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Brasil 1 x Alemanha 7. Uma derrota humilhante e vergonhosa
Posted by Cottidianos
on
23:05
Terça-feira,
08 de julho
Confesso
que não foi nada fácil sentar em frente ao computador para escrever o texto
dessa noite. Sinto falta das buzinas, sinto falta da algazarra, sinto falta do
fogos de artifício, dos bares lotados. Resumindo, sinto falta da alegria pelo
qual o país deveria estar tomado. Toda essa festa e toda essa alegria mudaram
de endereço: foi para o outro lado do mundo, melhor dizendo, para a Alemanha.
Sei
que no esporte vence o melhor. Ok. Correto. Todo mundo sabe disso. Mas o
problema é que a seleção brasileira jogou muito ruim. Os alemães foram
melhores, mas não precisávamos ter sido tão ruins.
Estamos
atordoados, não conseguimos entender de fato o que aconteceu com nossa seleção dentro
de campo. Derrota humilhante. Vexame. Vergonha. E outros adjetivos semelhantes
podem ser usados nesse caso, melhor dizendo, em nosso caso.
Foi
duro ver Pedro Henrique, um garoto de oito anos, com quem costumo brincar de
jogar futebol aos domingos, cair no pranto depois do terceiro gol da Alemanha. Mesmo
em sua pouca idade, ele já sabia que aquele seria um placar difícil de
reverter. E pior ainda viria, depois daquele terceiro gol ainda vieram mais
quatro por acréscimo.
“Em 84 anos de Copa do Mundo, a seleção fez
103 jogos. Eu transmiti mais de 40% deles. Já narrei grandes vitórias dois
títulos mundiais e também já vi jogos ruins. Mas eu nunca imaginei que pudesse
ver algo, como o que nós vimos aqui. Foi a pior derrota da seleção brasileira...
O que é impressionante é que entre o segundo gol e o quinto, foram apenas seis
minutos de diferença. E uma seleção brasileira, a maior vitoriosa de todas, não
pode se permitir a passar um vexame como esse. Infelizmente foi uma humilhação”.
Esse foi o desabafo do narrador esportivo, Galvão Bueno, abrindo as reportagens
do Jornal Nacional desta noite. A essência do desabafo de Galvão é sentida no
Brasil e na imprensa esportiva do mundo todo.
Se
não esperávamos jogo fácil, também não esperávamos ser humilhados dentro de
campo. É isso que mais dói, o fato de nossa seleção ter parecido meninos de
várzea, jogando um futebol descompromissado, numa tarde de um dia qualquer, em
qualquer campinho de areia do país.
Palmas
merecidas para a seleção alemã que fez aquilo que veio fazer no Brasil e que
tem feito bem durante a Copa inteira: jogar futebol, e jogar futebol de maneira
organizada e eficiente. Já falei em outras postagens que os alemães estão se
divertindo no Brasil. A impressão que tive vendo as suas fisionomias durante o
jogo era que eles estavam fazendo exatamente isso: se divertindo.
Vocês
conhecem a Fábula da Cigarra e da Formiga, escrita na Grécia antiga, por um
escravo sábio, chamado Esopo, e reescrita séculos depois pelo francês, La
Fontaine? Assim conta ela:
Num
belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas
reservas de comida. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado molhados.
De repente aparece uma cigarra:
-
Por favor, formiguinhas, me deem um pouco de comida!
As
formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra seus princípios, e
perguntaram:
-Mas
por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar
comida para o inverno?
Falou
a cigarra:
-Para
falar a verdade, não tive tempo, Passei o verão todo cantando!
Falaram
as formigas:
-Bom...
Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno dançando? E
voltaram para o trabalho dando risadas.
Fiquei
observando algumas coisas que achei meio esquisitas durante a preparação das
seleções deste mundial. A Alemanha escolheu o calor da Bahia para lhe servir de
abrigo, um clima completamente diverso do que costumam enfrentar no país deles.
Por quê? Sabiam que iam ter que fazer jogos à uma hora da tarde, horário no
qual faz grande calor. Treinaram duro. Se prepararam para enfrentar o tempo que
faria no horário do jogo. Fizeram exercícios em academias sem ar condicionado,
correram na praia, sob sol forte. Enfim, usaram a sábia tática: se não pode com
o inimigo, junte-se a ele. O inimigo em questão, para os alemães era o calor. A
Holanda, outra seleção que tem feito partidas excelentes nessa Copa, e amanhã
enfrenta a Argentina para decidir a outra vaga na final, também recorreu à
mesma tática adotada pelos alemães.
Enquanto
isso, a seleção brasileira, fazia treinos leves, muitas folgas, muitas visitas de
terceiros à concentração, na Granja Comary. Eu, como leigo, ficava vendo toda
aquela movimentação e ficava pensando: isso não está certo. Não é comportamento
de quem quer ganhar um Mundial no qual estão tantas equipes competitivas. Não
estou dizendo que isso tenha sido o fator primordial para a derrota da seleção.
Para isso, certamente, concorreu, uma série de fatores. O que digo é que essa
atitude da seleção brasileira me chamou a atenção. Uma das consequências disso
é que hoje os alemães os alemães estão festejando e os brasileiros chorando.
A
seleção brasileira não está fora da disputa, ainda resta a conquista do
terceiro lugar. Espero que os jogadores se recuperem a tempo da pancada que
levaram dos alemães e ergam, pelo menos, a taça de terceiro colocado.
Estava
torcendo para que o Brasil fosse campeão, uma vez que estamos fora da disputa,
minha torcida segue para os alemães que tem se integrado tão bem, não só ao
clima, mas ao povo de nosso país. Amanhã terá mais alguém rindo e outro
chorando, resta esperar para ver.
Abaixo,
compartilho texto do Jornal de Londrina, falando a respeito desse jogo
humilhante para nós brasileiros, e festivo para os alemães.
***
SEMIFINAL
Alemanha
humilha o Brasil na pior derrota da história da seleção
Alemães
atropelaram a equipe de Felipão por 7 a 1 na semifinal no Mineirão, com cinco
gols em apenas 25 minutos de jogo. Tristeza toma conta o país
Maria
Luiza Iubel, especial para a Gazeta do Povo
Humilhação.
Essa é a palavra que define o que foi a derrota por 7 a 1 do Brasil para a
Alemanha nesta terça-feira (08) pela semifinal da Copa do Mundo no Estádio do
Mineirão. Em uma de suas atuações mais desastrosas na história do Mundial, o
time de Luiz Felipe Scolari foi totalmente dominado e viu os alemães decretarem
a vitória com gols dos meias Müller e Kroos (duas vezes), do volante Khedira e
dos atacantes Schürlle (duas vezes) e Klose – agora o maior artilheiro em Copas
do Mundo – balançaram as redes. Oscar descontou aos 45 do primeiro tempo.
Esta
foi a maior derrota da história do futebol brasileiro, igualando-se ao 6 a 0
para o Uruguai no Campeonato Sul-Americano de 1914. Em Copas, foi o pior
resultado da seleção.
Após
a partida, enquanto alguns torcedores estavam anestesiados pela goleada e
choravam copiosamente, outros preferiram vaiar e xingar o atacante Fred e até
mesmo a presidente Dilma Rouseff. Além disso, alguns focos de confusão nas
arquibancadas foram contidos pelos stewards.
Agora,
o Brasil precisa se preparar para a disputa do terceiro lugar no próximo sábado
(12) às 17h no Mané Garrincha. A final da Copa do Mundo será no domingo (13)
entre Alemanha e o vencedor do confronto entre Argentina e Holanda (que fazem a
segunda semifinal) às 16h no lendário estádio do Maracanã.
Antes
da partida começar, o clima era de festa no Mineirão. Sem Neymar em campo (após
fraturar a terceira vértebra lombar nas quartas de final), várias máscaras do
atacante foram distribuídas nas arquibancadas e – como nas outras partidas – o
hino nacional foi cantado alto pelos brasileiros. Quando a bola rolou, o time
tinha o atacante Bernard na vaga de Neymar e Maicon pela lateral direita (assim
como no jogo contra a Colômbia), enquanto Joachim Löw apostou na experiência de
Klose na frente.
Mas
nem o mais pessimista dos brasileiros achou que a seleção brasileira entraria
tão perdida em campo. Após levar o primeiro gol, aos 10 minutos de partida, o
time abriu espaços na entrada da área e viu os alemães marcarem quatro gols em
sete minutos. Nocauteado pela goleada, o Brasil pouco produziu e fez apenas
duas finalizações a gol em toda a primeira etapa, nenhuma com perigo de gol
para o goleiro Neuer.
O
segundo tempo não foi melhor. Em ritmo de treino, a Alemanha tocou a bola com
paciência e se fechou na defesa, sem dar espaços para o time de Felipão atacar.
Quando finalmente chegou de frente para o gol, parou nas boas defesas do
goleiro Neuer. As mudanças de Felipão não surgiram efeito e o time teve que
sair de campo de cabeça baixa e sob vaias, com sua pior derrota em uma Copa do
Mundo.
Mais
uma vez a seleção brasileira deixa de conquistar um Mundial em casa (em 1950
perdeu na final para o Uruguai) e o sonho do hexacampeonato ficará para a Copa
do Mundo da Rússia, em 2018.
O jogo
O
Brasil começou a primeira etapa pressionando a Alemanha no campo de ataque,
principalmente do lado esquerdo, em cima do zagueiro improvisado como lateral
Höwedes. Os europeus marcaram no meio-campo, reduzindo os espaços brasileiros,
e logo acharam o gol aos 10 minutos, quando Müller recebeu o cruzamento do meia
Kroos e, sozinho, finalizou para o gol.
Atrás
no placar, o time de Felipão se viu obrigado a sair mais para o jogo, deixando
espaços para o adversário contra-atacar. Quando o time começava a voltar a se
encontrar na partida, o volante Fernandinho errou a saída de bola aos 22’,
Muller finalizou em cima de Julio César e, no rebote, Klose marcou – se
tornando o maior goleador em Copas do Mundo.
E
quem achou que estava difícil, passou a achar a classificação para a final
quase impossível quando os alemães marcaram mais três gols em sete minutos: aos
24’ o lateral Lahm cruzou na direita e Kroos chutou forte para marcar, aos 25’
Fernandinho perdeu outra bola na entrada da área, Kroos tabelou com o volante Khedira
e marcou seu segundo gol na partida. O quinto gol alemão saiu aos 29’ quando,
em mais uma falha defensiva, o meia Ozil ficou de frente para o gol, se livrou
dos zagueiros e tocou a bola para Khedira chutar colocado.
Atordoado,
o Brasil não teve forças para reagir. Nulo em campo, Oscar não conseguiu
alimentar o ataque e, nas raras vezes em que o Brasil chegou ao ataque, pecou
nas finalizações. Para se ter uma ideia da ineficiência brasileira, foram
apenas duas bolas finalizadas em todo o primeiro tempo – sem perigo para o
goleiro Neuer. O atacante Fred passou a ser um dos mais vaiados no estádio,
enquanto o time de Joachim Löw diminuiu o ritmo, se poupando.
Querendo
evitar um desastre maior, Felipão sacou Fernandinho e o atacante Hulk no
intervalo e colocou os volantes Ramires e Paulinho para começar o segundo
tempo. Enquanto a Alemanha se limitava a defender, o Brasil avançou todo para o
campo de ataque, mas foi a vez de Neuer mostrar porque é um dos melhores
goleiros do mundo, evitando os vários arremates brasileiros.
E,
mesmo com uma postura mais defensiva, os alemães tiveram tempo e espaço para
fazer mais gols. Aos 23’, em mais uma falha defensiva, Lahm recebeu a bola na
área e achou Schürlle de frente para o gol, que só teve o trabalho de empurrar a
bola para o fundo das redes.
Sem
paciência, a torcida passou a vaiar fortemente o Brasil e ainda gritou “olé”
quando o time de Löw trocava passes. Os alemães tiveram tempo de fazer o sétimo
gol aos 33’ quando Scürlle, quase sem ângulo, chutou forte e marcou um golaço.
O gol de honra saiu aos 45’ quando Oscar driblou o zagueiro e chutou por baixo
de Neuer.
Quando
o juiz apitou o fim da partida, o Brasil saiu de campo de cabeça baixa e
humilhado por sua pior derrota em Copas do Mundo. Mais uma vez, deixou escapar
a chance de vencer um Mundial dentro de casa.
Brasil
1 x 7 Alemanha
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