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A volta por cima de Amy Cuddy
Posted by Cottidianos
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00:26
Terça-feira,
21 de abril
Conta
certa lenda que estavam duas crianças patinando num lago congelado.
Era
uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o
gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou. A
outra, vendo seu amiguinho preso e se congelando, tirou um dos patins e começou
a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e
libertar o amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido,
perguntaram ao menino:
—
Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o
gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis! Nesse instante, um ancião que
passava pelo local, comentou:
— Eu
sei como ele conseguiu.
Todos
perguntaram:
— Pode
nos dizer como?
— É
simples. — respondeu o velho — Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer
que não seria capaz.
Esta
é uma lenda que circula pela internet como sendo da autoria de Einstein, provavelmente
não seja de autoria dele, mas o que quero destacar aqui é a mensagem que ela
traz, e não a autoria dela.
Há
momentos na vida em que precisamos ser absolutamente crentes e, em outros
momentos, temos que ser absolutamente descrentes. Explico-me. Quando lhe
disserem que você não é capaz de realizar os seus sonhos, aqueles objetivos
pelos quais você anseia, e que lhe fazem se sentir realizado, ou realizada,
seja descrente, absolutamente descrente. Não tenha medo de sê-lo.
O menino
na lenda acima, não precisou usar desse artifício, ele teve a sorte de não ter
ninguém por perto dizendo que ele não podia salvar o amiguinho, que certamente,
sem ajuda de alguém, morreria congelado. Mas nem sempre é assim. Às vezes temos
que lutar contra os ventos que sopram em sentido contrário ao que navegamos, fazendo
nosso barco oscilar, deixando-nos com uma sensação de desanimo, de que não
somos capazes de seguir em frente, de triunfar, por maiores que sejam as
adversidades.
Os
mais fracos, sucumbem diante desses desestímulos. Os mais fortes não. Esses fecham
os ouvidos a todas essas negatividades e falta de confiança... E seguem em
frente. Vislumbram o amanhã glorioso onde brilha sobre o peito, a brilhante
medalha de ouro da vitória. Sabem que é dentro de si que encontrarão as forças
de que necessitam para singrar os mares da adversidade. Por vezes, essa
realidade é dura e cruel. Os obstáculos, vistos por quem está à margem, olhando
de longe a situação, são insuperáveis, e por isso dizem: “Tira teu barco desse
mar. Você jamais conseguirá cruzar o oceano. Tira esse barco da água e vai
tentar uma outra atividade.” Entretanto,
quem está dentro do barco, olha para o alto e ouve a voz daquele que a tudo vê,
e que tudo sabe, e ele diz: “Tenha confiança. Acredite em si mesmo. Estou
contigo nessa travessia. Não temas.”
Nesse
ponto, volto a falar da psicóloga americana, Amy Cuddy, da qual falei em minha
postagem de sábado. Não foi tanto a pesquisa de Amy que me chamou a atenção. De
estudos semelhantes já tinha ouvido falar. O que fato me chamou a atenção na
pesquisadora, foi a sua história de vida. Ela é dessas pessoas de quem se diz: “Você
não pode”, e a elas dizem: “Eu posso.”
Nascida
em uma pequena cidade da Pensilvânia, Amy, desde pequena sempre foi considerada
uma garota com inteligência acima da média, uma criança superdotada. Estudou
ballet, mas seu grande sonho era conseguir um diploma universitário. Mais que
isso: O ambiente universitário a fazia se sentir bem, e ela sentia que era ali
que deveria estar. Amy Cuddy não nasceu no que costumamos chamar de “berço de
ouro”, teve que correr atrás dos seus sonhos com muito trabalho e esforço.
Finalmente,
ela conseguiu entrar para a universidade. Tudo corria bem para a jovem. Porém,
a vida é não é uma estrada reta, ao contrário, é cheia de curvas. Seguimos por
ela, sem saber o que nos aguarda na próxima curva. Esperamos sempre que seja o
melhor, mas nem sempre é assim.
Amy
Cuddy havia conseguido entrar para a universidade. Um ano se passara e ela já
estava no segundo ano. Tinha 19 anos. Estava feliz com as novas conquistas e
muitos sonhos coloridos se desenhavam no horizonte de sua vida.
Numa
dessas curvas da vida o pior para aconteceu à jovem universitária. Ela sofreu
um grave acidente de carro. O acidente foi tão violento que ela foi jogada para
fora do carro e rolou varias vezes sobre o próprio corpo. A jovem sofreu traumatismo
craniano grave. Em consequência do acidente ela seu nível de QI reduzido. Depois
do susto passado, a jovem tentou voltar à faculdade. Foi então que teve uma
surpresa desagradável. Os médicos disseram para ela, mais ou menos, o seguinte:
“Olha, Amy, nós sentimos muito por você. Sabemos que você gosta muito da
universidade e quer realizar seus sonhos nessa estrada. Mas, devido ao acidente
que você sofreu, isto não será mais possível. É melhor você procurar outro
caminho. Há muitas outras coisas que você pode fazer. Há outros caminhos
possíveis.”
Para
ela que sempre fora considerara por todos como uma garota inteligente, foi um
choque terrível ouvir isso.
Amy
Cuddy fechou os ouvidos a todas essas negatividades... E seguiu em frente. Estudou,
e estudou muito. Conseguiu se formar na faculdade. Trabalhou duro para recuperar as atividades cognitivas.
Era como se estivesse reaprendendo a aprender. Durante esse período, ouvia
muita música clássica, principalmente Mozart. Após dois anos conseguiu
recuperar as habilidades que haviam sido prejudicadas com o acidente. Levou quatro
anos a mais que os demais colegas que iniciaram o curso junto com ela, mas
conseguiu. Quis ir para a Universidade de Princeton fazer doutorado em psicologia...
E foi.
Em
Princeton, encontrou um anjo conselheiro, chamado Susan Fiske. Susan lhe dava
boas dicas de estudo e grande suporte emocional. Em Princeton, Amy desenvolveu
a “síndrome do impostor”. Ela achava que não era digna de estar ali, naquele
grande centro de conhecimento. Não se achava merecedora de fazer parte daquela
comunidade. Ela achava que era uma fraude e que logo seria descoberta.
Enfim
chegou o grande teste, a grande prova. Ela teria que fazer o seu primeiro
discurso de primeiro ano de faculdade. O discurso seria feito para vinte
pessoas, e duraria vinte minutos. Na noite que antecedeu o discurso não
conseguiu dormir, de tão nervosa que estava. No dia seguinte ligou para sua
conselheira, Susan Fiske, e ainda muito nervosa, comunicou a Susan que estava
abandonando a universidade. Explicou a ela que estava se sentindo uma
impostora, e que não merecia estar ali.
Susan,
então, falou sério com Amy. Disse que ela iria ficar, que tinha apostado nela,
e que ela não iria jogar fora todo esse esforço, todo esse empenho. Disse-lhe
que, se ela não sabia fazer o discurso, fingisse que sabia. Disse-lhe também
que, a partir daquele dia, ela iria fazer todos os discursos que lhe pedissem
para fazer, mesmo que estivesse paralisada pelo medo, mesmo que estivesse
aterrorizada, ou qualquer outra coisa. Até que um dia, ela olharia para si
mesma e diria: “Meu Deus, eu estou fazendo isso”.
Isso
foi que fez a jovem estudante nos cinco anos seguintes. Mesmo quando estava com
muito medo e insegura, ela fingia que estava que estava tudo bem, que era a
melhor oradora da faculdade. E deu certo. Passou por algumas universidades e
foi parar em Harvard, como professora.
A vida
seguiu seu curso e esses fatos acabaram ficando meio esquecidos em algum
recanto das lembranças de Amy. Estava se aproximando o fim de seu primeiro ano
em Harvard. Havia uma de suas alunas que pouco participava das aulas. Algumas vezes,
a professora Amy Cuddy, precisou falar para ela: “Você participa muito pouco
das aulas. É melhor você participar mais, senão vai ser reprovada”. No final do
semestre, essa aluna foi procurá-la em sua sala. Sentou-se. Sua atitude
demonstrava derrota e desanimo. Então ela disse a Amy: “Eu não devia estar aqui”.
Foi
como se um filme passasse pela cabeça de Amy e ela revivesse todas aquelas
cenas que vivera anos atrás, quando ela mesma, era quem estava na situação em
que se encontrava a estudante, sentada à sua frente. Uma luz se acendeu na
mente de Amy e, de repente, ela compreendeu que tinha se tornado a pessoa que
queira ser. Não precisava mais fingir que era. Percebeu que não mais agia como
uma garota medrosa, insegura e que achava que não merecia estar onde estava.
Ela,
então disse à estudante, as palavras que tinha ouvido de seu anjo conselheiro,
em Princeton. “Você deve estar aqui, sim. E amanha você vai fingir que é
poderosa, vai fazer o melhor discurso que você já fez até hoje. E vai seguir em
frente, de cabeça erguida.”
E assim
é na universidade da vida. Temos que enfrentar os nossos medos e vencê-los. Muitas
vezes não é fácil. Deixe de lado a “síndrome de impostor”. Acredite que você
merece cada prêmio, cada conquista, cada sorriso de felicidade. Já ouvi pessoas
dizerem: “Não mereço tamanha felicidade”. Essa é uma frase que não deve ser
repetida. Se você está feliz, é porque você merece estar feliz. Se você
alcançou uma conquista, seja profissional ou amorosa, é porque você teve méritos
para isso. Você mereceu essa conquista. Então aproveite... E curta essa
felicidade.
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