0
Finalmente, o mafioso foi demitido
Posted by Cottidianos
on
00:34
Terça-feira, 13
de setembro
Hoje é um dia a
se comemorar. A Câmara dos Deputados resolveu não afrontar a nação e cassou o
mandato do, agora ex-deputado, Eduardo Cunha. Foi um dos processos de cassação
mais longos da instituição. Mas, enfim, a queda de braço chegou ao fim.
Compartilho com
vocês, reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo, no fim da noite de
segunda (12), de autoria dos jornalistas; Ranier Bragon, Débora Álvares, Marina
Dias, Mariana Haubert, e Laís Alegretti.
***
Câmara cassa o
mandato de Cunha; peemedebista fica inelegível até 2027
RANIER
BRAGON
DÉBORA
ÁLVARES
MARINA
DIAS
MARIANA
HAUBERT
LAÍS
ALEGRETTI
O plenário da Câmara
dos Deputados aprovou na noite desta segunda-feira (12) a cassação do mandato
de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), colocando um ponto final em um conturbado processo
iniciado em novembro de 2015.
Anunciado às
23h50, o placar mostrou 450 votos pela cassação –193 a mais do que o mínimo
necessário–, contra apenas 10 pela absolvição. Houve nove abstenções.
O caso foi
marcado por protelações desde o ano passado. Cunha era formalmente acusado na
Câmara de mentir aos colegas ao negar, em março de 2015, ter "qualquer
tipo de conta" no exterior - frase dita meses antes de vir à tona a
existência de dinheiro atribuído ao peemedebista na Suíça.
Em discurso,
Cunha afirmou "pagar o preço" por ter autorizado a tramitação do
processo de impeachment de Dilma Rousseff da presidência. "O PT quer um
troféu para dizer que é golpe", ressaltou.
Cunha já estava
afastado do mandato. Com a decisão da Câmara, fica inelegível até janeiro de
2027.
Outra
consequência da cassação deve ser a mudança do foro onde ele será investigado e
julgado pelas acusações de ser um dos principais integrantes do esquema de
corrupção na Petrobras.
Com o foro
privilegiado que o mandato lhe conferia, Cunha responde a duas ações penais no
Supremo Tribunal Federal, além de outras investigações relacionadas ao esquema.
Agora, seu caso
pode migrar para a Justiça Federal no Paraná, sob os cuidados do juiz Sergio
Moro - a expectativa, porém, é que Cunha tente manter de alguma forma os
processos no STF.
Da tribuna, o
ex-presidente da Câmara afirmou que seria cassado por motivos
"risíveis", abrindo precedente para que "qualquer deputado"
perca o mandato por acusações, segundo ele, frágeis. Em tom de recado, disse
que, na média, 160 deputados respondem a acusações: "Amanhã será com vocês
também".
Coube à deputada
Clarissa Garotinho (PR-RJ) um dos discursos mais duros contra Cunha. Adversária
dele no Rio, ela chamou o peemedebista de "mafioso da pior espécie" e
"psicopata".
DUELO
A queda final de
Cunha ocorre 12 dias depois do afastamento definitivo de Dilma da Presidência.
Os dois protagonizaram um dos principais embates recentes da política
brasileira.
Um dos deputados
mais poderosos, Cunha foi o responsável por dar curso e liderar na Câmara o
processo de impeachment de Dilma, com quem rompeu em 2015.
O peemedebista
havia sido eleito para a presidência da Câmara em fevereiro daquele ano
derrotando o PT e o governo. Tendo como base de apoio o PMDB e os partidos do
chamado centrão (PSD, PR, PP, PTB e PRB, principalmente), Cunha aplicou
sucessivas derrotas ao Planalto, mas chegou a tentar um acordo com o governo
que envolveria o enterro do impeachment e de seu processo de cassação. As
tratativas falharam, porém.
No primeiro
trimestre de 2015 haviam surgido as primeiras suspeitas consistentes de
participação de Cunha no petrolão, o que levou o STF a incluí-lo na lista dos
investigados.
Em abril, a
Folha revelou que o nome do peemedebista aparecia nos registros eletrônicos da
Câmara como o real autor de dois requerimentos que, segundo a Lava Jato, foram
usados para achacar uma fornecedora da Petrobras.
O surgimento de
delatores que o implicavam e a revelação da existência de dinheiro vinculado a
ele em contas secretas na Suíça complicaram ainda mais a sua situação,
levando-o a ser o primeiro congressista réu na Lava Jato.
AFASTAMENTO
Em 5 de maio de
2016, dias após a Câmara aprovar a autorização para a abertura do processo de
impeachment de Dilma, começou a derrocada de Cunha.
O STF o afastou
do cargo e do mandato sob a acusação de que usava suas funções para atrapalhar
as investigações.
Com a cassação,
reassume uma vaga na Câmara dos Deputados o suplente José Augusto Nalin
(PMDB-RJ), dono de uma cadeia de shoppings populares no interior do Rio. Em
2014 ele declarou ter patrimônio de R$ 9,1 milhões, sendo R$ 1,355 milhão
"em espécie". Ele afirma que esse último valor se referia a saldo
bancário.
Postar um comentário