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Um país sob tensão política

Posted by Cottidianos on 00:32
Quarta-feira, 11 de março



(trecho do discurso de Dilma Rousseff, pronunciado no domingo, dia 08 de março)



Vamos começar pelo mais importante: o Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos.

Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns.

Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos.
Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país.

Nosso povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família.

As dificuldades que existem - e as medidas que estamos tomando para superá-las - não irão comprometer as suas conquistas.

Tampouco irão fazer o Brasil parar ou comprometer nosso futuro.

A questão central é a seguinte: estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929.

E, nesta segunda etapa, estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras daquelas que usamos no primeiro momento.

Como o mundo mudou, o Brasil mudou e as circunstâncias mudaram, tivemos, também, de mudar a forma de enfrentar os problemas.

As circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste.

Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos.

Tudo isso, eu sei, traz reflexos na sua vida.

Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar.

Mas lhe peço paciência e compreensão porque esta situação é passageira.

***

Era domingo, Dia Internacional da Mulher e a presidente Dilma Rousseff, fazia o seu pronunciamento em rede nacional de televisão. Nele, Dilma reconhecia a crise pela qual o país atravessa, porém, minimizava-a.

Eu assistia ao discurso da presidente, na calma e tranquilidade de minha sala. Nem sabia eu que em algumas capitais, durante o discurso da presidente, houve muito barulho.

Em alguns bairros das cidades de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Goiânia, Curitiba e Belo Horizonte, enquanto a presidente falava, o que se ouvia eram gritos, vaias, buzinas de carro, barulho de panelas batendo umas nas outras e as luzes dos apartamentos de alguns se apagando e acendendo freneticamente. A manifestação foi organizada pelas redes sociais e não teve liderança de partidos. Foi algo espontâneo. Apesar disso, lideranças petistas declararam que o “panelaço” foi ato orquestrado pela oposição. A oposição, por sua vez ficou irritada com a acusação e ficaram assim os dois trocando farpas, enquanto o que se devia mesmo era buscar o porquê da questão.

Nesta terça-feira (10) a presidente enfrentou novamente atos de impopularidade, ao participar, na cidade de São Paulo, da abertura do Salão Internacional da Construção. Muitas vaias e gritos de protestos causaram constrangimento à presidente. Em Brasília, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, teve que cancelar uma entrevista coletiva, marcada para as dez da manhã da mesma terça-feira (10), por causa dos protestos de mulheres agricultoras contra os programas de ajuste fiscal.

Isso é apenas o começo de uma onda de protestos. No domingo os oposicionistas se reúnem em várias cidades do país para um grande protesto contra os escândalos de corrupção e a situação econômica pela qual o país atravessa. Muitos dos que estarão nas ruas nesse dia, defendem o impeachment da presidente.

Tudo isso em um momento em que o prato principal do noticiário político do país, tem sido divulgação da indigesta lista de políticos envolvidos nos escândalos de corrupção envolvendo Petrobrás e empreiteiras.

Em meio a tudo a isso, eu os convido a refletir: Se não houvessem sido desviadas fortunas astronômicas dos cofres públicos para financiar projetos de poder, partidos e políticos corruptos, estaríamos atravessando uma crise econômica e política tão séria? Seriam necessários ajustes econômicos tão impopulares? E se o governo, ao invés de apertar os cintos da população reduzisse seus gastos, não atravessaríamos a maré reversa de modo mais tranquilo, ou talvez, nem passássemos por ela?

Abaixo, compartilho matéria publicada no site do jornal El Páis/Brasil.

***



Um Governo sob vaias

Mal refeita do panelaço surpresa do último domingo, a presidenta Dilma Rousseff encarou mais um teste de impopularidade na manhã desta terça-feira, em São Paulo, durante a abertura do Salão Internacional de Construção. A presidenta, que chegou à capital paulista para fazer a cerimônia de inauguração do evento, foi muito vaiada por pessoas que trabalhavam nos estandes do pavilhão de exposições do Anhembi, assim que perceberam que era ela quem chegava ao local. “Abaixo o aumento da gasolina”, foi um dos gritos ouvidos durante a sua chegada, assim como “Fora Dilma” e “Fora PT”.

Ao lado do ministro das Cidades e ex-prefeito da cidade, Gilberto Kassab, e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Dilma procurou manter a calma, mas encurtou o trajeto que deveria fazer para visitar e prestigiar o Salão, o maior do setor na América Latina, segundo seus organizadores. Embora não tenha ouvido xingamentos, era claro o incômodo com a sua presença.

A insatisfação popular com a alta de preços pelo ajuste fiscal está ficando mais evidente e já está afetando a vida prática do Governo. Em Brasília, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, teve de cancelar uma entrevista coletiva que estava marcada para as dez da manhã desta terça por conta de uma manifestação de mulheres agricultoras contra o ajuste fiscal, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

Aos poucos, o Governo vai se convencendo que terá um dos piores testes para o PT no poder no próximo domingo, quando estão previstas uma série de manifestações por todo o país contra a presidenta Dilma. Já se contam registros de atos programados em mais de 30 cidades.

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