogados no asfalto, ou em frente a bares e restaurantes, contaminam o solo, entopem bueiros, e ainda são causas de queimadas, quando jogadas acesas em matas e florestas.
Há ainda uma série de malefícios causados à natureza
por este maléfico lixo. Por exemplo: O prazo para que uma bituca se decomponha pode
levar até cinco anos. Isto se deve ao fato de o acetato de celulose, material
que a compõe, ser de difícil degradação.
É importante destacar ainda, em relação a essa
questão, a falta de educação da maioria dos fumantes, que, em vez de jogarem as
bitucas de cigarro em locais adequados, acabam-nas jogando no chão mesmo. Muitas
vezes, basta apenas estender a mão, ou dar alguns passos para alcançar o lixo.
No Estado de São Paulo, a Lei antifumo, aprovada em
2009, proibiu o fumo em ambiente fechado. Restando aos fumantes as ruas, praças
e avenidas. Como nem todo fumante tem a consciência de jogar no lixo suas
próprias bitucas, acaba-se por sujar as ruas, tornando-as sujas e com aspecto
desagradável.
Semanas atrás, Waldemar Zaratini, mais conhecido por
Zara, me disse: “Estou escrevendo um texto, você pode publicá-lo no blog?”. Ele
não me disse sobre o que tinha escrito. Finalmente, ele me enviou o texto no
qual trata das observações que fez, em relação a essa importante questão
ambiental, que acaba passando despercebida por todos nós.
Abaixo, compartilho o texto, O mal da vez, escrito por
Zara. Zaratini, definido por ele mesmo é “fotógrafo, detalhista e observador
como todo fotógrafo e usa imagem para se expressar. Esse texto é um passeio por
outro tipo de expressão”.
***
Foto: Waldemar Zaratini |
Mal da vez
Hoje em nossa vida atribulada, corrida, estafante,
temos cada vez menos tempo de prestar atenção a detalhes que passam pela nossa
percepção sem nos darmos conta deles.
A sociedade atual preza por valores, valores
recicláveis, sustentáveis, saudáveis e no meio desse monte de áveis, temos o
resto da sociedade que quer fazer o que “der na telha”, que tem seu vício e não
está muito preocupada com onde seu vício vai levar essa parcela da população.
Atacando o ponto, me refiro aos fumantes de hoje, sim,
de hoje, pois fumar nesses tempos áveis não é mais símbolo de status como já
foi um dia, hoje é até bem mal visto, tendo sido criadas leis que afastam os
amantes da fumaça de todo ambiente fechado.
Aí chegamos ao início, ou a um ponto do problema que
merece atenção.
Os fumantes de agora não têm vez pra nada, não tem
mais lugar pra exercer seu direito de estragar a própria saúde, além do que,
pesquisas já mostraram que quem está próximo a um fumante enquanto ele exerce
seu sagrado direito, é tão ou mais fumante que ele. E assim ficam relegados à
frente de lojas, calçadas de shoppings e restaurantes, enfim, qualquer outro
lugar, no qual, teoricamente não incomodariam outras pessoas que não tem o
maléfico hábito.
O perigo está aí, esses fumantes que estão do lado de
fora, continuam a incomodar, agora os pedestres que passam por eles. Geralmente
eles ficam parados, encostados em paredes e soltando fumaça no rosto de quem
passa, não é tão concentrado como em um ambiente fechado, mas é bem incomodo
tomar uma baforada bem no rosto ao passar nas concentrações de fumantes, haja
visto que raro é o fumante solitário, estão sempre em número igual ou maior que
dois.
Exposto esse primeiro problema, chegamos ao que
acredito ser o principal problema, educação.
Aqui vou fazer um parêntese e, aliado a falta de
educação entra a falta de estrutura, não que seja determinante, mas dá aquela
força.
As bitucas.
Todo cigarro tem filtro, que segundo o fabricante
filtra as impurezas, e não é consumido, é sobra, e é, acredito eu, um dos
grandes prazeres do fumante, arremessar a bituca!
Tem algo nesse gesto de poder, de precisão, pois o
fumante tem seu cacoete para tanto, cada um desenvolve sua técnica de expulsar
o que sobrou, e o faz como que para encerrar o prazer final daqueles minutos de
contemplação.
Chegamos ao problema, o que fazer com as famigeradas
bitucas?
Muitos vão dizer que elas se decompõem e tal, não
duvido deles, elas sim se decompõem, as custas de certo tempo, mas imagine um
local onde não há lugar próximo onde colocá-las adequadamente e imagine um
lugar onde muitas pessoas vão dar suas tragadas. O chão é algo nojento, com
centenas dessas pontas acumuladas, feio mesmo.
Tenho reparado nisso há um tempo já, e não gosto do
que vejo. Sei bem que não existem coletores desse material em qualquer esquina,
não seria o caso de ter? As bitucas formam um conjunto bem asqueroso de restos
da humanidade, que deixa qualquer lugar, por mais agradável que seja, feio,
degradado, mal cuidado.
Não acho que os próprios fumantes achem bonito esse
conjunto, e também acho que eles não pararam pra pensar nisso, pois o hábito é
tão enraizado que não é digno que o fumante gaste nenhum neurônio querendo
saber o destino da sua bituca.
Fica aqui uma visão do fato, assunto não concluído,
apenas aberto. Discussões serão bem-vindas e soluções mais ainda.
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