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Rede do Palácio do Planalto é usada para alterar perfis de jornalistas na Wikipédia

Posted by Cottidianos on 14:05
 Sábado, 09 de agosto

A Internet é uma faca-de-dois-gumes: com ela se pode fazer uma deliciosa salada ou ferir, denegrir e ofender a moral de alguém. Em Brasília ela foi usada para a prática de calúnia e difamação contra dois respeitáveis jornalistas brasileiros: Miriam Leitão e Carlos Alberto Sandenberg. Para tal prática criminosa, foi usada a rede de internet do Palácio do Planalto, sede do poder nacional, em Brasília. O falsário usou um IP — identidade digital, através da qual, é possível saber de partiram as informações — da Presidência da República, no site da Wikipédia, para alterar as informações.  O caso será investigado.

Abaixo, compartilho com você, matéria publicada no site do Jornal Nacional

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Rede do Palácio do Planalto é usada para alterar perfis de jornalistas na Wikipédia

Mentiras e críticas a Carlos Alberto Sardenberg e Miriam Leitão foram incluídas nos textos da enciclopédia virtual.


 A rede de internet do Palácio do Planalto foi usada para alterar os perfis, no site Wikipédia, dos jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Miriam Leitão. Os dois são colunistas e comentaristas da TV Globo, do jornal O Globo, da rádio CBN e da GloboNews. Mentiras e críticas aos profissionais foram incluídas nos textos da enciclopédia virtual.

As alterações foram feitas no site Wikipédia, uma enciclopédia na internet - que pode ser modificada por qualquer pessoa. Foram incluídas informações falsas nos perfis dos jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Miriam Leitão, conforme denúncia publicada no jornal O Globo. Todas as alterações foram feitas a partir da rede de internet do Palácio do Planalto.
Miriam Leitão teve o perfil alterado três vezes. O texto modificado diz que as análises econômicas de Miriam são "desastrosas". Diz ainda que ela defendeu o ex-banqueiro Daniel Dantas, quando ele foi acusado de corrupção e suborno a um delegado da Polícia Federal.

“Tudo o que foi incluído por esse computador do Palácio do Planalto no meu perfil é mentira. É mentira, é mentira que eu defendi o Daniel Dantas, é mentira todas aquelas afirmações que eles colocaram lá e isso aí está no capítulo da calúnia e difamação. Isso é que é grave, porque foram falsidades colocadas no meu perfil”, declarou a jornalista.

No caso de Carlos Alberto Sardenberg, o texto alterado diz que ele critica a política de corte de juros do governo por ser irmão de um economista da Federação Brasileira de Bancos.

Sardenberg disse que trabalha há mais de 40 anos e nunca teve a isenção do seu trabalho questionada. Ele, que está nos Estados Unidos, cobrou investigação da fraude.

“Primeiro que eu tenho cinco irmãos e duas irmãs, com profissões diferentes. Um é médico, outro é médico, um é agrônomo, outro é matemático. Tem jornalistas. Quer dizer, a profissão e o trabalho dos irmãos não pode limitar o seu trabalho. Isso aí não tem nenhuma, nenhuma, digamos assim, nenhuma lógica. Nenhuma consistência”, afirmou o jornalista.

Cada mudança feita na Wikipédia deixa registrado o chamado endereço de IP, um protocolo de internet que identifica a rede de onde a mudança foi feita. No caso das alterações dos perfis dos jornalistas, o número que ficou gravado é de responsabilidade do Palácio do Planalto. Dá para saber até a hora em que a mudança foi realizada.

Segundo especialistas, é possível saber quem acessou a Wikipédia. Para isso, é preciso verificar no servidor de rede do Palácio do Planalto que computador fez a solicitação de acesso, por meio do endereço físico do computador, conhecido como mac address. E nele identificar qual foi o usuário que fez o login e acessou a Wikipédia. Esses dados ficam registrados no servidor. Se alguém apagou essa informação, a identidade também fica registrada. Um analista digital pode levantar as informações.

“Uma vez cadastrado o endereço mac no servidor da rede, se torna fácil você identificar qual usuário desempenhou qual atividade, em quais dias. Ou seja, você pode ter um rastreamento mais fácil de um usuário dentro de uma rede. Agora, vale dizer que a informação cadastrada de um endereço mac ela pode também ser apagada e essa informação pode nem mesmo ainda ser detida ou ser de fácil acesso pelo gestor de rede. Nesses casos, um perito em segurança certamente poderia buscar, levantar e averiguar quem efetivamente armazenou os dados, como esses dados foram apagados, tudo para facilitar a chegar à autoria de uma determinada atividade desenvolvida na internet”, explica Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade.

Por meio de nota, o governo considerou lamentável que o endereço IP do Palácio do Planalto tenha sido usado para fazer as alterações. Mas, afirmou que é tecnicamente impossível identificar os responsáveis, porque os conteúdos da rede de internet do Palácio, até julho deste ano, eram armazenados por, no máximo, seis meses. As alterações foram feitas em maio do ano passado, há quase 15 meses.

Outra dificuldade para a identificação, segundo o Palácio, é que as modificações foram feitas por um número de rede de internet que também funciona para a rede sem fio. Ou seja, diz o Palácio, qualquer pessoa, mesmo que estivesse em visita, poderia ter realizado as alterações.

Apesar de a nota oficial do governo afirmar ser impossível identificar a autoria, o secretário-geral da presidência, ministro Gilberto Carvalho, disse que é preciso investigar o caso.

“É fazer uma investigação para ver se é possível localizar, a partir de qual máquina, possa ter partido essa bobagem. E da nossa parte, nós faremos todo o possível para procurar encontrar uma responsabilidade e punir. Punir duramente. Porque isso não é aceitável na democracia, sobretudo contra qualquer cidadão, na verdade”, declarou Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência.

Há pouco, o Planalto informou que abriu uma investigação com prazo de 60 dias.

A Associação Brasileira de Imprensa, a Associação Nacional de Jornais, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e a Federação Nacional dos Jornalistas manifestaram preocupação com o episódio. E cobraram da presidência da República a apuração rigorosa do caso.




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