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O duelo chega ao fim
Posted by Cottidianos
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23:58
Domingo,
28 de outubro
A
fé move montanhas, diz um ditado popular.
Neste
domingo, dia 28 de outubro, a comunidade católica, mundo afora, celebrou São
Judas Tadeu. O santo foi um dos doze que compunham o grupo de discípulos de
Jesus Cristo. Nascido na região da Galileia. Seu pai, Alfeu era irmão de José,
pai adotivo de Jesus, e Maria Cléofas, sua mãe, era prima-irmã de Maria, aquela
do qual nasceu aquele que viria a ser a pedra angular do cristianismo. Na
Cultura popular, São Judas Tadeu é o santo das causas impossíveis.
Neste
mesmo domingo, 28, os brasileiros foram às urnas, para mais uma vez, escolher o
líder da nação, aquele que comandará os destinos do país pelos próximos quatro
anos, a começar em primeiro de janeiro de 2018.
Esta
eleição não foi um retrato das demais. Em muitos aspectos diferiu das
anteriores. Inclusive, da eleição que
serviu de cenário para o clássico embate entre Fernando Collor e Luís Inácio
Lula da Silva, em 1989. Pode-se dizer que o tempero das eleições anteriores,
fossem quais fossem os candidatos, foi a esperança. Mesmo quando em 1989 os
partidários de Collor usaram o medo do comunismo como método para tirarem votos
de Lula — método no qual foram bem sucedidos — a tônica era a esperança.
Esperança de que, depois de anos, vivendo na escuridão da ditadura militar, a
esperança renascesse como renascem as flores primaveris. Esperança de que mãos
amordaçadas e bocas caladas voltassem a experimentar a liberdade. Era uma época
em que o Brasil sonhava com liberdades democráticas.
Outro
dos momentos marcantes no cenário eleitoral foi em 2002. Nas eleições daquele
ano foram para o segundo turno os candidatos Luís Inácio Lula da Silva (PT) e
José Serra (PSDB). Durante a fase de propaganda eleitoral gratuito, o PSDB
exibiu um vídeo da atriz Regina Duarte no qual ela dizia em relação a possível
vitória de Lula: “Tô com medo. Faz tempo que eu não tinha esse sentimento,
porque sinto que o Brasil nessa eleição corre o risco de perder toda a
estabilidade que já foi conquistada. Eu sei que há muita coisa ainda a ser
feita, mas também tem muita coisa boa que já foi realizada. Não dá pra ir tudo
pra lata do lixo. Nós temos dois candidatos a presidência. Um eu conheço, que é
o Serra. É o homem dos genéricos, o combate à AIDS. O outro eu achava que
conhecia, mas hoje eu não conheço mais, tudo o que ele dizia mudou muito. Isso
dá medo na gente...”
Nestas
eleições, pouco se ouviu falar de esperança. É como se o povo brasileiro
tivesse desistido dela. Mas é compreensível. Afinal quando se está lutando
contra um inimigo apenas nos concentramos nele e perdemos o ângulo de 360
graus, perdemos a capacidade de enxergar aquilo que nos rodeia. As coisas estão
lá, ao nosso redor, mas não percebemos, não nos damos conta. E há um inimigo
que nos tira o sossego, a esperança de dias melhores, a ser combatido: a
corrupção.
Dessa
vez, o medo voltou. Os dois lados, PSL e PT o propagaram largamente. Jair
Bolsonaro acenava com a possibilidade de, caso o PT vencesse as eleições, o
Brasil se transforma numa Venezuela — recurso também usado pelo PSDB de Geraldo
Alckmin, cujo desempenho nestas eleições foi ridículo. Do outro lado, Fernando
Haddad acenava aos eleitores com a possibilidade de o Brasil vir a se tornar
uma Corea do Sul — o candidato não chegou a usar a citação a esse país, ela é
apenas usada neste texto apenas como paralelo, como contraponto — um dos países
mais fechados do mundo, se Bolsonaro fosse eleito.
Talvez
sem darem conta disso os dois candidaatos ameaçaram os eleitores com as mesmas
armas pesadas com a qual atiravam um contra o outro. A verdade é que se o PT
flertava com a Venezuela de Nicolas Maduro, o PSL flertava com o torturador Carlos
Alberto Brilhante Ustra, ídolo de Bolsonaro.
Enfim,
como em toda a guerra há que ter um vencedor e um perdedor, as urnas
celebraram, neste domingo, 28 de outubro, dia de São Judas Tadeu, o santo das
causas impossíveis, a vitória do candidato Jair Bolsonaro. O resultado já era
esperado. Desde que o imbróglio que foi o anuncio da candidatura de Lula pelo
PT — um verdadeiro estelionato eleitoral, uma vez que o partido sabia que ele
não podia ser candidato após a condenação em segunda instância — foi desfeito,
e Haddad assumiu a cabeça da chapa petista, todos os resultados das pesquisas
de intenção de voto anunciavam a vitória do candidato Jair Bolsonaro, que quase
levou a faixa presidencial no primeiro turno.
Com
100% da urnas apuradas, Jair Bolsonaro (PSL) obteve 55,13% dos votos válidos (57.797.073),
e Fernando Haddad obteve 44,87% (47.039.291).
Os
eleitores de Bolsonaro estão com a alma lavada, não necessariamente por causa
da vitória do candidato, mas pela derrota do PT. O grito de vitória que grassa
na consciência da maioria daqueles que votaram no candidato do PSL parece ser,
não o de “elegemos Bolsonaro”, mas o de “derrotamos Lula e o PT”.
O
PT, como já disse esse blog foi o grande cabo eleitoral do Bolsonaro. Foi quem
o pariu, para usar uma expressão mais visceral. De que forma o PT de Lula é o
pai do Bolsonaro? Quando não ouviu o grito que vinha das ruas, desde 2013. Há
tempos o povo vinha gritando: “Estamos fartos de corrupção e roubalheira”. Os
políticos de todos os partidos, as velhas raposas não souberam decodificar essa
mensagem. Continuaram a fazer ouvidos de mercador a todos esses pedidos.
Continuaram a rir da cara do povo e roubar e roubar cada vez mais. Pedidos de
desculpas à nação pelos erros cometidos? Nenhum. Primeiro porque para pedir
desculpas por alguma coisa é preciso ter a humildade e reconhecer que se fez
algo de errado.
Por
acaso alguém viu essa honrosa atitude de reconhecer que não agiu bem de algum
dos petistas ou peessedebistas, ou de algum outro partido?
Mas
um desses políticos, que até o ano passado era apenas um deputado folclórico do
baixo clero que falava um monte de asneiras e controversias as quais ninguém
dava importância, percebeu esse movimento, e, sorrateiramente, há algum tempo
atrás, começou a usar a força das redes sociais para conquistar seus eleitores.
Difundir seu ódio contra o PT... E fez disso sua plataforma eleitoral.
Às
favas os seus discursos de ódio contra negros, homossexuais, e outras minorias.
Às favas também os seus discursos a favor da ditadura e seus elogios ao coronel
Carlos Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores durante o regime militar no
Brasil.
O
importante era que ele falava contra os corruptos do PT. O importante era que
ele prometia armar a população como se cada um em seu governo fosse agir como
soldados de si mesmos em meio a uma sociedade desigual, que, mesmo sem essa
denominação formal, é dividida em castas, onde os pertencentes as castas mais altas
desfrutam de regalias e privilégios dos quais as castas mais baixas não tem
acesso, sendo que todos pagam os mesmos impostos.
O
resultado é que um candidato com um dos menores tempos de TV derrotou outros
com tempo suficiente no horário eleitoral gratuito. As plataformas mudaram. A
mentalidade dos candidatos da velha política, não.
O
problema é que as novas plataformas são perigosas, ao mesmo tempo em que são
úteis. É como uma arma que pode ser eficiente ou ineficiente, que pode trazer
resultados positivos ou negativos dependendo da mão que a maneja, e da
consciência que aperta o seu gatilho.
É
preciso ter cuidado e não sair por aí compartilhando, e muito menos acreditando
em notícias sérias postas em plataformas, como por exemplo, o Facebooke
Whattasp. É preciso ter critérios, fazer uma checagem antes em outros veículos
de comunicação que são fontes mais confiáveis.
Coisa
que não aconteceu nestas eleições. Ao contrário, o que se viu foi uma enxurrada
de notícias falsas de ambos os lados, isso tanto nas campanhas para os governos
estaduais quanto para a campanha presidencial. Uma irresponsabilidade sem
tamanho já usadas em campanhas anteriores, mas exacerbadas nestas eleições que
agora chegam ao fim.
Essa
também foi uma eleição pitoresca no sentido também de que os dois candidatos a
ir para o segundo turno foram os que tinham os maiores índices de rejeição
entre os eleitores.
O
que se espera agora é que Jair Bolsonaro, o novo presidente do Brasil, respeite
a constituição e a democracia, que entenda no contexto atual, não há lugar em
nosso país para a volta da ditadura e o fechamento de instituições como o
Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. E que também reconheça que um
país é formado por maiorias e minorias e nem por isso privilégios e regalias sejam
destinadas apenas a classe A, afinal todos pagam impostos, todos votam, todos
tem os mesmos anseios e esperanças de um Brasil melhor.
O
que se espera é que o Partido dos Trabalhadores façam uma reavaliação do seu
agir e entenda que o que Brasil precisa não é de um projeto de poder de um
partido político, mas de um projeto de nação. O Brasil não quer a perpetuação
de um grupo político no poder. O Brasil precisa de alternância e de líderes que
o tirem do atraso moral e econômico em que ele se encontra.
O
que o Brasil precisa e espera é de governantes que tenham a consciência de que
os inimigos do país não são as minorias, mas sim, aqueles empresários,
políticos, e cidadãos comuns que com suas práticas corruptas levam o país ao
fundo do poço da falta de moral e ética, que por sua vez atuam como forças que
sugam nossas riquezas econômicas e financeiras.
Que
São Judas Tadeu dê uma força para Bolsonaro no Palácio do Planalto para que ele
faça o impossível, primeiro afastar de nosso país esse sofisticado esquema
criminoso e corrupto que se instalou na máquina pública, e segundo para que ele
mesmo, Bolsonaro, não entre no jogo sujo do esquema e não venda a alma ao diabo
como fizeram alguns de seus antecessores.
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