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Ele é o cara
Posted by Cottidianos
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01:50
Segunda-feira,
25 de novembro
“Em um dado dia, uma dada circunstância, você acha
que tem um limite. Você então tenta ir para esse limite e você toca esse
limite, e você pensa: ‘Ok, este é o limite’. Logo que você toca esse limite,
algo acontece e, de repente, você pode ir um pouco mais longe. Com o poder da
sua mente, sua determinação, seu instinto, e a experiência também, você pode
voar muito alto.”
Ayrton Senna
Imagem: http://thecarnagereport.blogspot.com.br/2013/03/sebastian-vettel-breaks-formula-one.html |
Gostava
muito de assistir a Fórmula 1 quando o saudoso Ayrton Senna, com maestria,
corria pelos autódromos do mundo. Era gostoso ver o Hino Nacional Brasileiro
tocando, enquanto Ayrton recebia o troféu e fazia a festa com champagne... E
foram muitas as garrafas dessa bebida abertas no podium. Naquela época,
assistia a todas as corridas. Não perdia nenhuma. Lembro-me, nitidamente, de
sua última corrida. Assistia, confortavelmente, sentado no sofá da sala, a
corrida que acontecia no circuito de Imola, na Itália, durante o Grande Prêmio
de San Marino - nessa época, ainda morava no Distrito de Capela, em
Ceará-Mirim, no Estado do Rio Grande do Norte. De repente, o carro saiu da pista e bateu no muro de proteção.
O alvoroço foi geral, médicos correram até lá. Quando vi o helicóptero pousando
no autódromo e levando o piloto, desacordado, para o hospital, senti que o caso
era grave, muito grave. Depois disso, o que se viu foi o Brasil e o mundo
chorarem a morte de um grande piloto e um ser humano excepcional. Depois que
Ayrton se foi, a Fórmula 1, para mim, ficou um pouco vazia. Não tinha mais a
mesma graça, o mesmo sentido. Voltei a me interessar pelo esporte quando um
inglês arrojado entrou na pista: Lewis Hamilton. Hamilton foi campeão da categoria em 2008.
Após essa vitória, Hamilton foi traído por uma inimiga: sua própria ansiedade. Talvez
por isso, não esteja desenvolvendo sua carreira da forma como se esperava. Não
esqueço também do grande vencedor alemão, Michael Schumaker.
Em
2007, durante o Grande Prêmio dos Estados Unidos, cujo vencedor foi Lewis
Hamilton, estreava na fórmula 1, um alemão fenomenal: Sebastian Vettel. Vettel,
naquela ocasião, entrou na corrida para substituir o titular Robert Kubica, que
não podia correr porque havia sofrido um grave acidente no Canadá, uma semana
antes. O estreante cruzou a linha de chegada na oitava posição e conquistou seu
primeiro ponto na Fórmula 1. A primeira vitória aconteceu no grande prêmio da
Itália, em 2008. A partir daí a carreira do alemão foi meteórica, não por
oportunismo, mas por puro talento. Ele evolui a cada ano. Segue em frente e não
dá mínima para as críticas, como diz o ditado popular: “Os cães ladram, a
caravana passa”. O mais interessante no
piloto alemão, é que ele, não apenas vence corridas. Ele acumula recordes.
Domingo (24), no Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, quem recebeu a bandeirada primeira? Errou,
se você não respondeu Sebastian Vettel. Aliás, isso foi uma constante durante
toda a temporada.
Na
largada o que se viu foi uma série alucinante de ultrapassagens. Vettel, da Red
Bull, havia conseguido mais uma polepsoition nos treinos classificatórios, porém
numa excelente manobra o, também alemão, Nico Rosberg, da Mercedes, assumiu a
liderança. Sesbastian logo mostrou que não estava para brincadeiras e, já no
final da primeira volta, ultrapassou Rosberg. A partir daí, Sebastian Vettel voou
na pista como um falcão real, deixando para trás seus oponentes, seguindo
livre, de asas abertas, para sua nona vitória consecutiva. E assim, a temporada
da Formula 1, do ano de 2013, encerrava, com chave de ouro, mais um emocionante
capítulo. E nesse capítulo, o personagem principal foi o alemão Sebastian
Vettel. O cara é um fenômeno. Vettel, aos 26 anos de idade, é o mais jovem tetracampeão
da história da Fórmula 1; com nove vitórias consecutivas, igualou recorde de Alberto Ascari, que nas temporadas
de 1952 e 1953, também havia vencido nove vezes; igualou com Michael Schumaker o
número de 13 vitórias em uma mesma temporada. Mas, a ser primeiro em tudo, Vettel
já se acostumou faz tempo. Em 2006, pela Sauber, foi o primeiro piloto a testar
um carro de fórmula 1; Em 2007, ainda com 19 anos, foi o piloto mais jovem a
pontuar em uma corrida; aos 23 anos, tornou-se o mais jovem piloto a conquistar
um título munidal e, assim, o alemão vem colecionando primeiros lugares desde
que estreou na Fórmula 1.
Vettel
é um apaixonado pelo automobilismo.Velocidade e ronco de motores, é com ele
mesmo. Mas essa paixão e esse brilho que agora despontam em toda a intensidade, vem de muito longe. Nascido em 3 de julho de 1987, na cidade alemã de
Heppenheim, uma cidade de cerca de 26 mil habitantes, a oeste da Alemanha. É filho de uma dona de casa e de um piloto
amador. O automobilismo era paixão da família. Nobert, o pai, competia na
categoria amadora, em eventos de Kart e corridas nas montanhas. A família possuía
um trailer e todos iam juntos assistir as competições. A irmã Stephanie, quatro
anos mais velha que ele, também pilotava Kart. O pequeno Vettel ganhou seu
primeiro kart em um dia de natal. O brinquedo foi o suficiente para manter o
menino entretido, tão entretido que era difícil difícil tirá-lo do Kart para que ele fizesse as refeições. Ele não largava o brinquedo de jeito
nenhum. O pai, percebendo ali, o início de uma grande paixão, construiu uma
pequena pista de Kart no quintal de casa. O espaço era tão limitado que, para conseguir
uma volta completa, Norbet tinha que molhar o piso e, o pequeno Vettel, era
obrigado a pilotar de lado com a traseira derrapando, com isso Nobert conseguia
com que o filho reduzisse o raio das curvas.
Aos
cinco anos entrou pela primeira vez numa pista de verdade. Mas só pode competir
para valer aos oito anos. Vettel é um campeão diferente. Esbanja alegria e
simpatia. Não se coloca num pedestal. Quando das viagens, é comum vê-lo
ajudando os companheiros de equipe a retirar as malas das esteiras. Fora das
pistas costuma circular em uma van, usando jeans, de forma bastante
descontraída. E olha que ele fatura 12 milhões de euros por ano.
O ambiente da velocidade é altamente competitivo e, algumas vezes, exige uma
frieza do piloto que faz com que ele esqueça aquele ar de menino bonzinho. Antes
que alguém queira jogar pedras em Vettel, é bom lembrar que isso também
aconteceu com Ayrton Senna, Michael Schumaker, dentre outros campeões. Ainda este
ano, no Grande Prêmio da Malásia, Vettel sofreu fortes críticas da imprensa,
dos colgas pilotos e da própria equipe, quando desobedeceu uma ordem da Red Bul
e ultrapassou o companheiro de equipe Mark Weber. Aconteceu o seguinte, Weber
liderava a prova e Vettel vinha logo atrás. O resultado satisfazia a equipe que, não querendo correr riscos desnecessários, pediu que os dois diminuíssem o ritmo
da corrida para, dessa forma, manterem as posições. O que o campeão fez?
Ignorou a ordem da equipe e ultrapassou Weber, venceu a prova e garantiu a
liderança no campeonato. Mark Weber ficou irritadíssimo com Vettel. Vettel, em
um primeiro momento, pediu desculpas pelo ocorrido, depois assumiu uma posição
mais firme. “Não me desculpo por ganhar. Creio que isso é porque me contrataram
para ser o primeiro lugar e por isso estou aqui. Me encanta correr e foi isso
que fiz”, disse ele na ocasião. Foi uma atitude egoísta? Sem dúvida que foi.
Mas assim é o ambiente da Fórmula 1, e quem
discordar, procure outra modalidade.
Outras
críticas vieram, como a de Alonso, de que as vitórias de Vettel se deviam ao
carro que tinha e não, necessariamente, ao seu talento. Se for só isso, então
podemos concluir que esse carro do Vettel faz milagres.
Os
comentaristas da Fórmula 1, acham que Vettel deixa a competição menos
interessante, pelo simples fato que de que não existe, no momento, adversário à sua altura. Não concordo. Se é assim, os outros que tratem de melhorar para
poder acompanha-lo.
O
cara ainda tem muito tempo de Fórmula 1 pela frente. Pela curva ascendente que
vem desenhando nos circuitos mundo afora, os outros pilotos que corram para
alcança-lo.
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