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Sinal vermelho na economia
Posted by Cottidianos
on
08:56
Terça-feira,
11 de outubro
Imaginem
subir uma ladeira íngreme com um saco de areia nas costas. Pesado, não?
Pesadíssimo é o termo mais apropriado. É assim que o brasileiro se sente em
relação a carga tributária que, no Brasil, é equivalente a uma ladeira de
subida difícil. O brasileiro trabalha, em média, cinco meses para pagar os
custos dos tributos. E esse peso é sentido por todos; empresário, comerciário,
e trabalhador. Anualmente, muitas empresas fecham as portas por não suportarem o
peso dos tributos.
É
sabido e sentido por todos, que o Brasil atravessa uma grave crise econômica.
Empresas fecham, funcionários são demitidos, e o governo não anuncia nenhuma
medida que, em curto prazo venha a solucionar essa difícil equação. Perdemos
empregos, mas estamos perdendo também indústrias.
Em
meio a todo esse caos, um fenômeno novo tem surgido que se torna ainda mais
preocupante: o fato de que empresas brasileiras estão abrindo filiais no
Paraguai, ou até mesmo fechando suas portas no Brasil, para reabri-las no país
vizinho. A Guararapes, importante indústria do setor têxtil, até agosto deste
ano, concentrava sua produção no território nacional. Há cerca de dois meses,
porém, decidiu associar-se a Texcin, e passou a produzir grande parte de suas
coleções femininas no Paraguai.
Assim
também agiram a Vale — que adquiriu em empresa de logística fluvial; a
Budmeyer, empresa que fabrica produtos de cama, mesa e banho; a InterCement,
fabricante de cimento, ligado ao grupo Camargo Correa. E assim agiram outras
tantas grandes e médias empresas brasileiras.
Cento
de dezesseis empresas já se instalaram no Paraguai, sendo que 80% delas são
brasileiras. A razão de tal eldorado paraguaio?
As
razões são muitas, porém, a maior delas são os baixos custos tributários. Se os
empresários brasileiros sobem a ladeira com um saco de areia nas costas, lá
eles sobem com um saco de penas. Ponha os dois na balança da imaginação, e veja
o que é mais vantajoso.
Os
benefícios fiscais são atraentes ao cruzar a fronteira, é verdade, mas a coisa
não para por aí. A mão de obra por lá
acaba se tornando mais barata. Mas se você está pensando que o salário mínimo
por lá é menor que no Brasil, engana-se.
Os paraguaios possuem um salário mínimo maior que o dos brasileiros. Enquanto
o valor desse salário aqui, atualmente, é de R$ 880,00, lá é de cerca de R$
1.277. A vantagem para o empregador é que ele não é obrigado a pagar o Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), nem contribuição sindical. Outros fatores
também entram nessa conta. Enquanto no Brasil, as férias remuneradas são,
anualmente, de 30 dias, no país vizinho, o trabalhador só goza desses mesmos
trinta dias, acima de 10 anos trabalhados. Antes ele vem numa progressão: 12
dias de férias, para cada cinco anos trabalhados, depois, 18 dias para até dez
anos trabalhados.
Outra
atraente vantagem é o custo da energia elétrica, que por lá é abundante. Pense
na conta de luz de sua casa. Agora imagine ela três vezes mais barata. Isso é o
que se paga de energia no Paraguai.
Não
bastasse todas essas facilidades, ainda há no eldorado paraguaio, a chamada Lei
de Maquila. O governo paraguaio criou essa lei há quinze anos, inspirada no
modelo mexicano. Através dessa lei, as empresas que decidem se instalar em
terras paraguaias, tem o privilégio de importar matéria prima e bens de capital
com isenção de tributos, com a condição de que o produto final seja exportado.
Mesmo assim, o governo cobra apenas 1% de tributos sobre a exportação.
Apesar
da estrutura do país ainda ser precária nessa área, e da limitação imposta pela
Lei de Maquila para atuar no mercado paraguaio, ainda se torna mais vantajoso
produzir no Paraguai do que exportar da Ásia, ou até mesmo que produzir no
Brasil sob fortes taxas tributárias.
Em
um momento de desacelareção econômica e de recessão, enfrentar também uma
desindustrialização é o fim da picada. Fim da picada para nós, porque para os
paraguaios, é o início dela. Enquanto isso, o Paraguai vê crescer o seu PIB, e
o Brasil vê decrescer o dele. Enquanto não se fizer uma séria reforma fiscal no
país, continuaremos patinando no gelo como um iniciante que cai e levanta-se
para cair novamente. É claro que só a reforma fiscal não resolveria, precisamos
também de reforma trabalhista e previdenciária, partidária também, porque não?
Como diria o ditado popular, “o buraco é mais embaixo”.
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