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Black Blocks: Uma turma da pesada
Posted by Cottidianos
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23:34
Quinta-feira,
24 de julho
Elisa Quadros, a Sininho |
Era
sábado 12 de junho. As manchetes de jornais estampavam suas matérias sobre a
grande final da Copa do Mundo que seria disputada entre Alemanha e Argentina, o
país vivia o clima de festa por causa do grande evento. Milhares de jornalistas
dos mais diversos veículos de comunicação cobriam os fatos relacionados às duas
seleções que disputariam a final e também aos jogos que decidiriam o terceiro e
quarto lugares.
Em
meio a toda essa agitação, saiu a notícia de que a polícia civil do Rio de
Janeiro havia prendido 19 suspeitos de estarem envolvidos em atos de vandalismo
que acontecem no país desde junho do ano passado, quando o povo brasileiro iniciava
uma luta na qual exigia mais saúde educação e segurança, dentre outras
prioridades. Os protestos rumavam na direção da construção de uma cidadania
plena.
Tudo
ia bem, até que um grupo de pessoas, denominadas de Black Blocks resolveu
estragar essa primavera brasileira que começávamos a experimentar. Eles destruíam prédios públicos, incendiavam carros, inutilizavam placas e sinais de
trânsito. É natural que, em uma situação tensa como essa, houvesse uma ação
mais efetiva por parte da polícia. Natural também era que ocorressem exageros,
por parte dos ativistas destruindo, quanto por parte dos policiais , reprimindo.
Naquele contexto vivia-se também, a bela celebração do esporte, envolto na Copa das Confederações, da qual a seleção brasileira, através de um futebol eficiente,
conseguiu sagrar-se campeã. Futebol muito diferente do que apresentaria um ano
depois. Bem, vamos a outro paragráfo que não é hora de relembrar certas
decepções, não é mesmo?
Retornando
ao sábado, 13 de junho, momento em que ocorreu a prisão dos ativistas. Ao todo,
a polícia emitiu 26 mandados de prisão e dois de busca de dois de apreensão.
Essa ação policial aconteceu porque a polícia descobriu que o grupo de
ativistas planejava ações violentas que aconteceriam no domingo, dia 13, dia da
grande final do Mundial. Os 19 presos foram levados para a Cidade da Polícia,
na Zona Norte do Rio. Os suspeitos planejavam estragar uma bonita festa,
através de atos de vandalismo que seriam praticados no entorno do Maracanã.
Sabemos
que a polícia não tomaria uma atitude de tamanha responsabilidade, apenas para
reprimir os “manifestantes”. Por trás de todo trabalho policial de uma envergadura
como essa, há uma intensa investigação que, muitas vezes, começa meses antes.
No caso em questão, os investigadores, através de escutas telefônicas,
descobriram que os ativistas estavam negociando artefatos explosivos. No
momento da prisão, foram encontrados explosivos e armas de fogo na casa de
alguns deles.
Na
ocasião, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a Anistia Internacional,
algumas ONGs e outros setores da sociedade civil se posicionaram contra a ação
policial, argumentando que tratava-se ação com o intuito de reprimir a amedrontar
aqueles que apenas queriam fazer de sua presença nas ruas “uma forma de
expressão e luta por justiça social”.
Dentre
os presos estavam a advogada Eloisa Samy — Eloisa defendia manifestantes presos
pela polícia do Rio durante a realização de protestos que terminavam em atos de
violência — e Elisa Quadros, mais conhecida como Sininho, líder do grupo de
ativistas violentos.
No
último dia 15, O desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal, assinou os
pedidos de habeas corpus que deixava livres 12 ativistas, argumentando que não
havia elementos para mantê-los presos. Elisa Quadros, a Sininho não foi
beneficiada com esse habeas corpus. No dia 18, a justiça do Rio, concedeu habeas corpus que libertava os cinco ativistas que ainda estavam presos. Foram
beneficiados com essa medida os ativistas: Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a
Sininho (líder do grupo); Tiago Teixeira Neves da Rocha; Eduarda Oliveira
Castro de Souza; Camila Aparecida Rodrigues Jourdan e Igor Pereira D'Icarahy. Entretanto, esses cinco não chegaram a ser
soltos, pois, no mesmo dia, foi apresentada nova denuncia pelo Ministério
Público, e a a polícia decretou a prisão preventiva de 23 ativistas, incluindo
os que ela havia mandado soltar. Dezoito deles foram considerados foragidos. Os
ativistas foram enquadrados no crime de formação de quadrilha.
No
dia 20, foi apresentado novo pedido de habeas corpus para os ativistas, pedido
esse que foi negado pelo Tribunal de Justiça do Rio. A decisão da justiça
irritou parlamentares do Psol e do PC do B, contrários à prisão dos ativistas.
Segundo eles, a justiça carioca queria intimidar os movimentos sociais. Segunda-feira
(21), a defesa dos acusados entrou com novo habeas corpus que foi negado pela
justiça.
Ontem
(23) novo capítulo veio fechar essa novela, se será ou não o fim dela, ninguém
sabe. O desembargador da 7ª Câmara Criminal concedeu habeas corpus aos vinte e
três ativistas denunciados no inquérito. Com a decisão, 21 manifestantes
tiveram a liberdade concedida tanto os dezoito que eram considerados foragidos,
quanto três que estavam presos; Elisa Quadros, a Sininho, Camila Jourdan e Igor
D’icarahy. Dos 23 denunciados dois deverão permanecer presos. São eles: Fábio
Raposo e Caio Silva, réus do processo no qual são incriminados pela morte de Santiago
Andrade, cinegrafista da TV Band, em fevereiro deste ano. Segundo o
Desembargador, não há motivos suficientes para a prisão dos acusados.
Vamos
aos fatos. A polícia levou sete meses investigando o caso. Ouviu cerca de
trinta testemunhas. Reuniu várias escutas telefônicas e interceptou e-mails com
autorização da justiça. No dia em que foi dada a ordem de prisão aos
manifestantes, a polícia encontrou uma bomba de fabricação caseira na casa de
uma das integrantes do grupo, Camila Rodrigues Jourdan e do namorado dela, Igor
D’Icarahy. Camila é professora da Faculdade de Filosofia da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. O namorado dela é filho do advogado Marino D’Icarahy
Júnior, o mesmo que defende Sininho, líder dos ativistas. No apartamento deles
foram encontrados ainda, litros de gasolina e garrafas, materiais usados na
fabricação de coquetéis molotov. Para se ter uma ideia, o artefato que matou o
cinegrafista, Santiago Andrade, em fevereiro, continha 60 gramas de pólvora. O artefato
encontrado com o casal possuía 140.
A perícia
policial apontou ainda que a bomba encontrada na casa de Camila, tinha alto
poder destruidor e poderia provocar lesões corporais, assim como, danos ao meio
ambiente e ao patrimônio público e privado. Na casa de outros detidos naquela
ocasião, a polícia encontrou materiais que não condizem com manifestações
pacíficas, tais como; martelos pontiagudos, litros de gasolina, garrafas,
escudos, armas de choque e “ouriços” — peças feitas com pedaços de vergalhões e
que são usadas para furar pneus de viaturas policiais.
Ainda
segundo as investigações policiais, havia toda uma organização por trás das
manifestações violentas. Os ativistas se dividiam em grupos. Um grupo, o dos
intelectuais, ficava responsável pela organização e planejamento dos protestos
e também pela confecção das armas de destruição. Outro grupo, geralmente
formado por jovens de baixa escolaridade, ia para a linha de frente e se
encarregava do quebra-quebra.
Em
uma das escutas telefônicas, a professora universitária Camila Rodrigues, se
irrita por a polícia ter apreendido 178 ouriços e 20 bombas que estavam dentro
de uma bolsa, escondida em uma área de vegetação, em uma Praça, na Barra da
Tijuca. “Foram três dias de trabalho jogados fora. Perdemos tudo, é isso?”, perguntava
ela, revoltada, na gravação telefônica.
Diante
de tudo isso, o fato é que o Desembargador, Siro Darlan, não viu motivos
suficientes para manter presos os acusados.
Obviamente,
para que se organizem ações criminosas como estas, praticadas por esse grupo
liderado por Sininho, e que recebe, erroneamente, o nome de manifestantes ou
ativistas, é preciso financiamento. Alguém financia esses grupos. Quem está por
trás disso? Não sabemos. Quando a gente não sabe, procura ficar de olho, analisar,
porém sem acusar ninguém, enquanto não se tem provas concretas. Eu,
particularmente, observei através das reportagens veiculadas pela imprensa, o
empenho de parlamentares do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), na defesa
desse grupo.
Retrocedendo
um pouco no tempo, mais precisamente ao mês de fevereiro, por ocasião do
assassinato do cinegrafista da Band, surgiu boatos de que integrantes do PSOL e
do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) estavam aliciando
jovens para participar desses protestos violentos. Na ocasião, o advogado,
Jonas Tadeu, que defendia os dois acusados de soltar o artefato que matou o
cinegrafista, disse que havia partidos políticos e outras organizações que
pagavam quantias em dinheiro para que jovens pobres praticassem vandalismo
durante as manifestações. O governador do Rio, Sérgio Cabral, também chegou a
dizer na ocasião, que havia partidos políticos envolvidos nessas ações, porém
não chegou a citar nomes. Nada ficou provado a respeito disso, e os boatos
silenciaram. Tem um ditado popular que diz: Onde há fumaça, há fogo. Então é
melhor ficarmos de olhos bem abertos para verificar onde há fumaça, não
concordam?
Hoje
aconteceu a soltura dos três acusados presos: Camila Rodrigues, Igor D’Icarahy
e Elisa Quadros, a Sininho, líder do grupo. Sininho é Coordenadora do programa
de pós-graduação em filosofia da Universidade do Rio de Janeiro. Os três
estavam detidos no complexo de Gericinó, em Bangu. Um grupo que aguardava, do
lado de fora, a saída deles, agrediu jornalistas que faziam a cobertura do
fato, tentando impedir que eles registrassem imagens dos três acusados.
Os
“ativistas” estão em liberdade, mas com a conclusão do inquérito policial,
inicia-se um processo penal na 27a Vara Criminal do Rio de Janeiro. O
grupo foi denunciado pelo Ministério Público Estadual, pelo crime de associação
criminosa armada. Para apresentar a denuncia o MP se baseou nas investigações
feitas pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), que teve
início em setembro de 2013.
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