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Sabedoria escondida nas fábulas e letras de canções
Posted by Cottidianos
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00:16
Sexta-feira, 13 de março
Na postagem de hoje, resolvi fugir
um pouco do factual e compartilhar duas perolas com vocês.
Tu
preferes ser ouro ou madeira?
Se
me respondeste que preferes ser ouro, eu te digo que, em certos momentos da
vida, é preferível ser madeira.
Por
quê?
O
ouro afunda no mar e a madeira fica por cima.
Preferes
ser um frondoso pé de carvalho, ou um simples pé de Junco?
Se
respondeste que preferes ser um frondoso pé de carvalho, lembra-te de que uma
forte ventania pode arrancar o carvalho pela raiz, enquanto o junco curvando-se
ao chão, permanece intacto.
Se
levares em conta que ventos fortes e vagalhões, em um universo simbólico,
representam os revezes da vida, podeis tirar dessas simples e obvias palavras,
grandes conclusões.
E
as cobiçadas ostras, então? Não nascem elas do lodo e se tornam pérolas finas,
vendidas nas melhores joalherias do mundo todo?
Sendo
assim, resolvi deixar-vos para reflexão, uma fábula e a letra de um gostoso
samba.
A
fábula, de autoria do “Pai das fábulas”, Esopo, — cuja luz brilhou na Grécia
Antiga e ilumina o mundo até os dias atuais — chama-se “O Carvalho e os juncos” e a letra da música chama-se “O ouro e a madeira”, composta em 1975, pelo
cantor e compositor baiano, Ederaldo Gentil (1947-2012).
Esses
dois diferentes tipos de textos me fizeram lembrar as palavras de um profeta,
chamado Jesus Cristo que, há dois mil anos atrás, dizia no famoso Sermão da
Montanha: “Observem as aves do céu: não
semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as
alimenta… E ainda, “Vejam como
crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo
que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles”.
Obviamente,
no carrossel capitalista em que rodamos todos nós, o trabalho se faz
indispensável. Primeiro porque nos permite nutrir o nosso corpo carnal,
satisfazer as necessidades básicas de todo ser humano, comprar bens que se
tornaram indispensáveis ao nosso viver a nossa comunicação com o mundo que nos
cerca, e também para manter ocupada nossa mente, que não foi acostumada a
silenciar, refletir, meditar.
Vamos
primeiro à fábula.
O
carvalho e o junco
O
Carvalho, alto e direito, não queria dobrar-se ao vento, e vendo como Junco se
maneava facilmente, aconselhava-o que não se dobrasse.
Respondeu
o Junco:
—
Tu podes resistir, mas eu não, que não tenho raízes compridas nem sou forte
como tu és.
Dizendo
isto, levantou-se uma ventania, que arrancou o Carvalho com raízes e tudo; mas
o Junco, que se dobrou, ficou em pé.
Moral da história
Mostra
bem esta fábula quão sujeitos estão a desastres os soberbos e aqueles que a
ninguém querem dobrar-se, e, por outra parte, que segura é a humildade; porque
os que sofrem com discrição e obedecem aos tempos, ainda que pareçam juncos
fracos, permanecem mais que os soberbos.
***
E
agora a letra do samba, divinamente interpretado por grandes nomes da música brasileira,
como Beth Carvalho, Jair Rodrigues, Os originais do samba, Neguinho da
Beija-flor, dentre outros tantos.
O
Ouro E A Madeira
Autor:
Ederaldo Gentil
Não
queria ser o mar
Me
bastava a fonte
Muito
menos ser a rosa
Simplesmente
o espinho
Não
queria ser caminho
Porém
o atalho
Muito
menos ser a chuva
Apenas
o orvalho
Não
queria ser o dia
Só
a alvorada
Muito
menos ser o campo
Me
bastava o grão
Não
queria ser a vida
Porém
o momento
Muito
menos ser concerto
Apenas
a canção
O
ouro afunda no mar
Madeira
fica por cima
Ostra
nasce do lodo
Gerando
pérolas finas.