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Pelo dom da palavra, louvado sejas, Senhor!
Posted by Cottidianos
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00:17
Domingo, 01 de março
“Minha alma
canta
Vejo o Rio de
Janeiro
Estou morrendo
de saudades
Rio, seu mar
Praia sem fim
Rio, você foi
feito prá mim
Cristo Redentor
Braços abertos
sobre a Guanabara
Este samba é só
porque
Rio, eu gosto de
você”
(Samba do
avião - Antônio Carlos Jobim)
“Quando se fala, transmitem-se os sentimentos,
e quando se escreve, as ideias”. Escreve o filósofo suíço, Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778), na obra Ensaio
sobre a origem das línguas (1759). Anos
mais tarde, o filósofo alemão, Arthur Schopenhauer, escreveria: “A voz dos animais serve unicamente para
expressar a vontade, em suas excitações e movimentos, mas a voz humana também
serve para expressar o conhecimento. É por isso que os sons feitos pelos
animais quase sempre nos causam uma impressão desagradável, com exceção de
algumas vozes de pássaros”, na obra A
arte de escrever, que é, na verdade, uma antologia de ensaios originais,
publicados pelo autor, na obra Parerga e Paralipomena”, publicada em 1851. Ainda
continuando esse dialogo atemporal, além dos aspectos das expressões da vontade
e do conhecimento, o que nos pode distinguir dos animais? Isso nos diz
Rousseau, ainda no ensaio já citado: “A palavra
distingue os homens entre os animais”.
Na
semana que passou, um amigo me questionou: “Porque temos necessidade de gesticular,
se podemos nos fazer entender perfeitamente, através das palavras?”. Confesso que
fiquei pensando nessa resposta. Talvez o fato de nos comunicarmos através de
gestos, nos venha de uma memória genética coletiva adquirida ainda no tempo das
cavernas, quando a comunicação rudimentar humana ainda não passava de
grunhidos, fazendo-se o gestual uma importante e imprescindível forma de
comunicação naquelas remotas épocas.
O
fato é que os grunhidos, os gestos e os desenhos nas paredes das cavernas são
importante parte de nossa ancestralidade e elementos formadores da nossa
comunicação atual, tão diversa e tão complexa.
Com
o decorrer do tempo aprendemos a transformar a palavra numa convenção chamada
linguagem escrita. Para dar vida a palavra escrita foram criados os pontos finais,
ponto e virgulas, de interrogação,
exclamação e demais sinais gráficos que humanizam o
ato de escrever.
Ao
escrever, procuro não apenas expressar ideias, mas expressar ideias com
sentimento. Penso no ato de escrever como um diálogo, cuja finalidade é ser o
que de fato é: Um diálogo entre aquele que escreve e aquele lê. Sendo assim,
uma conversa entre duas partes é permeada, ao mesmo tempo, por razão e emoção. Outro
aspecto a destacar é que num diálogo não há apenas consentimento, mas também discordância.
Uma conversa na qual exista apenas consentimento, não é conversa, mas sim, outro
de modo de se fazer um monologo. Por exemplo, vocês que acompanham esse blog,
nem sempre concordam com muitas das coisas que escrevo, e nem esse é o
objetivo, pois é, justamente, nas concordâncias e discordâncias que as pessoas
crescem e as ideias amadurecem.
Falando
nisso, por esses pouco mais de um ano e seis meses de palavras escritas nesse
blog, gostaria de agradecer a companhia de vocês, que o leem, seja no
Brasil ou no exterior. Afinal, somos todos participes dessa imensa aldeia
global, cujas fronteiras foram radicalmente redimensionadas por essa ferramenta
maravilhosa chamada Internet. Ferramenta essa que é uma faca de dois gumes,
podendo tanto ser usada para o bem, quanto para o mal. Graças a Deus, fazemos uso
dela à serviço do bem. A todos, meu muito obrigado.
Para
terminar, ofereço-vos uma poesia de minha autoria, chamada, Canto de Louvação,
na qual faço uma louvação a Deus pelas maravilhas da terra Brasil.
Porque
também hoje, é aniversário da cidade do Rio de Janeiro, que completa 450 anos,
louvado sejas, Senhor!
***
Canto de louvação
Pelas
águas cristalinas dos rios da Ilha de Vera Cruz,
Pela
força das cachoeiras da Terra de Santa Cruz,
Pelas
verdejantes matas da terra Brasil,
Louvado
sejas, Senhor!
Pela
claridade das noites enluaradas,
Pela
beleza das noites estreladas,
Pelo
calor do sol tropical,
Louvado
sejas, Senhor!
Pela
inocência da gente que andava nua,
Pelas
aldeias que não conheciam ruas,
Pela
coragem de Tupi,
Louvado
sejas, Senhor!
Pelo
povo que veio da mãe África,
Trazendo
no coração muita raça,
Louvado
sejas, Senhor!
Pela
reza escondida na senzala,
Por
um povo que nunca se cala,
Louvado
sejas, senhor!
Pelo
batuque dos tambores que se espalhou pelos ares,
Pela
fé que brotou dos altares,
Louvado
sejas, Senhor!
Pelo
grito de liberdade que ecoou no quilombo
E se
fez ouvir lá no Congo,
Louvado
sejas, Senhor!
Pelos
que deram o sangue pela nação,
Para
vê-la liberta da dominação,
Louvado
sejas, Senhor!
Pelas
riquezas de nossa terra,
Pela
beleza que a pátria amada encerra,
Louvado
sejas, Senhor!
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