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A força da solidariedade
Posted by Cottidianos
on
01:46
Sexta-feira,
11 de outubro
Amanhã, sábado, é feriado. Dia da
Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida e também se comemora do Dia da Criança. Na verdade, a data oficial que a ONU reconhece como o Dia Mundial da
Criança e o dia 20 de novembro, mas as comemorações variam de país a país. O
texto abaixo se pretende uma homenagem a esses pequenos, graciosos e divertidos
seres. É um drama, porém, graças a Deus, com final feliz. Não compreendo como
alguém pode usar de crueldade com seres tão inocentes, muitas vezes, apenas
acabados de nascer. Mas, graças a Deus, essas pessoas desajustadas são a
minoria.
Dedico esse texto a todas as crianças do
Brasil, meus irmãos brasileirinhos e brasileirinhas, e também às crianças de
todos os países.
O texto abaixo é baseado em fatos reais.
Vamos a ele.
***
Era
por volta da meia noite do dia 10 de outubro, no Setor Oeste de Gama, uma
cidade próxima a Brasília, Distrito Federal. Havia acabado de chover e a
temperatura caíra bastante. Os irmãos Everton e Arlete se preparavam para
dormir quando, por volta da meia noite, Everton começou a ouvir um choro
constante:
_
Que coisa estranha Arlete! Você está ouvindo algo como se fosse alguém
chorando?
_
É mesmo muito estranho. Parece choro de criança. A esta hora da noite, quem
será?!
_
Deve ser impressão, minha, disse Everton. Imagine se teria alguma criança
chorando por aí, a essa hora da noite.
O
barulho lá fora havia silenciado. Os dois foram se deitar. Havia sido um dia
cansativo. Emerson pôs a cabeça no travesseiro, porém não conseguiu dormir. O
vento soprava frio lá fora e parecia trazer o choro de uma criança
recém-nascida. “E se for mesmo uma criança! Meu Deus do céu”- Pensou Everton
enquanto revirava a cabeça no travesseiro. Lembrou-se de que casos assim já
haviam acontecido ali mesmo, no Gama em 2012.
Levantou-se de súbito.
_
Arlete, Arlete, acorda! Dizia ele, preocupado.
- Que
foi Everton... Balbuciou a irmã. Estou morrendo de sono... Deixa eu dormir, por
favor.
_
Arlete, o choro... O choro... Que ouvimos há pouco continua, de vez em quando
para, mas recomeça... E se for uma criança jogada por aí, nesse frio...
Arlete
deu um pulo da cama e se arrumou rapidamente. Os dois saíram pela noite fria,
escura e deserta. Andaram procurando ali mesmo por perto de casa e nada
encontraram.
_
É meu irmão, acho que você estava enganado. Não há nada por aqui, imagine uma
criança.
Quando
já estavam voltando novamente para casa ouviram um barulho, na verdade um
gemido. O som vinha de perto do muro da casa frente. Havia muito mato perto do muro.
Chegaram mais perto e ouviram novamente o gemido. Com o coração acelerado
começaram a procurar em meio à grama alta, próximo ao muro da casa. Quando
Everton revirou mais uma vez a grama, encontrou, em meio a ela, o pequeno ser.
_
Achamos, Arlete! Achamos o que procurávamos. Falou o rapaz com lágrimas nos
olhos. Arlete chegou mais perto e o que viu a deixou comovida... Com o rosto
próximo a uma poça d’água estava uma criança que acabara de nascer. Era uma
menina e estava com rosto bem próximo a uma poça d’água, completamente nua,
suja de sangue e tremendo de frio. A menina estava toda suja de fezes e com
arranhões por todo o corpo que haviam sidos provocados pela própria grama do
jardim. O cordão umbilical ainda não havia sido cortado.
Victor
notou que uma das mãos da menina já estava ficando roxa. Pegou o pulso dela e notou
que os sinais vitais estavam caindo. Uma lágrima escorreu de seus olhos.
_ Me
dá ela aqui, Everton. - Disse Arlete, tirando o agasalho que usava. Assim que
recebeu a criança das mãos do irmão, enrolou ela no agasalho e saíram correndo
para casa. No aconchego do lar, ficou segurando aquele frágil ser, na tentativa
de lhe transmitir uma das coisas de que ela mais precisava no momento: calor
humano. Aos poucos o bebê foi reagindo, mexendo os braços, as pernas, a boca
começou a se mover. Os irmãos respiraram aliviados quando notaram esses sinais.
Uma grande alegria invadiu-lhes o peito. E ali naquela modesta casa, a criança encontrou todo o amor e carinho que
não havia recebido da mãe. Depois que viram que a menina já estava melhorando,
Arlete disse:
_
Chama uma ambulância. Vamos levá-la ao hospital.
_ No
hospital, os médicos constaram que a recém-nascida encontrava-se com um quadro
hipotermia – que é quando a temperatura do corpo está abaixo do normal. A
menina nascera com 51 centímetros e 3 quilos O médico que a atendeu constatou
também que a menina não tinha mais que quatro horas de vida.
No
dia seguinte os dois irmãos voltaram ao hospital para visitar a menina, que
estava no berçário e sem previsão de alta. Ali no hospital, vendo os cuidados
que a menina recebeu da equipe de enfermagem, os dois irmãos ficaram comovidos.
Gostariam de ficar com a menina para criarem, mas sabiam que ia ser muito
difícil. A menina ficaria no hospital uns dias no hospital e, depois, seria
entregue a Vara da Infância e da Juventude. A menina só irá para doação se
nenhum parente fosse localizado.
Os
dois sentiam um aperto no coração. Mas o sentimento de ter salvo uma vida era
muito maior. Uma pequena guerreira, que apenas acabara de nascer e já
enfrentara o frio da noite e o abandono nas ruas de Gama e tivera a graça de
encontrar um elemento fundamental para tornar o mundo mais harmonioso.
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