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Corrupção: o mal silencioso

Posted by Cottidianos on 00:13
Sexta-feira, 21 de outubro


Ao ligarmos a TV e assistir aos noticiários; ao abrirmos os jornais impressos; ao ligarmos o computador e navegarmos nas ondas da Internet em busca de notícias, a impressão que temos é a de que o Brasil é o país da corrupção e da impunidade. É obvio que isso não é privilégio apenas desta terra “descoberta” pelos portugueses em 1500. Já temos visto casos de corrupção na FIFA, e recentemente, os escândalos de doping envolvendo os atletas russos. Mas em nosso país, a coisa parece ter se generalizado de tal forma, que para qualquer direção que se olhe, parece ter sempre alguém mentindo, roubando, enganando.

Esse fator corrupção generalizada e desenfreada tem sua explicação lógica e plausível: a impunidade. Impunidade que por tanto tempo foi grande aliada dos poderosos. Por muito tempo os três Ps foram um chavão entre os sociólogos, e consenso geral da sociedade. Quando se referia à prisão de indivíduos costumava se dizer que, no Brasil, a justiça e a prisão eram feitas apenas para “pretos, pobres, e prostitutas”.  Claro, esse chavão ainda está longe de ser uma realidade distante. Se nos debruçarmos sobre dadas e estatísticas veremos que as coisas não mudaram tanto assim.

Então, seguindo o raciocínio começado no parágrafo anterior. Se os cidadãos dos mais diversos setores da sociedade viam os políticos e empresários darem desfalques e mais desfalques, e, com isso, enriquecerem ilicitamente sem que nada de mal lhes acontecesse, então os de mente mais fraca, pensavam: “vamos fazer igual”... E faziam igual ou pior. Resultado: a sociedade entrou numa espiral de corrupção da qual está sendo difícil sair. Aos poucos, e, diga-se de passagem, bem aos poucos, as coisas estão mudando.

Um marco nessa mudança, de certo modo, foi a Operação Lava Jato, conduzida, brilhantemente, pelo juiz Sérgio Moro. Moro não está sozinho nessa luta, por trás dele, há todo um trabalho de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público. Mas a mão que assina as sentenças que tem mandado para a cadeia muitos poderosos é a dele, Sérgio Moro. Ele é vitrine, e diz-se que é nas vitrines se jogam pedras. O juiz tem sido alvo constante de críticas. Não se deve dizer que ele é um santo, que não comete erros em suas decisões. Talvez erros não fosse bem a palavra, uma vez que as decisões de Moro tem sido assertivas, talvez a palavra melhor nesse caso, fosse exagero. Moro já cometeu certos exageros, e pediu desculpas por eles. Afinal, ele não e um deus grego do Monte Olimpo, dono do machado da lei e da verdade. Ele é humano. E humanos cometem erros. Entretanto é esse humano, e que tem se mostrado corajoso e justo, que tem colocado o Brasil em um caminho de confiança na justiça, que pensávamos não mais existir.

Mas a banda podre, cujo mau cheiro exala dos porões da política, quer a todo custo voltar aos tempos de impunidade. Principalmente aquelas velhas raposas de Brasília, que tantos galinheiros já tomaram de assalto na calada da noite, e que, com sorriso no rosto, palavras afáveis, e gestos delicados, percorrem o submundo da política. Não se enganem: Se a sociedade brasileira vacilar, dormir por um instante sequer, eles enterram esse inestimável patrimônio brasileiro chamado Lava Jato.

Os maus exemplos vão da cultura à política com grande facilidade. Esta semana, terça-feira (18), estourou um escândalo envolvendo bandas de forró. Elas estão sendo alvo de investigação pela Polícia Federal, acusadas de sonegar impostos. E não é pouco dinheiro não. A quantia sonegada pode chegar a marca de meio bilhão de reais.

Ainda em junho deste ano, a PF havia deflagrado a Operação Boca Livre, que prendeu 14 pessoas suspeitas de conseguir um faturamento de R$ 180 milhões elaborando projetos fraudulentos com recursos da Lei Roanet, lei de incentivo à cultura.

Os jornais de hoje noticiam que o dono da empreiteira, Delta Construções, Fernando Cavendish, disse ter pagado um anel no valor aproximado de R$ 800 mil. O anel foi dado como presente de aniversário para a mulher do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, em 2009. O anel foi entregue em luxuoso jantar de aniversário na deslumbrante Mônaco. Seria muita ingenuidade achar que apenas amizade estaria envolvida na entrega desse presente. O anel valioso deve representar apenas um mimo, diante do que o empresário deve ter faturado em negócios escusos com o ex-governador do Rio.

E, se fosse citar casos de corrupção, esta postagem se tornaria interminável, uma vez que temos vistos tantos casos nas instituições policiais, no Poder Judiciário, nas clínicas e hospitais, nas prefeituras, nas câmaras de vereadores... e etc.

Quando vemos um bandido e dissimulado da laia de Eduardo Cunha sendo preso pela Polícia Federal, isso nos dá certo alento, e a esperança de que as coisas estejam realmente mudando. Eduardo Cunha é o verdadeiro exemplo de lobo em pele de cordeiro. Por trás da máscara de um evangélico, está a figura de um homem que parece ter dedicado sua vida ao crime. Sabem as contas no exterior as quais ele jurou desconhecer? A cooperação de autoridades brasileiras com autoridades suíças está levando os procuradores da Republica a suspeitar que o patrimônio de Eduardo Cunha é 53 vezes maior que o declarado por ele à Receita Federal. Os investigadores da Lava Jato e procuradores da República suspeitam ainda que o ex-deputado tenham contas nos Estados Unidos e que ainda não foram descobertas.

Com a prisão de Eduardo Cunha deve muito político em Brasília, e até ex-presidentes, perdendo o sono, e tentando achar mil e uma maneiras de frear o trem desenfreado chamado Lava Jato. É bom ficar de olhos nas atitudes deles. Elas podem parecer até boas, mas, no fundo, no fundo... 

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