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Em cantos da Serra da Mantiqueira
Posted by Cottidianos
on
23:45
Sexta-feira,
06 de setembro
O
amigo Carlos Alberto me olhou surpreso quando, praticamente me joguei ao chão com a
máquina fotográfica nas mãos.
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O que foi? Algum problema? Perguntou ele.
_
Nenhum problema. Só quero fotografar as operárias formigas trabalhando, em
pleno domingo de manhã.
As
saúvas levavam, pacientemente, seu alimento para o formigueiro quando eu as
percebi e comecei a registrar em fotos àquele momento. Acreditem, houve uma que
parou em frente à máquina e até fez pose para a foto! Estávamos em cima de uma
pequena ponte de madeira. Abaixo de nós, corria um rio de águas claras e
cristalinas. Havíamos encostado nossas bicicletas nas estruturas de madeira que
ladeavam a ponte e paramos, pela milésima vez, para mais uma sessão de fotos.
Estávamos voltando de um agradável passeio pela Serra da Mantiqueira. Fazia
cerca de três horas que estávamos pedalando. A trilha na qual estávamos
possuía umas ladeiras muito íngremes, castigavam as pernas. O esforço era
grande, mas a beleza do lugar era simplesmente deslumbrante e isso nos dava
animo para pedalar mais um pouco. Naquele lugar, podíamos ouvir perfeitamente o
sussurro do vento, o canto dos pássaros, o som do silêncio.
Estávamos
hospedados na pequena cidade de São Francisco Xavier, no município de São José
dos Campos, no Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo. A cidade, localizada ao pé da Serra da Mantiqueira, é pequena,
porém, muito charmosa e acolhedora. Por manter fauna e flora preservados, pela
beleza de suas cachoeiras, rios, trilhas e montanhas, só para citar alguns
atributos, a região tornou-se uma Área de Proteção Ambiental (APA).
Na
noite de sábado para domingo, ficamos até de madrugada na praça principal, em
frente à Matriz; eu, a Cris, o Carlão, a Baeda, a Valéria, o Guilherme, e o
maestro Jairo. Ficamos cantarolando músicas de Chico Buarque, Noel Rosa, Martinho
da Vila, Roberto Carlos e outros grandes compositores da música brasileira.
Quando passava algum pela praça, nos os chamávamos para cantar junto conosco e,
assim, não ficamos sozinhos, sempre tínhamos companhia. Outro momento,
realmente, maravilhoso.
Ainda
não disse o motivo de estarmos naquela cidade. Digo agora, não tem problema.
Fomos convidados para participar de um encontro de Corais promovido pela
Prefeitura do município, São José dos Campos. Estava junto com o pessoal do
Coral do Clube Campineiro de Regatas e Natação, da cidade de Campinas. Chegamos
à cidade na tarde de sábado. O evento chamado Festival de Corais “Vozes da
Mantiqueira”, foi idealizado pelo maestro Carlos Cerqueira, em parceria com a
Fundação Cultural Cassiano Ricardo. O Festival contou com a participação de 16
corais e o evento foi em comemoração ao aniversário da Casa de Cultura Júlio
Neme, que completava 19 anos na ocasião.
A
apresentação do Regatas, coral do qual eu faço parte, se deu por volta das 5hs
da tarde de sábado. Na ocasião, apresentaram-se, além do nosso, mais três
corais.
Coral Regatas |
À
noite fui a Igreja Matriz da cidade a fim de ver os corais que estavam se
apresentando no local. A maioria dos corais cantou música sacra, mas houve
também a apresentação de algumas canções populares. O ambiente sacro, por si
mesmo, já favorece uma transcendência. Quando aliado a música, esse sentimento
se potencializa.
Em
meio às imagens e pinturas sacras que decoravam a Igreja Matriz,
fechei os olhos e deixei que a música invadisse meus sentidos. Aos meus ouvidos
chegavam os versos da Canção espanhola, de Flávio Venturini e Guarabira,
Por tantas vezes
Eu andei mentindo
Só por não poder
Te ver chorando
Eu andei mentindo
Só por não poder
Te ver chorando
Te amo espanhola
Te amo espanhola
Se for chorar
Te amo
Sempre assim
Te amo espanhola
Se for chorar
Te amo
Sempre assim
Cai o dia e é assim
Cai a noite e é assim
Essa lua sobre mim
Essa fruta sobre o meu paladar
Cai a noite e é assim
Essa lua sobre mim
Essa fruta sobre o meu paladar
Nunca mais
Quero ver você me olhar
Sem me entender em mim
Eu preciso lhe falar
Eu preciso tenho que lhe contar
Quero ver você me olhar
Sem me entender em mim
Eu preciso lhe falar
Eu preciso tenho que lhe contar
Eram vozes angelicais que ecoavam pela igreja, preenchendo os
corações com sentimento, harmonia e melodia. Como se fosse combinado, enquanto o coral executava a
música, os sinos soaram nove badaladas, indicando a hora exata: 9hs da noite.
Coral Interlúdio |
O Coral Interlúdio é do Bairro de Predizes, São Paulo. Foi criado
em outubro de 2004 com voluntários e frequentadores do Grupo Espírita Batuíra.
No comando do coral, desde a sua fundação, está a regente Eliana Corassa
Galassi. Eliana conta a com a valiosa ajuda da Coordenadora Shylei Lira
Graciano.
O primeiro coral a se apresentar na noite de sábado foi o Coral
Gerações, da cidade de São Roque, também no Estado de São Paulo. O Gerações é um
coro misto – vozes masculinas e femininas – e tem em seu repertório composições
de grandes mestres da música como Vivaldi, Bach, Pe. José Maurício, Vinícius de
Moraes, Palestrina, dentre outros.
Coral Gerações |
Sob a regência do maestro Rogério Alves, o coral Gerações já
realizou, dentre outras atividades, turnês pelos Estados de Goiás e em
Brasília, Distrito Federal. Em 2011, representou o Brasil no AMERIDE – Concurso
Internacional de Corais.
O coral foi acompanhado ao piano pelo Maestro Espírito Santo. O
Maestro possui uma vasta experiência internacional e já realizou também
recitais pianísticos em teatros do Brasil e em diversos países.
Voltamos à Campinas na tarde de domingo. Vi, nas expressões e nos
gestos dos companheiros e companheiras de coral, que todos estavam imensamente
satisfeitos com o agradável final de semana que passamos ao pé da serra da
Mantiqueira, em São Francisco Xavier.
Aos organizadores do evento e a Prefeitura de São José dos Campos,
os nossos parabéns e obrigado pelo convite.
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