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Um país sob tensão política
Posted by Cottidianos
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00:32
(trecho
do discurso de Dilma Rousseff, pronunciado no domingo, dia 08 de março)
…
Vamos
começar pelo mais importante: o Brasil passa por um momento diferente do que
vivemos nos últimos anos.
Mas
nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns.
Passamos
por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos.
Muito
diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país.
Nosso
povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir,
ganhar sua renda e de proteger sua família.
As
dificuldades que existem - e as medidas que estamos tomando para superá-las -
não irão comprometer as suas conquistas.
Tampouco
irão fazer o Brasil parar ou comprometer nosso futuro.
A
questão central é a seguinte: estamos na segunda etapa do combate à mais grave
crise internacional desde a grande depressão de 1929.
E,
nesta segunda etapa, estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras
daquelas que usamos no primeiro momento.
Como
o mundo mudou, o Brasil mudou e as circunstâncias mudaram, tivemos, também, de
mudar a forma de enfrentar os problemas.
As
circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no
Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos
enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste.
Entre
muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da
energia e de alguns alimentos.
Tudo
isso, eu sei, traz reflexos na sua vida.
Você
tem todo direito de se irritar e de se preocupar.
Mas
lhe peço paciência e compreensão porque esta situação é passageira.
…
***
Era
domingo, Dia Internacional da Mulher e a presidente Dilma Rousseff, fazia o seu
pronunciamento em rede nacional de televisão. Nele, Dilma reconhecia a crise
pela qual o país atravessa, porém, minimizava-a.
Eu assistia ao discurso da presidente, na calma e tranquilidade de minha
sala. Nem sabia eu que em algumas capitais, durante o discurso da presidente,
houve muito barulho.
Em alguns bairros das cidades de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro,
Goiânia, Curitiba e Belo Horizonte, enquanto a presidente falava, o que se
ouvia eram gritos, vaias, buzinas de carro, barulho de panelas batendo umas nas
outras e as luzes dos apartamentos de alguns se apagando e acendendo
freneticamente. A manifestação foi organizada pelas redes sociais e não teve
liderança de partidos. Foi algo espontâneo. Apesar disso, lideranças petistas
declararam que o “panelaço” foi ato orquestrado pela oposição. A oposição, por
sua vez ficou irritada com a acusação e ficaram assim os dois trocando farpas,
enquanto o que se devia mesmo era buscar o porquê da questão.
Nesta terça-feira (10) a presidente enfrentou novamente atos de
impopularidade, ao participar, na cidade de São Paulo, da abertura do Salão
Internacional da Construção. Muitas vaias e gritos de protestos causaram
constrangimento à presidente. Em Brasília, o ministro do Trabalho, Manoel Dias,
teve que cancelar uma entrevista coletiva, marcada para as dez da manhã da
mesma terça-feira (10), por causa dos protestos de mulheres agricultoras contra
os programas de ajuste fiscal.
Isso é apenas o começo de uma onda de protestos. No domingo os
oposicionistas se reúnem em várias cidades do país para um grande protesto
contra os escândalos de corrupção e a situação econômica pela qual o país
atravessa. Muitos dos que estarão nas ruas nesse dia, defendem o impeachment da
presidente.
Tudo isso em um momento em que o prato principal do noticiário político
do país, tem sido divulgação da indigesta lista de políticos envolvidos nos
escândalos de corrupção envolvendo Petrobrás e empreiteiras.
Em meio a tudo a isso, eu os convido a refletir: Se não houvessem sido
desviadas fortunas astronômicas dos cofres públicos para financiar projetos de
poder, partidos e políticos corruptos, estaríamos atravessando uma crise
econômica e política tão séria? Seriam necessários ajustes econômicos tão
impopulares? E se o governo, ao invés de apertar os cintos da população
reduzisse seus gastos, não atravessaríamos a maré reversa de modo mais
tranquilo, ou talvez, nem passássemos por ela?
Abaixo, compartilho matéria publicada no site do jornal El Páis/Brasil.
Um Governo sob vaias
Mal
refeita do panelaço surpresa do último domingo, a presidenta Dilma Rousseff
encarou mais um teste de impopularidade na manhã desta terça-feira, em São
Paulo, durante a abertura do Salão Internacional de Construção. A presidenta,
que chegou à capital paulista para fazer a cerimônia de inauguração do evento,
foi muito vaiada por pessoas que trabalhavam nos estandes do pavilhão de
exposições do Anhembi, assim que perceberam que era ela quem chegava ao local.
“Abaixo o aumento da gasolina”, foi um dos gritos ouvidos durante a sua
chegada, assim como “Fora Dilma” e “Fora PT”.
Ao
lado do ministro das Cidades e ex-prefeito da cidade, Gilberto Kassab, e do
prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Dilma procurou manter a calma, mas
encurtou o trajeto que deveria fazer para visitar e prestigiar o Salão, o maior
do setor na América Latina, segundo seus organizadores. Embora não tenha ouvido
xingamentos, era claro o incômodo com a sua presença.
A
insatisfação popular com a alta de preços pelo ajuste fiscal está ficando mais
evidente e já está afetando a vida prática do Governo. Em Brasília, o ministro
do Trabalho, Manoel Dias, teve de cancelar uma entrevista coletiva que estava
marcada para as dez da manhã desta terça por conta de uma manifestação de
mulheres agricultoras contra o ajuste fiscal, segundo o jornal O Estado de S.
Paulo.
Aos
poucos, o Governo vai se convencendo que terá um dos piores testes para o PT no
poder no próximo domingo, quando estão previstas uma série de manifestações por
todo o país contra a presidenta Dilma. Já se contam registros de atos
programados em mais de 30 cidades.
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