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Encrencados, o chefe e seus subordinados
Posted by Cottidianos
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Quinta-feira,
15 de setembro
Marcos Valério, operador do mensalão |
Marcos
Valério: Um homem e muitos segredos. Alguns dos quais ele não revela pelo medo
de que lhe tirem o bem maior: a vida. Condenado no mensalão e réu na Lava Jato,
essa semana, o empresário e publicitário, esteve frente a frente com o juiz
Sérgio Moro, na 13a Vara Federal de Curitiba. Marcos Valério é réu na 27a fase da
Operação Lava Jato, que investiga empréstimo feito pelo pecuarista, José Carlos
Bumlai ao Banco Sachin, cujo beneficiário é o PT. Promotores do Ministério Público Federal
acreditam que esse empréstimo feito por Bumlai tenha servido para comprar o
silêncio do empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC.
O Ministério Público suspeita que Ronan era sabedor de segredos escondidos pela
cúpula do Partido dos Trabalhadores no caso da morte de Celso Daniel. Segundo os
investigadores, Ronan sabia do envolvimento de membros da cúpula do partido no
assassinato do prefeito também petista, Celso Daniel.
Diante
do juiz Sergio, um dos procuradores do MP, perguntou a Valério que segredo era
esse tão valioso do qual Ronan era sabedor, ao que o interrogado, pedindo
autorização do juiz para não responder a pergunta, retrucou ao promotor que o
havia questionado: “O que eu fiquei sabendo é muito grave e o senhor não vai
poder garantir a minha vida”.
Esse
mesmo Marcos Valério, considerado pela justiça como o operador do mensalão,
disse em entrevista a revista Veja, lá em setembro de 2012, que Lula era o
chefe de todo esse esquema criminoso. À Veja, há quatro anos, Valério disse que o
caixa do PT foi de R$ 350 milhões. A arrecadação desse dinheiro foi obtida das
formas mais ilícitas possíveis. Segundo Valério, Lula teria se envolvido
pessoalmente na arrecadação desse dinheiro. Nada era feito em registro formal. Tudo
acontecia em conversas e reuniões informais. Delúbio Soares e José Dirceu
apontado como chefe desse esquema tinha papel ativo nessas transações.
Pois
bem, passados quatro anos, os promotores do Ministério Público chegaram a mesma
conclusão que Marcos Valério.
Ontem,
quarta-feira (14), o ex-presidente Lula, a mulher dele, Marisa Letícia, e
outras sete pessoas, foram denunciados pelos promotores que atuam no caso Lava
Jato, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O processo no qual estão
envolvidos apura o caso do apartamento Triplex no Guarujá — o qual Lula afirma
não ser dele, apesar das evidências dizerem o contrário — e o armazenamento de
bens do casal. Segundo levantaram os investigadores a quantia desviada da
Petrobrás apenas para este esquema envolveu a quantia de R$ 87 milhões, e que
Lula teria se beneficiado diretamente de R$ 3,7 milhões.
Na
entrevista coletiva, antes de detalharem as informações, os procuradores
fizeram um balanço dos quase dois anos e meio de investigação. Foram 239
denunciados pelo Ministério Público no esquema criminoso de desvio de dinheiro
da Petrobrás, e 129 sentenciados.
Os
procuradores falaram, falaram, e chegaram naquilo que Marcos Valério já havia
dito há três anos: Lula era o chefe por trás de todos esses esquemas criminosos,
tanto do mensalão, quanto da Petrobrás. “Comandante máximo do esquema” foi o
termo que os procuradores usaram para definir a participação do ex-presidente.
Segundo,
o procurador, Deltan Dallagnol o vergonhoso esquema de pagamento de proprina,
ao qual ele chamou de “propinocracia”, corrompeu a governabilidade do governo,
e possibilitou ao Partido dos Trabalhadores manter-se no poder à custa de
enriquecimento ilícito.
Segundo
os investigadores, a moeda de troca para comprar políticos da base aliada era a
distribuição de cargos. E nessa troca de favores, o ex-presidente era peça
central, que se movia pelo tabuleiro de xadrez da corrupção com maestria. “Quem tinha poder para distribuir e
efetivamente distribuiu cargos para fins arrecadatórios: Lula. Só o poder de
decisão de Lula fazia a estratégia da governabilidade corrompida viável. Lula
estava no topo da pirâmide do poder”, disse Dallagnol.
Na
verdade, o procurador do MP, em seu relato, diz aquilo que já rondava a mente
de grande parcela da população não corrompida pelo fanatismo político que
impede que se enxergue mais que um palmo á frente do nariz. Afinal, pensamos
nós, nação brasileira, que está fora desse contexto de fanatismo vermelho: como
pode todos os homens e mulheres de confiança de um governante estarem
envolvidos em desvios bilionários dos cofres públicos sem que ele esteja alheio
a toda essa pesada atmosfera que gira ao redor dele?
E,
de fato, os procuradores chegam a conclusões na investigação que vem responder
a essas nossas indagações. Dizem eles que somente uma pessoa com o poder de
decisão de Lula poderia fazer as indicações que fez, e que propiciaram o bom
funcionamento do esquema.
Para
o Ministério Público, o ex-presidente funcionaria como uma ponte entre o
Partido dos Trabalhadores e o governo, para a realização de um projeto de
poder, alicerçado nas bases de uma governança corrupta. “O esquema criminoso precisava ser comandado necessariamente por alguém
que tinha domínio de duas máquinas: da máquina do partido e da máquina do
governo. Que poder tinha o PT para obter essas propinas a partir de altos
funcionários da Petrobras se não fosse o poder de Lula? Que poder tinha João
Vaccari, Paulo Ferreira para demandarem propinas em nome do governo se eles não
tinham cargos públicos? Se não era o poder de Lula?”, questionou Dallagnol.
Segundo
os investigadores, o Petrolão, substitui o mensalão, pois enquanto no segundo a
moeda de troca eram as mesadas, os pagamentos em dinheiro, no primeiro era a
compra de cargos políticos, sendo que em ambos os casos, buscava-se arrecadação
ilícita. Também em ambos os casos os envolvidos eram pessoas muito próximas do
ex-presidente. Para os procuradores, a indicação de que Lula era o chefe, é que,
mesmo com a saída de cena de José Dirceu, em 2005, o desvio de dinheiro
continuou na forma do Petrolão. Se, realmente, Dirceu fosse o chefe do esquema
do mensalão, tudo teria cessado com a saída dele. Porém, como temos visto, não foi
isso que aconteceu.
A denúncia
oferecida contra o ex-presidente e a mulher dele Marisa Letícia, nos os coloca
na condição de culpados. a justiça pode ou não acolher a denúncia dos
promotores. Se acolhida a denúncia só então os dois, e mais os outros acusados,
todos pessoas próximas ao ex-presidente, se tornarão réus.
De
qualquer modo, haja gasolina, haja petróleo, haja dinheiro, haja falta de
vergonha, e haja fogo nessa fogueira que não para de queimar e exalar podridão.
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