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Gisele Bündchen: Uma estrela de primeira grandeza nos céus da moda
Posted by Cottidianos
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Quinta-feira,
23 de abril
Há
anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde
o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha
dos salões.
Tornou-se
a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era
rica e formosa.
Duas
opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores
que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem
não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como
brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que
produzira o seu fulgor?
Tinha
ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam;
e logo buscaram todos, com avidez, informações acerca da grande novidade do
dia”.
O trecho acima se refere aos parágrafos iniciais de
Senhora, clássico romance da literatura brasileira, da autoria de José de
Alencar, publicado pela primeira vez no ano de 1875. A personagem principal do
romance é Aurélia Camargo: uma moça pobre que se torna muito rica, após receber
a herança de um tio. A história se passa durante a segunda metade do século
XIX, em uma sociedade que vivia de aparências e contradições.
Peço
licença a José de Alencar, e aos caros leitores, para reescrever este
parágrafo, trazendo-o para os dias atuais:
Há
anos uma bela e fulgurante estrela riscou os céus do Brasil.
Ascendeu
aos céus tão rápido quanto os meteoros que, vindos de galáxias distantes,
riscam a orbita da terra; posto cetro e coroa em sua cabeça, o mundo da moda
conheceu uma rainha de beleza singular.
Tornou-se
a musa das passarelas, a inspiração das mulheres que buscam, incessantemente,
tornarem-se cada vez mais belas, e era presença constante nos sonhos dos homens
que a queriam em seus braços.
Era
bela e formosa, como as rainhas que habitam o mundo dos contos de fada.
As
flores invejavam o seu perfume, e os diamantes, seu brilho.
Quem
não conhece Gisele Bündchen, a estrela de brilho intenso que ultrapassou os
limites espaciais dos céus brasileiros reluziu com intensidade nos céus de
muitos outros países?
Tinha
ela quatorze anos quando pisou pela primeira vez em uma passarela. Naquela época, não passava de uma desconhecida, mais uma candidata ao glamour do mundo
da moda. Mas Gisele mostrou que tinha brilho próprio. E logo todos correram em
busca de informações sobre aquela desconhecida, que trazia consigo a marca das
vencedoras.
Flashes.
Flashes. E mais flashes. Desfiles. Desfiles. E mais desfiles. Assim é o mundo
da moda. Um mundo de fantasias e ilusões. E como toda ilusão, é passageira, por
motivos óbvios. Pensando na efemeridade dessa profissão, podemos afirmar que a
carreira de modelo é igual a carreira de jogador de futebol. Um dia acaba o
glamour. Acabam os aplausos. Apagam-se os flashes. Resta apenas a dura e fria
realidade do anonimato.
Levando
essa aparente vida de princesa, as meninas-moças correm o risco de se
acostumarem com a fantasia... E muitas delas realmente se acostumam. Acostumando-se
a fantasia, é difícil para a maioria delas, botar, novamente, os pés na
realidade. É, justamente, nesse ponto de transição, nessa volta a terra, que
muitas delas se perdem, e em se perdendo, veem naufragar seus sonhos.
O
grande Chico Buarque ilustra bem essa situação, em uma de suas obras-primas: a
canção Quem te viu, quem te vê. Diz Chico,
em um dos versos da belíssima canção:
“Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta
classe
De dourado eu lhe vestia pra que o povo
admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um
belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na
fantasia.”
Gisele,
não. A top model não se acostumou com a fantasia. Admiro-a também por isso. Outro
dia fiquei pensando em uma coisa que Gisele falou em uma das muitas entrevistas
que deu, por ocasião de sua despedida das passarelas, na São Paulo Fashion Week,
este mês, em São Paulo. Dizia ela ao repórter: “Eu chego no estúdio, eu dou o melhor de mim e, quando eu vou embora, eu
posso voltar a ser eu. Então, isso foi uma coisa que eu sempre mantive muito
separada. Isso me ajudou muito a manter a cabeça no lugar, a manter as minhas
prioridades, a manter a minha autenticidade, a minha essência intacta”. Uma
atitude simples, mas que parece coisa tão difícil no mundo dos famosos.
A vida
é realmente um grande mistério. Vejam só. Em uma noite estrelada, uma
menina-moça olha o rico tapete de estrelas que adorna o céu de sua terra natal.
Ela nasceu e mora em uma pequena cidade que nem aparecia no mapa. Olhando o
brilho das constelações se perde em sonhos e seu coração viaja para mundos
distantes. Em seguida, a menina-moça desce, novamente, os olhos a terra e olha
para a humilde habitação, na qual mora com os pais e as cinco irmãs. Ela quer tocar
o céu, mas jamais renegar suas origens e o carinho de seus pais e de suas
irmãs. Ali, ela aprende uma coisa tão escassa nos tempos modernos: valores,
como, união, solidariedade, fraternidade e simplicidade.
Em seus
sonhos mais intensos, aquela menina-moça jamais imaginaria que seria ela a
estrela, e que sua casinha simples e humilde se transformaria numa luxuosa
mansão.
Gisele
Caroline Bündchen, veio ao mundo, no dia 20 de julho de 1980, em uma pequena
cidade do Rio Grande do Sul, chamada, Horizontina. Seus pais, os descendentes
de alemães, Valdir Bündchen e Vânia Nonnenmacher, não dispunham de muitos
recursos financeiros, mas procuravam dar as seis filhas que tiveram; Raquel,
Gabriela, Graziela, Rafaela, e as gêmeas, Gisele e Patrícia, o melhor que
tinham em seus corações: educação e bons princípios.
Adolescente,
Gisele sonhava em ser jogadora de vôlei. Pensou muitas vezes em entrar para a
Sociedade de Ginástica de Porto Alegre. Mas seu destino não estava nas quadras
de vôlei, e a vida se encarregaria de conduzi-la ao seu devido lugar.
Quis os
ventos do destino que Gisele fosse apresentada ao mundo do glamour por um conterrâneo
dela, o também horizontinense, Dilson Stein.
Corria
o ano de 1994. Dílson morava em São Paulo na época, e trabalhava no mundo da
moda. Havia voltado à sua cidade natal para ministrar um workshop para modelos.
Gisele, às vésperas de completar quatorze anos, era bem alta para uma
adolescente da idade dela. A tia de Gisele resolveu inscrevê-la nesse workshop
para que a sobrinha melhorasse um pouco a postura. Na verdade, a tia achava a
sobrinha um pouco desajeitada, digamos assim.
Um bom
olheiro tem que ter olhos de lince... E Dilson Stein tinha. No primeiro dia que
viu Gisele, ficou impressionado com a adolescente. Sabia que ela tinha algo que
a diferenciava das outras. Na primeira vez em que a viu, Dilson vislumbrou o
que o mundo somente iria ver em alguns anos. E não escondeu isso. Disse então a
tia de Gisele, já naquele primeiro encontro, que a jovem seria uma das melhores
modelos do mundo. Obviamente, não foi levado a sério. Nem por Gisele, nem pela
tia dela. Era mesmo difícil que elas compartilhassem da mesma opinião do
caçador de modelos, olhando para a realidade e para a simplicidade na qual
viviam em Horizontina.
Passou-se
um mês e Dilson resolveu levar algumas moças para São Paulo, a fim de
apresentá-las à agências de modelo. Dentre as moças que levou à capital
paulista, estava Gisele Bundchen. A mãe de Gisele foi totalmente a favor da
escolha de Gisele pelo mundo das passarelas. O pai viu a ideia com reservas. Em
São Paulo, Dilson apresentou Gisele a Zeca de Abreu, que na época era diretor
da agência Elite. Gisele parecia ter mesmo uma luz especial, pois, assim que
Zeca a viu, imediatamente a convidou a fazer parte do quadro de modelos da
agência Elite.
A Elite
foi apenas um trampolim na carreira da jovem modelo. A partir dali ela iria
conquistar os céus da moda, com a mesma rapidez com que via os meteoros
cruzarem os céus do Rio Grande, nas noites tranquilas de Horizontina. Dentro de
apenas cinco anos, o mundo conheceria uma supermodelo.
Dois anos
após, Gisele viajou aos Estados Unidos, para um desfile na cidade de Nova York.
O desfile foi um sucesso. Começava ali, a carreira internacional da
menina-moça, oriunda de uma pequena cidade do Rio Grande do Sul. As coisas não
se deram com tanta facilidade como se imagina. Em Nova York, Gisele era
princesa durante o dia, enquanto corria atrás de ensaios fotográficos e novas
oportunidades de trabalho, e de noite virava gata borralheira, quando limpava o
pequeno apartamento no qual morava, e no qual tirava um tempinho, á noite, para
deixar a casa em ordem.
Com o
esforço, a dedicação e o talento de Gisele, vieram os louros da vitória.
Em 2000
foi considerada pela Rolling Stones,
a modelo mais bonita do mundo. Em 2007, foi incluída no Guiness Book, como a modelo mais rica do mundo. O site models.com
a apontou como a modelo-ícone mais sexy do mundo. A Forbes a elegeu, em 2013, uma das 100 mulheres mais poderosas do
mundo. Também em 2013, a brasileira Época,
apontou-a como uma das 100 personalidades mais influentes do Brasil. De acordo
com a Forbes, há oito anos, Gisele
ostenta o título de modelo mais bem paga do mundo. Ufa! Isso é apenas um pouco
do currículo de Gisele. Acho melhor parar por aqui, senão a postagem vai ficar
muito longa.
Gisele
teve em sua companhia alguns dos homens pelos quais suspiram o coração da
maioria das mulheres como, Rodrigo Santoro, Leonardo de Caprio e o jogador de
futebol americano, Tom Brady, com quem veio a se casar em fevereiro de 2009,
tendo com ele dois filhos.
No bastasse
tudo isso, Gisele é ativista, participando intensamente de causas sociais. Como
por exemplo, na campanha I am African, ocasião em que pintou o
rosto em protesto contra a falta de assistência às vítimas do HIV, especialmente
na África. Também está envolvida em projetos de preservação da Floresta
Amazônica. Também se uniu a Al Gore, ex-vice presidente americano, em apoio a
campanha, Energia Sustentável para Todos.
Isso também é apenas um pouco do ativismo social praticado por Gisele.
Enfim,
após brilhar intensamente nas constelações do mundo da moda, tendo sua imagem
estampada em mais de mil capas de revista, Gisele resolveu encerrar sua
carreira nas passarelas, onde reinou por 20 anos. Escolheu para esse momento
especial escolheu o Brasil, na 39a edição da São Paulo Fashion Week.
O desfile de adeus às passarelas aconteceu na noite da quarta-feira, 15 de
abril último. No desfile, ela era como sempre foi, rainha. Rodeada de grandes
modelos e grandes amigas conquistadas ao longo da carreira, Gisele se despediu
de forma triunfal.
Na primeira
fila estava toda a família de Gisele: o marido Tom Brady, os pais, e as cinco
irmãs.
Por
ocasião do evento, o marido e fã, publicou a seguinte declaração apaixonada à
supermodelo: "Parabéns amor da minha
vida. Você me inspira todo o dia para ser uma pessoa melhor. Estou tão
orgulhoso de você e de tudo que você tem feito na passarela. Eu nunca conheci
alguém com tanta vontade de vencer e determinação para superar qualquer
obstáculo no caminho. Você nunca deixa de me surpreender. Ninguém ama a vida
mais do que você e sua beleza é muito mais profunda do que o que os olhos podem
ver. Eu não posso esperar para ver o que vem a seguir. Eu amo você."
Dilson
Stein, o homem que apresentou Gisele ao mundo disse: “Gisele representa para o mundo da moda o que o Pelé representa para o
futebol. Outras grandes modelos vão surgir, mas nunca haverá outra Gisele”.
Gisele
não disse adeus de todo, ao mundo da moda. Ela destinará seu tempo a projetos
especiais nessa área e, especialmente, ao marido e aos filhos.
É
isso, uma estrela brilhante não se apaga jamais.
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