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Democracia humilhada
Posted by Cottidianos
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00:37
Segunda-feira,
02 de setembro
Natan Donadon - Imagem http://www.desmascaradospelaverdade.com/2013/06/deputado-natan-donadon-na-cadeia.html |
Faz tempo que o senado e congresso
brasileiro navegam num mar de corrupção. Subvertendo a lógica da ética e da
moral, parece que, naquelas casas, o correto é ser corrupto. Claro, há os bons
deputados e senadores. Aqueles que compreendem o verdadeiro objetivo do ser
político e desempenham as suas funções de homem público com integridade. A esses
os nossos parabéns!
O que encheu a sociedade brasileira de
indignação, aconteceu na última quarta-feira, 28 de agosto. Em votação secreta, a Câmara Federal, negou a cassação do mandato do deputado
federal pelo Estado de Rondonia, Natan Donadon, atualmente sem partido. Os
painéis de votação da Casa Legislativa marcaram um placar de 233 votos
favoráveis à perda do mandato do deputado. Para que ele fosse cassado eram
necessários, pelo menos, 257 votos favoráveis a cassação. 131
Congressistas votaram pela absolvição e 41 se abstiveram. 108 deputados estavam
ausentes, sendo que, 50 deles estavam no prédio e não foram votar. Ou seja,
agiram como Pilatos no julgamento de Jesus: lavaram as mãos. Sendo que no caso
do personagem cristão em questão, não havia nenhuma denúncia ou condenação por
roubo ou corrupção, longe disso. Já em relação ao deputado Donadon a situação é
bem outra.
Nos anos 90, Natan Donadon ocupava o
cargo de diretor financeiro a Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia
quando foi denunciado pelo Ministério Público daquele Estado. A denúncia
oferecida pelo MP o acusava de desviar cerca oito milhões de reais daquela
Assembleia Legislativa. O acusado simulava contratos de publicidade que eram
executados pela empresa MPJ (Marketing Propaganda e Jornalismo Ltda.).
Junto com ele foram denunciadas mais 7 pessoas, incluindo o irmão dele que, na
época, era o presidente da casa.
Em de 2010, Natan Donadon, foi
condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 13 anos e quatro meses de
prisão por formação de quadrilha e peculato – crime previsto no Código Penal
Brasileiro, em seu artigo 312, que criminaliza o funcionário público que se
apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo em proveito próprio ou
alheio. O mesmo ato de criminalizar essa atitude estende-se também ao
funcionário público que, embora não tendo a posse de dinheiro, valor ou bem, o
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
O que a Câmara Federal fez foi validar
os crimes do deputado Donadon, tornando as atividades de presidiário
compatíveis com a atividade parlamentar. Sem dúvida, uma atitude irresponsável que
elevou, naquela casa, os méritos do deputado condenado e rebaixou a
dignidade do parlamento brasileiro.
Com essa atitude criou-se uma
situação atípica na política brasileira: a categoria do
deputado-presidiário, ou seja, Sua Excelência, o presidiário É
uma situação embaraçosa em todos o sentidos. Pela lei brasileira, o individuo
condenado a pena de reclusão superior a 8 anos, perde temporariamente seu
direitos políticos não podendo votar nem ser
votado. Então a coisa fica da seguinte forma: Donadon foi condenado
nessas condições, porém, em atitude leviana de seus comparsas, digo,
companheiros deputados, preservaram seu mandato Agora ele continuará
recebendo o gordo salário de R$ 26.723 reais e não poderá exercer
as funções na Câmara. O que fazer? Modificar a Constituição e, com
isso institucionalizar a categoria do deputado-presidiário?
Acredito que tenha havido surpresa, até
por parte dos deputados que votaram contra a cassação do mandato. O deputado
Henrique Eduardo Alves, empossou o suplente de Donadon e pediu ao STF a
anulação da sessão. Alem disso, disse que não mais colocaria em plenário votações
desse tipo, enquanto voto for secreto. Por falar nisso, o projeto de acabar com
o voto secreto de deputados já esta na câmara federal há 6 anos. Talvez, uma
tartaruga tivesse avançado mais nesse mesmo período.
Nas redes sociais já estão organizadas
manifestações para o dia 07 de setembro – data em que se comemora a independência do
Brasil. E quando muitos se perguntam: "Porque é que os brasileiros andam
tão revoltados"? Os parlamentares brasileiros dão uma resposta claríssima
a essa pergunta. Na verdade, o que o povo que vai às ruas está querendo dizer é
o seguinte: o poder legislativo não nos representa. Alguém arriscaria dizer o
contrário? Vamos torcer que as manifestações e reinvidacações sejam
pacíficas. Vamos brigar pelo direito de uma sociedade mais justa e um de um
poder público que aja com transparência, porém, com civilidade.
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