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O riacho do Ipiranga de nossas consciências
Posted by Cottidianos
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23:06
Quarta-feira,
07 de setembro
“Já podeis, da Pátria filhos,
Ver
contente a mãe gentil;
Já
raiou a liberdade
No
horizonte do Brasil”
(Hino da
Independência:
(Compositor:
Poema: Evaristo da Veiga /
Música: D. Pedro
I)
“Independência
ou morte!”
Huuummmm!
Esse grito... Já ouvi tanto falar dele. Mas já faz tanto tempo... Foi numa longínqua
tarde do dia 07 de setembro do ano de 1822...
Naquele
ano, o Brasil parecia uma panela de pressão...
O Príncipe
Regente, D. Pedro I, vinha sofrendo muitas pressões de autoridades portuguesas
para que retornasse a Portugal. A razão disto é que a corte portuguesa percebia
que, pouco a pouco, estava perdendo o controle político da colônia brasileira. Retornando
D. Pedro a Portugal, o governo do Brasil seria centralizado por lá e, por consequência,
a dependência total estava garantida, e os focos de resistência, eliminados.
Por
outro lado, D. Pedro, sofria pressões da elite brasileira para que a colônia deixasse
de ser aquilo que sempre fora para Portugal: colônia. O Príncipe Regente estava
entre a cruz e a espada.
Conta
a história que, no dia 07 de setembro, D. Pedro estava próximo a São Paulo, nas
margens de um riacho, chamado de Ipiranga, quando recebeu a carta de um
mensageiro, com ordens expressas para que voltasse à Portugal. Acho que D.
Pedro deve ter pensado: Bem, se voltar para Portugal, serei mais um nobre
dentre os portugueses. Se ficar, serei imperador do Brasil. Então, D. Pedro que
não era nada burro, tratou logo de desobedecer às ordens da coroa portuguesa, e
de agradar a elite brasileira, no que fez muito bem.
Claro,
essas três últimas linhas do parágrafo anterior são conjecturas minhas. Mas do
jeito que nossos políticos agem sempre na base da esperteza, e do que lhes é
melhor, não duvido nada de que as coisas tenham se passado como conjecturei
acima. No caso do famoso grito do Ipiranga, isso foi bom para nós. Afinal, vivíamos
sob o julgo da coroa portuguesa, que explorou nossos recursos ao máximo,
levando nossas riquezas para bem longe. Também não posso ser injusto e dizer
que a chegada da realeza ao Brasil foi ruim. Não. Não foi. Isso abriu-nos ás
portas para o mundo da educação, além de abrir nossos portos às nações estrangeiras,
e firmar o nome de nosso país, no cenário internacional.
Mas,
como diz uma gíria muito popular, “demorou para cair a ficha” da coroa
portuguesa em relação a nossa libertação. Portugal apenas nos reconheceu livres
em agosto de 1825.
O engraçado
é que, depois disso, já nos libertamos e nos escravizamos tantas vezes, que,
tudo parece chegar a parecer muito confuso.
Já
ficamos, por muito tempo, escravos do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao
qual devíamos juros altíssimos... Já ficamos escravos da ditadura militar que
nos roubou anos de muita lucratividade e de muita produtividade econômica e
cultural... Já ficamos escravos de um partido que se anunciou como libertador,
e agiu como traidor... E agora nos vemos escravos da corrupção.
Será
que alguém conhece algum riacho? Não precisa ser muito grande, basta que
escorra nele um pouco de água, e já servirá para o objetivo. Também não precisa
ter o nome de Ipiranga, nem muito menos ficar em São Paulo. Em qualquer lugar
do Brasil serve.
E Pedro?
Vocês conhecem algum que possa dar um grito de independência? Pelo amor de
Deus, não precisa ter morte. Batalhas dão um grande trabalho, sem contar que
ceifam a vida de muitos inocentes... Ah, o Pedro também não precisa ser Príncipe
Regente não. Pode ser um brasileiro comum, não tem problemas, e é melhor mesmo
que seja assim, pois assim, ele saberá, de fato, o que é gritar por independência.
Afinal, sente na pele todos os dias a falta dela.
E olhem
que não falo da questão da liberdade de ir e vir, mas sim das liberdades tão
fundamentais a qualquer cidadão civilizado, em uma nação civilizada, quais
sejam essas liberdades, saúde, educação, e segurança, só para citar as básicas.
Ah, não posso deixar de fora a arte e a cultura, que formam o espírito crítico
e ajudam a desenvolver a percepção apurada de mundo que o todo individuo com a
consciência desenvolvida deve ter.
Mas
o que vejo todos os dias pelas telas da TVs, e na cidade em que vivo, são
muitas pessoas a carecer dos direitos mais básicos. Alias, por falar nisso,
Campinas, interior de São Paulo, é uma cidade impar. Um retrato da grande
desigualdade que reina em nosso país.
Outro
dia, uma amiga, chegada recentemente da Itália, comentou comigo. “Não entendo,
o Brasil está em crise, mas na região central da cidade só se veem carros de
luxo”. Enquanto isso, a população de mendigos, cresce pelas ruas da cidade. Acho
isso preocupante. Os políticos nem tanto. Talvez eles nem enxerguem essa
realidade. Ou talvez enxerguem muito bem, mas finjam não percebê-la.
Hoje,
à noite mesmo, enquanto via pela TV o drama dos refugiados na Europa, na qual
uma criança questionava o porquê das crianças americanas e europeias terem
direitos, e elas não. Vejam só, a menina não pediu carrões, nem pediu casarões,
nem brinquedos luxuosos, pediu apenas um artigo que traz dignidade a qualquer
pessoa de bem, quando bem aplicados: direitos. Retomando o pensamento: Hoje, à
noite mesmo, enquanto via pela TV o drama dos refugiados na Europa também pensei:
Campinas também tem seus refugiados. Refugiados sociais.
Em
parágrafos mais acima, perguntava do riacho e do Pedro. Ora, o riacho do
Ipiranga, nos dias atuais, é a nossa consciência. E o Pedro? Ora, o Pedro sou
eu, é você, somos todos nós. Ponhamos-nos então diante desse nosso riacho
interior, e bravamente, corajosamente, sem medo, demos o grito que está preso
em nossa garganta: LIBERDADE!
Chega
de corrupção. Não aguentamos mais essa praga a corroer o dinheiro de nossos
impostos, pagos com nosso suor. Não aguentamos mais esse bando de bandidos e
salteadores que se apoderaram de nossas casas legislativas. Usemos o poder de
nossas consciências, e a arma poderosa que é o voto, para dizer não, a esses
salteadores. E não se deixem enganar, muitos deles voltaram nessas eleições
municipais, disfarçados de cordeiros, mas, na verdade, não é bem isso que eles
são não. Portanto, cuidado, não se deixe enganar.
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