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O renascer de Cristina Kirchner

Posted by Cottidianos on 22:41

Sexta-feira, 02 de setembro

Nesta sexta-feira, 02 de setembro, as coisas no Brasil estão relativamente tranquilas, mas na Argentina... O clima não é o mesmo. O presidente Alberto Fernandez decretou feriado, e milhares de pessoas foram às ruas, mas o clima não era de festa, mas, sim, de tensão e revolta.

O mundo ficou chocado no dia de hoje com a tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Era para ser uma noite de quinta-feira normal para Cristina. Era por volta das 9 da noite. Ela estava no Senado. A sessão terminou e ela voltou para casa, no bairro da Recolta, área nobre de Buenos Aires.

Na frente da casa dela está um grupo de apoiadores. Não foi nenhuma surpresa encontra-los lá. Ela já esperava que eles estivessem ali. Afinal, estão montando guarda na frente da casa dela desde que o Ministério Público pediu a prisão dela. O órgão pede 12 anos de prisão para ela pelo crime de corrupção ligada à contratação de obras públicas. O promotor, Diego Luciani a acusa de desviar dos cofres do estado no período em que ela foi presidente do país no período entre 2007 e 2015.

Desde então os apoiadores montaram um espécie de acampamento em frente à casa onde ela reside. Ela chegou lá, e como faz desde o dia em que o grupo chegou, ela desceu do carro para cumprimenta-lo, tirar fotos, enfim, ser gentil com aqueles que a defendem.

Porém, aquela noite seria diferente. Poderia ter sido à noite em que a vice-presidente da Argentina perderia a vida. Dentre a multidão de apoiadores que a cercava, nem todos estava com boas intenções.

Um deles queria a morte de Cristina. Era Fernandes André Sabag Montiel, de naturalidade brasileira, 35 anos, motorista de aplicativo. Ele nasceu em São Paulo e é filho de mãe argentina e pai chileno. Ele saiu do Brasil para morar na Argentina por volta dos 10 a 15 anos de idade.

No momento em que Cristina estava cumprimentando apoiadores, surgiu ali no meio deles, uma mão segurando uma arma apontada para o rosto dela. Óbvio, a reação de Cristina foi de susto. Ela fechou os olhos e deve ter pensado “vou morrer”. Ela chega a se abaixar um pouco. O homem apertou o gatilho da pistola Bersa, calibre 32, de fabricação argentina, carregada com cinco balas uma, duas vezes, mas a arma falhou.

Os próprios apoiadores dominaram o homem... E Cristina segue cumprimentando os apoiadores. Talvez nem tenha se dado conta, naquele momento, do grande perigo que correu.

A polícia prendeu o homem que tentou matar Cristina e descobriu que ele já havia estado às voltas com a polícia. Foi em março de 2021 quando foi detido em Buenos Aires por porte ilegal de armas. Na ocasião, os policiais o abordaram por causa de estar estacionado com carro sem placa traseira. Os policiais pediram o documento do carro, e quando Fernandes abriu a porta do carro para pegá-los, por acaso, caiu de dentro do veículo, um facão com lamina de 25 centímetros.

Nas fotos que Fernandes André Sabag Montiel exibe nas redes sociais, uma tatuagem chama a atenção: um sol negro desenhado na altura do cotovelo. O símbolo remete à SS, polícia de Hittler, e a um ramo secreto do Partido Nacional Socialista liderado, por Adolf Hitler de 1933 a 1945.

O sol negro reúne em si três elementos principais da ideologia nazista; a roda solar, a suástica, e a runa da vitória, letra do alfabeto usado por antigas tribos germânicas.

Esse símbolo foi trazido para o nazismo por Heinrich Himmler, chefe da SS. É um símbolo do ocultismo nazista e que serve para justificar toda aquela barbárie que aconteceu na Alemanha de Hitler. Para os nazistas o símbolo representava a força e a sabedoria da raça ariana.

Segundo a polícia Fernandes segue, nas redes sociais, grupos ligados à disseminação de ódio e o radicalismo, como por exemplo, o “comunismo satânico”, “Coach Antipsicopata”. Grupos que pregam a ideologia nazista também estavam na lista de grupos seguidos por ele.

Nas redes sociais ele também se mostrava um ferrenho crítico do governo argentino, do qual Cristina faz parte.

A jornalista Márcia Soares, correspondente em Buenos Aires, em colaboração ao programa CBN Brasil, da rádio CBN, disse que há duas semanas ele apareceu em entrevista de uma TV muito popular na argentina, a TV Crônica. A TV fazia uma reportagem na rua, perguntando as pessoas o que elas achavam dos planos sociais do governo, se isso geraria preguiça nas pessoas.

E por coincidência, Fernandes foi um dos entrevistados. Na entrevista ele falou mal dos programas sociais do governo. Ele chegou a ser entrevistado por essa TV em duas ocasiões. Segundo a correspondente, ele postou nas redes sociais que havia sido acusado de xenofobia por que tinha falado dos bolivianos

Depois do ocorrido na noite de ontem, as redes sociais dele foram tiradas do ar.

O fato que ocorreu na Argentina nos mostra aonde pode nos levar a radicalização. Lembrando que o Brasil o caminha em direção a radicalização, e a intolerância. E tudo isso não nos leva a sermos um país melhor, nem a sermos pessoas melhores. Muito pelo contrário, isso nos torna pior em todos os sentidos.

E é bom pensar nisso, porque, exatamente, daqui a um mês teremos eleições. Há menos de um mês tivemos o caso de um guarda municipal que foi morto por um bolsonarista porque havia organizado uma festa de aniversário com tema do PT.

Na noite desta quinta-feira, 01, por pouco também não houve uma tragédia dentro de uma igreja evangélica, em Goiânia. O cabo da Polícia Militar, Vitor da Silva Lopes, 37, atirou na perna do irmão, Davi Augusto de Souza, 40. A vítima foi levada ao hospital, passou por cirurgia, e não corre risco de morte.

A briga se deu na Congregação Cristã do Brasil, Setor Finsocial, região noroeste de Goiânia. O homem baleado discordava da orientação dos pastores, que, seguindo a diretriz nacional da igreja, pregavam o discurso contra partidos e políticos de esquerda.

É preciso lutar contra essa onda de radicalização que atinge, não só Brasil, Argentina, mas que também já chegou aos Estados Unidos, e a diversos outros países. Não podemos retroceder. A Lei, mas também cada um de nós é um guardião da democracia, e não podemos prescindir desse alto valor. E democracia pressupõe liberdade de opinião e respeito pelo outro.


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