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Uma nova era surge?
Posted by Cottidianos
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00:09
Quinta-feira,
06 de outubro
“No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos
em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra
nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No
novo tempo, apesar dos perigos
A
gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça
Pra
sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra
que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja
sempre um caminho que se deixa de herança”
(Novo Tempo – Ivan Lins)
Para
quem já conseguiu reunir multidões na cidade de Campinas, os menos de mil fieis
seguidores da estrela vermelha em decadência, que Lula conseguiu reunir em
Campinas, no dia 28 do último setembro, foi uma derrota, derrota que, aliás, prefigurou
outra que surgiria ao abrirem-se as urnas nas eleições municipais do último dia
02. Lula veio à Campinas, em ato político em apoio ao candidato a prefeito,
Márcio Pochmann (PT). Esse fato, mais uma vez, demonstrou a incapacidade do
ex-presidente de fazer uma autocrítica em relação a todos os fatos que contribuíram
para o apagar das luzes de um partido que já foi considerado a grande esperança
para o Brasil, e ele, Lula, o grande salvador da pátria. Ao ver aquele quase
nada de gente à sua frente, Lula criticou a organização do evento. Disse que
era muita irresponsabilidade dos organizadores em convocar um ato político para
às quatro da tarde de uma quarta-feira. Na verdade, o ato começou às cinco e
meia da tarde. Outro fato curioso é que, antes, Lula conseguia reunir multidões
em qualquer horário: estivesse o sol nascendo, ou se pondo. É bom o presidente
abrir os olhos, pois quem caminha de olhos fechados acaba dentro do buraco, e
depois... Depois para sair dele é quase impossível.
Por
falar em andar de olhos fechado, em incapacidade de fazer autocrítica — para
ele a culpa sempre foi das “elites” e da imprensa, tidos como inimigos de sua
popularidade e de suas “boas” ações — e do ex-presidente, a Polícia Federal o
indiciou nesta quarta-feira (05), pelo crime de corrupção passiva que, de
acordo com artigo 371 do Código Penal, é o ato de “solicitar ou receber, para
si ou para outros, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem.” Ou seja, perante a justiça, Lula passou da condição de investigado
para indiciado. No decorrer da investigação a justiça considerou haver provas
suficientes da existência do crime de corrupção passiva praticado pelo
ex-presidente.
Lula
é acusado de ter usado o poder de influência que tinha junto à Odebrecht para conseguir
empréstimos junto ao BNDS. No mundo dos negócios e, principalmente, dos negócios
sob o manto nebuloso das vantagens ilícitas, beneficio dado é benefício
recebido. Nessa relação promíscua entre a empreiteira e o ex-presidente, e em
troca dos favores, a Odebrecht contratou a empresa de, Taiguara Rodrigues dos
Santos, sobrinho da primeira mulher de Lula.
As
investigações mostraram que a Exergia, nome da empresa de Taiguara, contratada
pela empreiteira para realizar obras em Angola, era uma empresa incompetente e
incapaz de dar bom andamento às obras. A empresa era tão ruim que, até o
engenheiro da empreiteira que a contratou, estava insatisfeito por ela ter
abandonado a obra sem que a finalizasse, e sem dar qualquer satisfação. A polícia
também encontrou provas importantes no computador e no celular de Taiguara,
provas que colocam o ex-presidente dentro desse esquema criminoso. Além do
ex-presidente, também foram indiciados Marcelo Odebrecht, juntamente com mais
seis outros executivos da empresa, obviamente, também foram indiciados
Taiguara, e o sócio dele. A situação fica mais complicada para o ex-presidente,
uma vez que, parte do material apreendido pela PF refere-se aos anos de 2008 e
2009, quando ele era presidente.
Também
nesta quarta-feira (05), foi retomada pelo Supremo Tribunal Federal o julgamento
acerca da prisão após condenação em segunda instância. A Ordem dos Advogados do
Brasil, e o Partido Ecológico Nacional haviam entrado com um ações judiciais
para que o julgamento ocorresse apenas após o esgotamento de todos os recursos.
As duas instituições queriam que o supremo anulasse o entendimento da prisão
imediata após condenação em segunda instância. Isso permitiria que o réu recorresse
em liberdade — à exceção de prisão preventiva ou em flagrante — até que o
último recurso fosse julgado, o que poderia levar meses, ou até mesmo, anos.
Por
maioria — houve empate em 5 x 5 — e o voto
foi decido pela presidente do STF, Carmem Lúcia. E Carmen decidiu acabar logo
com essa história de tantos e incontáveis recursos, e que a prisão deveria
ocorrer logo após a condenação em segunda instância.
A decisão
do STF acerca dessa questão evitará, por exemplo, casos como o do ex-senador
Luiz Estevão, que por 16 anos, que foi condenado pelo desvio das obras do Tribunal
Regional de São Paulo. Apoiado na lei, o ex-senador foi se ancorando em 35
recursos, e ficou nessa situação, em liberdade, a mudança na jurisprudência do
STF no início deste ano acerca da prisão após condenação em segunda instância. Em
março, o ex-senador, finalmente foi preso. Em 2006 ele havia sido condenado
pelos crimes de peculato, corrupção ativa, estelionato, formação de quadrilha e
uso de documento falso.
A decisão
do STF vem reforçar a ideia de que caminhamos para uma era de moralidade de que
tanto tem sentido falta a sociedade brasileira. Espero que essa nova era,
calcada na ética e na moralidade, não seja um fogo de palha, mas se que se
torne as bases da lei e da governança em nosso país.
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