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Jair Bolsonaro, o presidente
Posted by Cottidianos
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23:28
Quarta-feira,
31 de outubro
29
de outubro de 2014.
Barra
da Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil.
Dois
dias haviam se passado desde que a presidente Dilma Rousseff fora reeleita
presidente do Brasil. Os petistas estavam em festa, ainda saboreando o gosto da
vitória. Os peessedebistas amargavam a derrota do candidato Aécio Neves. Fora
uma eleição apertada, marcada por ataques pessoais entre os candidatos desde o
primeiro turno.
Fake
news haviam sido utilizadas à exaustão. Circulara pelas redes sociais um vídeo
de um homem caído ao chão. Motivo: havia cheirado cocaína depois de uma noite
de farra. O rosto do homem na foto estava borrado, mas atribuiu-se a ele a
figura do senador Aécio Neves. Outra notícia que circulou pelas redes foi a de
que a filha de Dilma Rousseff era dona de mais de 20 empresas. Urnas
eletrônicas haviam sido adulteradas. Até morto teria doado dinheiro. Circulou
também a notícia de que o candidato Eduardo Campos, morto em acidente aéreo
quando estava em campanha presidencial, teria doado 2,5 milhões de reais para
sua sucessora, Marina Silva.
Todas
essas notícias e muitas outras mais circularam pelas redes naquela campanha
presidencial, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Obviamente, tudo fake
news. Notícias falsas mais falsas que uma nota de três reais, que nem existe.
Àquela
altura, a operação Lava Jato já fazia seus estragos revelando ao Brasil os
podres que ocorrem no submundo do mundo político. A insatisfação e decepção dos
brasileiros com todo esse sistema de corrupção, com os partidos políticos e
seus integrantes, aumentava cada vez mais, um sentimento, particularmente,
direcionado ao PT e seus dirigentes.
Ao
fim de todo o processo eleitoral, ainda ao final do dia 26 de outubro, dia da
votação em segundo turno, fechadas as urnas e divulgado o resultado oficial,
Dilma Rousseff conseguiu ser reeleita, mais uma vez com o apoio do seu padrinho
político, Luís Inácio da Silva. Ela obteve 51,64% dos votos válidos (54.501.118
votos). Junto com ela estava Michel Temer.
Dois
erros graves de Lula, dois erros que lhe custariam à vida política: o primeiro
escolher Dilma Rousseff para concorrer naquelas eleições. Poderia ele mesmo ter
se candidatado. Teria continuado seu projeto de poder e dominação da nação
brasileira... E teria escapado das garras da justiça. O segundo erro fatal foi
escolher Michel Temer (PMDB) para vice de Dilma. Temer, como se sabe, viria a
orquestrar, sorrateiramente, nos bastidores de Brasília, a queda da presidente,
assumindo ele próprio, a faixa presidencial.
O
candidato do PSDB, Aécio Neves, veio logo atrás com 48,36% dos votos válidos
(51.041.155 votos).
Os
ânimos dos brasileiros estavam exaltados desde que os protestos populares
tomaram as ruas em meados de 2013 e se estenderam pelo ano de 2014, contra a
corrupção a falta de segurança e contra os gastos milionários nas construções
de estádios e em toda a estrutura que estava sendo montada para receber os
jogos e visitantes para a Copa do Mundo.
Os
Brasileiros diziam: “Não vai ter Copa” e presidente replicava em tom de
teimosia “Vai ter Copa” numa queda de braço inútil, uma vez que o evento já
estava marcado com antecedência e o calendário dos jogos montado.
Os
políticos tradicionais, os quais chamamos de “as velhas raposas da política”
não deram a mínima para o grito de insatisfação que vinha das ruas. Torceram o
nariz a toda àquela barulheira e gritaria. Talvez porque estivessem, a grande
maioria deles, enredados nas teias da corrupção. Aves de rapina pegando dos
cofres da nação tudo quando podiam.
Mas
um deles não. Prestava atenção muita atenção em todo esse movimento de cartas
no tabuleiro da política... E sentiu que poderia, naquele tabuleiro, dar um
xeque mate. Bastava apenas estudar um pouco mais as peças e movimentos do
xadrez político... E acreditar no impossível.
Que
pensamentos devem ter se passado na cabeça de Jair Messias Bolsonaro quando se
sentou sozinho, na mesa de sua casa, e decidiu que era o momento de montar um
projeto político que o levasse à presidência da República? Jair acabara de se
reeleger, naquelas mesmas eleições de 2014, o deputado federal mais votado do
estado do Rio de Janeiro com 464.572 votos, já usando, naquela época, um
discurso antipetista.
Por
que não tentar vôos mais altos? Porque não se alçar a desafios maiores? Por que
não tentar o impossível?
Na
verdade, Bolsonaro até já havia tentado se lançar como candidato a, presidente
ainda nas eleições de 2014. Ele era do PP, à época, um partido com uma bancada
de 40 deputados, mas já envolvido até o pescoço, junto com o PT, nos desvios
que dilapidaram os cofres da Petrobrás.
O
PP era um partido que, como tantos outros no Brasil, praticava o fisiologismo
partidário que é quando as decisões partidárias são pautadas, não pelo bem
comum e social, mas pela troca de benefícios e favorecimentos em interesses
privados. Alinhamento ideológico não existe nesses partidos. Para seus
integrantes a regra é apoiar quem dá mais, quem tem mais poder, não importando
se esse alguém está ou não do lado do povo.
Era
junho de 2014 e, mesmo com o seu partido surfando nas ondas lamacentas da
corrupção, Bolsonaro resolveu se apresentar ao partido como candidato a
candidato a presidência. Ele mesmo sabia que não que não tinha chance de ser
eleito, mas mesmo assim, queria entrar na corrida á cadeira presidencial.
Os
líderes do partido devem ter ponderado: “Bolsonaro é um deputado polêmico. Suas
declarações não o ajudam em nada a obter apoio. Anda sempre por aí pelos
corredores de Brasília sozinho. Na bancada da câmara mergulha no celular,
alimentando redes sociais, não atrai outros deputados ao seu convívio”. Por
essas e outras razões disseram a ele um sonoro “não”. Foi então que ele
resolveu se candidatar novamente a deputado, tarefa na qual obteve grande êxito
como já vimos.
E
foi ali, na solidão da fortaleza de seu lar, que ele, sentado em uma mesa,
resolveu que ser presidente seria um projeto e não ilusão. E qual terá sido a
reação de sua esposa Michelle, a segunda pessoa a saber da sua louca pretensão?
E os filhos? A quem foi posteriormente comunicado a decisão. Pelo andar da
carruagem devem ter embarcado de cabeça na aventura.
O fato é que Bolsonaro, talvez impulsionado
pela sua votação que o elegeu o deputado federal mais votado do Rio, talvez já
pela intensidade do apoio que já emanava das redes sociais, voltou aos
trabalhos na Câmara dos Deputados em 2015 com o firme propósito de disputar a
faixa presidencial em 2018.
Bolsonaro
podia até se sentir sozinho em Brasília, sem muita gente ao seu redor entre
seus pares, mas já havia descoberto a força das redes sociais. Através delas
viu o seu grupo de apoiadores aumentar cada vez mais. Era chamado de mito. As
imagens de Bolsonaro aclamado pela multidão, já eram bem conhecidas daqueles
que o seguiam pelas redes sociais, isso há três anos antes desta eleição.
Observando o resultado que estava sendo obtido através delas, Bolsonaro foi
fazendo uso cada vez mais intenso dessa nova plataforma. Tudo o que fazia, era
compartilhado nas redes.
Ele
passou a acreditar que era possível o seu sonho maluco.
Em
um evento na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAM), em dezembro de 2014,
ele dizia: “Estou disposto em 2018, seja
o que Deus quiser, tentar jogar para a direita esse país”.
Já
no retorno aos trabalhos na Câmara dos Deputados, no início de 2015, em conversa
com o deputado Carlos Manato (PSD-ES), um dos poucos deputados com os quais
confabulava, ele disse em tom de confidência:
—
Essa foi minha última campanha como
deputado. Vou sair para presidente em 2018. Ao que Manato apenas acenou
negativamente com a cabeça, como quem diz: “Está louco!”
Bolsonaro
disse a mesma coisa para o deputado Alberto Fraga (DEM-DF). Ao que o deputado
respondeu:
—
Rapaz, tenta o Senado. O Senado é o
melhor quadro para você. Você se elege tranquilamente. E acrescentou em tom de
brincadeira: “Você sabe que nós somos pessoas polêmicas, e que se a gente ficar
sem mandato o que vem de processo em cima da gente é uma coisa absurda.
Alberto
Fraga relativizou um pouco na brincadeira. Bolsonaro não era apenas polêmico:
ele ultrapassava a fronteira do polêmico. Talvez uma forma de chamar atenção,
quem sabe? Pois, mesmo sendo um deputado que não tinha muita influência estava
sempre em voga.
Veio
o ano de 2016 e Bolsonaro decidiu ir à luta em busca de um partido que
acolhesse e aceitasse o seu sonho de sair candidato a presidente nas eleições
de 2018.
Em
janeiro daquele ano, Jair troca o PP, que era um partido da base do governo,
por um partido independente chamado PSC. O novo partido acolheu o candidato,
mas não seu projeto. Bolsonaro então resolveu bater em outra porta. O PEN
(Partido Ecológico Nacional) aceitou ter Jair Bolsonaro em seu quadro e se
propôs a promover sua pré-candidatura à presidência da republica. Mas as
divergências começaram antes mesmo da filiação ao partido. Duas questões se
faziam necessário resolver para que o casamento entre deputado e partido fossem
concretizados.
O
primeiro deles é que Bolsonaro era um crítico ferrenho da política ambiental e
o próprio nome do partido já mostrava de cara que as visões entre um e outro
nessa questão não se combinavam. Conversa vai, conversa vem, em agosto de 2017
o partido mudou de nome e, em abril de 2018, o PEN passou a se chamar Patriota.
Resolvido
o problema da nomenclatura, as negociações já estavam em estagio avançando quando,
ainda em agosto daquele ano, Bolsonaro descobriu que o PEN havia entrado junto
ao Supremo Tribunal Federal com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN)
contra uma decisão em que aquele órgão determinava o cumprimento da pena
imediatamente a partir do julgamento em segunda instância, e não após serem
esgotados todos os recursos conforme procedimento que vinha sendo adotado pela
justiça.
A
ação impetrada pelo PEN era um tiro no coração da Lava Jato. Comentando a
questão, o deputado disse na ocasião: “É
um noivado (com o PEN), espero que possa evoluir. Se essa ação prosperar, é o
fim da Lava-Jato. É uma questão grave. Acredito que o partido possa ter feito
de boa fé. Mas como vou chegar num debate presidencial e alguém falar "teu
partido enterrou a Lava-Jato"? Dou meia volta e vou embora”. Outro
fator que incomodou bastante o deputado foi que o partido havia escolhido para
entrar com a ação o advogado Antonio Carlos de Almeida, que também era advogado
de José Dirceu.
A
ação impetrada pelo partido interessava e muito a políticos condenados na Lava
Jato, de modo especial aos petistas, e de forma ainda mais especial ao
presidente Lula. Além de ferir de morte a Lava Jato, a ação também feria de
morte o discurso antipetista de Bolsonaro. O jeito foi dizer ao presidente do
partido, Adilson Barroso, um muito obrigado pelo convite, mas estou caindo
fora. Vou procurar outro casamento.
Enfim,
como todo pretendente a um casamento, hora ou outra acaba encontrando a noiva
ideal, Bolsonaro flertou com o PSL e com ele se casou em março deste ano.
Também não foi assim chegar em casa e tá tudo bem, numa boa. A entrada do
deputado no partido causou desconforto. O Conselho Acadêmico Livres, mais
conhecido como movimento Livres, surgido no início de 2016, incubado no PSL,
detinha 12 dos 27 diretórios do partido. Em sua página na Internet denominada
Livres, assim eles se definem: “Somos um movimento liberal suprapartidário que
desenvolve lideranças, políticas públicas e projetos de impacto social com o
objetivo de renovar a política e construir um Brasil mais livre junto com as
pessoas que mais precisam”.
O
Livres achou que o projeto de Jair Bolsonaro era incompatível com o projeto
deles. Em nota, na ocasião, o movimento disse: “Agora, infelizmente, Livres e
PSL tomam caminhos separados. A chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à
revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres
de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa”.
E
assim, foi Jair Bolsonaro entrar por uma porta e o Livres sair pela outra.
E
dessa forma também Jair Bolsonaro foi construindo sua imagem de candidato, e desconstruindo
e contrariando os manuais da velha política.
E
os manuais da velha política rezam que para ser bem sucedido em uma campanha
eleitoral na qual se disputa o cargo de líder máximo da nação é preciso 1o) que
o candidato seja pertencente a um grande partido que disponha de grande capital
econômico, que seja capaz de montar alianças com outros grandes da política,
alianças essas que lhe rendam um tempo máximo de rádio e TV, marqueteiros
milionários que maquiem com perfeição o candidato a ponto de lhe esconder a
menor das rugas de defeitos, e todas essas complexas e intrincadas estruturas
que se requer de todas as grandes eleições que envolvem grandes partidos.
E
o candidato do PSL chegou sem nada disso. O tempo que conseguiu e que lhe era
destinado no horário eleitoral gratuito foram apenas 8 segundos, sem muito
dinheiro investido na campanha, isso se comparada aos seus concorrentes de
partidos tradicionais da política brasileira como o MDB, PT, e PSDB. Chegou
também sem grandes alianças e sem grandes bases eleitorais. Também não fez
questão de ser educado com as palavras. Ao contrário sua boca era uma
metralhadora potente com balas direcionadas, especialmente, aos petistas.
Apesar
de não ter tanto espaço no rádio e na TV, soube usar com uma tremenda
eficiência o poder das redes sociais. E o resultado foi o que se viu durante o
primeiro e segundo turno: um tsunami bolsonarista invadir o Brasil de norte a
sul e de leste a oeste. A cada investida dos adversários. A cada denuncia da
imprensa ao invés do candidato murchar ele crescia cada vez mais nas pesquisas.
Tudo
ia muito bem na campanha, quando, de repente, um grande susto. Na véspera do
feriado do Dia da Independência do Brasil, dia 06 de setembro, o candidato Jair
Bolsonaro percorria as ruas da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Era
aclamado pela multidão e carregado em triunfo nos braços dela. Um anônimo entre
a multidão sacou de uma faca e atingiu o candidato na barriga. Depois se soube
que o algoz de Bolsonaro se chamava Adélio Bispo de Oliveira, preso logo após a
tentativa de homicídio. O home disse que praticou o ato por discordar das
idéias de Bolsonaro.
Perdendo
muito sangue, Bolsonaro foi levado às pressas ao hospital de Juiz de Fora onde
foi submetido a uma cirurgia para estancar a hemorragia. O que o salvou foi a
curta distância entre o local onde ele fazia sua campanha e o hospital. Fosse
mais longe este, talvez o candidato não tivesse sobrevivido.
No
dia seguinte, 07 de setembro, o candidato foi transferido para o Hospital
Israelita Albert Einstein, em São Paulo, 12 horas após a cirurgia na Santa Casa
de Misericórdia, em Juiz de Fora. Lá foi submetido a outros procedimentos
hospitalares. Enfim, fora de perigo recebeu alta e foi para sua casa na Barra
da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Lá,
por recomendações médicas, passou o restante da campanha quase recluso, sem
sair às ruas para fazer campanha, nem participar de debates. Agora, já na reta
final do segundo turno, os médicos o consideraram apto a participar de debates,
mas dessa vez foi o candidato que não mais se dispôs a participar de nenhum
deles. Mesmo assim, manteve o favoritismo.
E
assim, Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, esse militar da reserva, descendente de
italianos e alemães, cuja boca mais parecia uma metralhadora a atirar contra
negros, homossexuais e outras minorias, que é fã do torturador Carlos Alberto
Brilhante Ustra, e que acha que a ditadura foi uma fase boa que o Brasil viveu,
foi eleito no último dia 28 de outubro, com 55,13% dos votos válidos para
comandar o Brasil pelos próximos quatro anos.
A
esposa, Michelle Bolsonaro, 20 anos mais nova que o marido, em Entrevista ao
Fantástico, refuta as acusações impostas ao marido: “Ele não é nada disso. Ele
é taxado que ele é racista, que ele é machista, que ele é homofóbico, mas é
tudo mentira. Infelizmente são rótulos que não são verdades”.
É
o que o Brasil espera Michelle.
A
verdade é que saíram da metralhadora do capitão balas bem ácidas e
provocativas, que não chegaram a matar ninguém, mas com certeza, feriram muita
gente, como as seguintes:
"Através
do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai
mudar, infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro,
e fazendo o trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil,
começando com o FHC, não deixar para fora não, matando! Se vai morrer alguns
inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente." (1999)
"Vamos
fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vou botar esses picaretas para correr do
Acre. Já que gosta tanto da Venezuela, essa turma tem que ir para lá"
(2018)
"Somos
um país cristão. Não existe essa historinha de Estado laico, não. O Estado é
cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar
às maiorias. As minorias se adéquam ou simplesmente desaparecem" (2017)
"Por
isso o cara paga menos para a mulher (porque ela engravida)" (2014)
"90%
desses meninos adotados [por um casal gay] vão ser homossexuais e vão ser
garotos de programa com toda certeza"
"O
cara vem pedir dinheiro para mim para ajudar os aidéticos. A maioria é por
compartilhamento de seringa ou homossexualismo. Não vou ajudar porra nenhuma!
Vou ajudar o garoto que é decente" (2011)
"Quem
usa cota, no meu entender, está assinando embaixo que é incompetente. Eu não
entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um
médico cotista" (2011)
A
questão é que em toda eleição há o discurso do candidato, aquele discurso que é
feito para ganhar a eleição e um discurso que é feito para governar, que é o
discurso do líder de estado. Se o estadista quiser gozar de respeito verdadeiro
entre os seus compatriotas e perante a comunidade internacional, terá na
maiorias das vezes, que abandonar o discurso infantil do candidato e adotar um
discurso e, mais que isso, uma ação moderada e conciliadora. O Brasil dividido
do jeito que está precisa de alguém que o torne unidade.
Afinal,
diz Jesus Cristo no evangelho que nenhum reino dividido pode permanecer de pé.
E mais do que nunca o Brasil precisa permanecer de pé. É isso que todos,
brasileiros e brasileiras, esperamos: que Bolsonaro abandone o discurso do
candidato e encarne o presidente. Que nos apresente um projeto de nação, e não
uma projeto de poder como era plano do partido derrotado por ele nestas
eleições.
Além
do mais o presidente é cristão, seguidor de Jesus Cristo. E as palavras
pronunciadas por Bolsonaro, nem em sonhos, seriam ouvidas na boca do mestre
Jesus. E se fossem, certamente, quem as estaria pronunciando não seria o Jesus
dos evangelhos.
E
mais uma curiosidade, presidente Jair Bolsonaro. Se, no momento em que o Sr.
Foi levado ao hospital, na Santa Casa de Juiz de Fora, e relembrando a sua
frase em relação ao cotistas
"Quem
usa cota, no meu entender, está assinando embaixo que é incompetente. Eu não
entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um
médico cotista" (2011)
Se
naquele momento em que o Sr. se esvaia em sangue, estivesse a sua espera na
mesa de operação um médico cotista negro, por acaso o Sr. faria valer o seu
egoísmo e rejeitaria ser operado por ele? Preferiria morrer? Abandonar família,
esposa e filhos em nome de uma convicção boba?
É
Sr. presidente, há momentos na vida em que é necessário jogar na lata do lixo
nossas convicções egoístas pelo simples fato de que o sábio tempo e a sábia
vida nos apresentam lições mais importantes a serem aprendidas e apreendidas.
A
verdade é que os partidos políticos transformaram o Brasil numa pátria onde
tudo pode se for a favor de si próprio e dos próprios interesses em detrimento
da população que lhes deu o mandato através do voto.
A
certeza de impunidade fez muitos rirem das leis, das próprias instituições, e
do povo em geral. Por causa dela, meteram as mãos nos cofres públicos como se
deles fossem o dinheiro lá contido. Roubaram, roubaram e roubaram sem
cerimônia. Precisávamos mesmo de alguém com pulso firme para botar ordem em
toda essa bagunça. Precisávamos também de alguém com coração suave para curar
os desenganos e traições sofridos durante todos esses anos. Esperamos que Jair
Bolsonaro tenha as duas coisas: pulso firme e coração suave. Isso só o tempo
nos mostrará.
Outro ponto a destacar é que a metralhadora do
candidato sempre foi apontada, especificamente, contra o PT. Porem, todos agora
sabemos, depois do evento da Lava Jato, que a corrupção no Brasil não está
apenas no PT. Ela se alastrou por todos os partidos como erva daninha que vai
se ramificando e estragando até as plantas frutíferas. Por exemplo, por ocasião
do processo de impeachment de Dilma Rousseff estavam na berlinda a presidente e
também o, à época, presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Cunha era
acusado dos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, e evasão de
divisas, crimes pelos quais foi condenado a 15 anos de prisão em 2017.
Estando
os dois na berlinda, Dilma e Cunha, Jair Bolsonaro era um ferrenho opositor da
presidente do Brasil, tendo inclusive, protocolado o primeiro pedido de
impeachment contra Dilma, em março de 2015. Não sem razão o protocolo foi feito
naquela data, 13 de março de 2015. Dali a dois dias estavam marcadas
manifestações contra o governo da petista em todo o país.
Quanto
a Eduardo Cunha, Bolsonaro relativizava. Em entrevista ao Correio Braziliense,
em novembro de 2015, em relação ao então presidente da Câmara, ele dizia: “Não
acredito que ele se safe dessa. A cassação é voto aberto, não é secreto. Não
existe corrupto sem corruptor. Enquanto a Petrobras estava com as portas
abertas, tudo o que interessava a Lula e a Dilma era aprovado aqui. Quem é mais
criminoso, o mandante ou o corruptor? Todos têm que pagar, mas a pena para o
corruptor tem de ser maior. A culpa é da Dilma Rousseff. A corrupção aqui era
projeto de poder. Porque, enquanto eles estavam aprovando o que bem entendiam,
o governo ia implementando as suas políticas”.
Teria
a balança da justiça de Bolsonaro dois pesos e duas medidas? O governo dele no
próximo ano estará aí para provar ou desmentir isso?
O
certo é que um exemplo bom podemos tirar dessa ascensão de Jair Bolsonaro ao
poder: Se você tem um projeto e acredita nele, feche os ouvidos às criticas dos
negativistas e pessimistas, e siga em frente. Pois o impossível pode acontecer
se você estiver determinado a correr atrás dos seus sonhos.
No
mais, parabéns e votos de um governo prospero e sereno ao novo presidente do
Brasil, Jair Messias Bolsonaro.
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