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Na casa dos espiões

Posted by Cottidianos on 03:38
Quarta-feira, 11 de setembro

Imagem: http://www.cotidianul.ro/washington-post-nsa-a-spionat-de-mii-de-ori-la-ea-acasa-220398/


Há milênios as figuras mitológicas têm sido os pincéis que dão colorido ao mundo. Elas são o chão que serve de base ao nosso caos. Através delas, refletimos os conceitos de bem e de mal, de céu e inferno, humano e divino. Nos montes e colinas sagradas habitam deuses, deusas, ninfas e monstros.

Na mitologia grega, o Grifo é um monstro que possui o corpo de um leão, cabeça e asas de águia e seu dorso é coberto por penas. Seus ninhos eram construídos com ouro que encontravam nas montanhas. Através de um instinto apurado conseguiam descobrir o local exato em que estavam os tesouros escondidos e tudo faziam para manter os saqueadores à distancia. Por sua capacidade apurada de colher, interceptar, filtrar e analisar dados e informações, a NSA (National Security Agency), é o Grifo dos tempos modernos.

O QG (Quartel General) da agência fica em Fort George G. Mead, em Maryland, no Condado de Anne Arundel, USA. Quem chega ao Fort Mead encontra um verdadeiro aparato de segurança. O Fort é guardado vinte e quatro horas por dia por policiais fortemente armados. Barricadas bem armadas impedem o acesso de estranhos ao local. O revestimento de cobre das paredes impede a escuta clandestina.

Se alguém deseja trabalhar no fantástico mundo da NSA, saiba que a primeira exigência é que seja cidadão americano. Cumprido esse primeiro requisito o candidato será submetido a um rigoroso processo de seleção que inclui exames psicológicos e de polígrafo – o famoso detector de mentiras.

SIGILO: é a palavra de ordem para quem almeja algum cargo na agência de inteligência. Sigilo absoluto. Para proteger os segredos e projetos ultrassecretos são adotadas rígidas normas de segurança. Aos funcionários, é proibido, por exemplo, portar as chaves do próprio escritório. Ele tem que deixá-las em lugar monitorado com câmeras que registram quem pega as chaves. Também não é permitido entrar no prédio com celulares ou dispositivos de gravação.

O simples fato de desfazer-se de documentos, coisa corriqueira em qualquer empresa, na NSA adquire um caráter de operação especial. Os sacos com documentos sigilosos são colocados em calhas e depois são sugados através de um sistema de tubos, até chegarem a um ambiente que recebe o nome de “estações de polpa”. Após o processo de queima o papel é misturado em água quente até que vire uma massa pastosa, parecida com a consistência da polpa das frutas. Não bastasse todo esse cuidado, é preciso ainda comprimir o papel e, só após esse último procedimento, é que o material é liberado para reciclagem.

Fundada em 1952, a NSA (National Security Agency) é parte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Milhões de informações de e-mails, ligações celulares e fax trafegam todos os dias pelos poderosos e modernos computadores da agência. Cabe aos técnicos, interceptar e analisar esse turbilhão de informações, a grande maioria é irrelevante, como dizem os técnicos, “é como procurar agulha num palheiro”. Esse sistema de análise de dados, que mais parece coisa de ficção científica, é conhecido como SIGINT. A questão da espionagem, apesar de estar em evidência atualmente, tem ocorrido de forma sistemática há várias décadas. “Sempre se teve notícia da atuação do Pentágono e do uso de material eletrônico sofisticado na espionagem americana e a atuação de seus diplomatas em dezenas de países, no sentido de obter informações de forma não diplomática, para minar a ideologia e o Governo rival”. Afirma o Advogado e Embaixador, Geraldo Affonso Muzzi.

A SIGINT permite capturar informações em 150 línguas diferentes. Como agir diante dessa verdadeira Torre de Babel? Para essa missão existem profissionais altamente especializados.
O coração da NSA é um departamento chamado de Centro de Operações de Segurança Nacional. Nele que é feita a coleta de informações.

A Divisão de Inteligência Eletrônica acompanha os sinais de orientação usados em radares e mísseis. Sua missão é usar esses dados para informar tropas americanas de possíveis ataques.
Quando acontece de curiosos ou hackers tentarem invadirem os sistemas de computação entra em cena o Centro de Operações Contra Ameaças (NTOC). Era nesse departamento que trabalhava Eduard Snowden.

Os funcionários de outras agências de inteligência são as mãos e os braços da NSA utilizando as informações coletadas no QG, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

O fatídico 11 de setembro foi um divisor de águas na história da humanidade e na luta contra o terrorismo. Nas Agências de Inteligência esse efeito se fez sentir do modo mais intenso. Antes dos ataques ocorridos nesse dia, a preocupação com o terrorismo ocupava uma pequena parte da agência. Após os atentados os atos terroristas passaram a ser quase uma obsessão e a Agência de Segurança Nacional Americana passou a trabalhar de modo ininterrupto no sentido de proteger o território nacional contra ameaças.

Por parte do governo, houve grandes investimentos nas agências de inteligência o que fez com a NSA, como as demais agências, tivesse bastante dinheiro em mãos para investir em alta tecnologia e treinamento de pessoal.

Talvez tenha sido esse o fator que fez a NSA cair em tentação e desviar os alvos de espionagem, como temos visto recentemente pelas denúncias exibidas pela mídia, denúncias essas, originadas dos documentos vazados por Eduard Snowden. Com aparelhagem ultramoderna não foi difícil para o pessoal da agência ver que poderia estender seus tentáculos e espionar governos e economias. Com a finalidade de obter vantagens econômicas? Não se sabe ao certo? Isso não ficou claro. Porém, se olharmos atentamente as entrelinhas... Certamente Snowden jogou o governo americano no fogo, pois através de suas revelações/denúncias Obama ficou em situação embaraçosa diante dos demais países do globo e fez os governos atingidos pela espionagem, e também os que não foram atingidos por ela, repensarem formas de proteger os seus dados e informações.

O caso seria de mais fácil discussão e até de resolução se houve mais informações acerca de delito de espionagem nos compêndios de Direito Internacional. Isso propicia que os casos de espionagem sejam tratados de uma forma sensacionalista pela mídia. “Os compêndios de Direito Internacional contêm pouca informação sobre o delito de espionagem, uma das mais antigas violações à soberania de um país. Juntamente com a corrupção, a espionagem sobrevive e ainda não se conseguiu acabar com elas. A solução jurídica está no Tribunal Político Internacional que é a ONU ou a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. Os dividendos em matéria de sensacionalismo trazem benefício às cadeias de televisão e internet. Talvez seja do interesse dos chefes de Estado manter o assunto sob discussão aberta sem o apelo a medidas extremas de rompimento”. Afirma o Dr. Geraldo Affonso.



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