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Prece de gratidão

Posted by Cottidianos on 00:21
Quinta-feira, 07 de julho

Obrigado Senhor porque és meu amigo
Porque sempre comigo Tu estás a falar
No perfume das flores, na harmonia das cores
E no mar que murmura, o Teu nome a rezar.  
Escondido tu estás, no verde da floresta
Nas aves em festa, no sol a brilhar
Na sombra que abriga, na brisa amiga
Na fonte que corre, ligeira a cantar   
Te agradeço ainda porque na alegria
Ou na dor de cada dia, posso Te encontrar
Quando a dor me consome, murmuro o Teu nome
E mesmo sofrendo, eu posso cantar.”
(Obrigado, Senhor – música gospel)



Caríssimos, leitores e leitoras, deste blog.

No dia 06 de julho de 2013, há três anos, iniciava as postagens neste blog.  Era um dia de sábado, e depois de certo trabalho de montagem da página, finalmente publiquei minha primeira postagem. Creio que elas tenham melhorado um pouco de lá para cá. Assim, aperfeiçoando-me prática, talvez, um dia, venha a dominar essa maravilhosa ferramenta chamada escrita. Por enquanto, sou um simples aprendiz, que, se fosse em tempos antigos, diria que está se esmerando em ser cada dia melhor no domínio da pena e da tinta.

Talvez este blog tenha um vocação política. Embora tenha fugido desse tema por algum tempo. Digo isso, pois, no momento que resolvi iniciar as postagens nesse recanto, o Brasil estava às voltas com intensas manifestações populares, contra os desmandos, contra os desgovernos de nosso país, contra a falta de caráter de nossos políticos, contra o aumento das passagens de ônibus, e tantas outras coisas. Não havia uma reivindicação definida, todos gritavam em todas as direções, mas ali, já se notou que o brasileiro estava cansado de tanta coisa errada que acontece em nosso país.

O dia 06 de julho, por sua proximidade, também remete ao 9 de julho, dia de luta no estado de São Paulo. Naquele dia 9, eclodia a Revolução Constitucionalista de 1932.

Recentemente, temos visto explodirem os escândalos de corrupção revelados pela Lava Jato, como explodem as larvas de um vulcão. É o Brasil sendo passado a limpo. E passar um país a limpo, dói, mas, quem sabe, disso não tiraremos boas lições, e finalmente, encontremos o caminho da ética e da moralidade?

Também, recentemente, vivemos um processo de impeachment da presidente Dilma, e ainda estamos nele, e vimos Michel Temer elevado à condição de governo interino, e nesse cenário tenho escrito vários textos sobre política. Mas nem só de política vive o homem. Tenho falado aqui de direitos civis e de igualdade racial, e unidade religiosa. Entretanto, também nem só de política, nem de direitos humanos e civis vive o homem. Antes e acima de tudo, tem o homem que se fortalecer com as armas da fé no Deus altíssimo, e alimentar-se com o pão e o vinho da oração. São esses alimentos e esta fé que nos fará triunfar em meio às dificuldades e percalços da vida.

Este que vos escreve tem feito bastante uso do alimento da oração e das armas da fé. As pedras no meu caminho tem sido muitas, mas acima de todas as pedras, grandes ou pequenas, tem sido infinitamente maior a bondade, a misericórdia e o amor divinos. É esse coração agradecido que, neste momento, ergue os olhos e o coração para o alto e diz: “Obrigado, Deus altíssimo, pela fé, pela força, e pela coragem de que me revestes, todos os dias, para que eu atravessar confiante os vales desta via chamada vida”.

É também com o coração agradecido que compartilho essa alegria de viver com vocês que acompanham o Cottidianos, no Brasil e no exterior.

Hoje, nesse dia especial, peço-vos licença para fugir um pouco da política, e falar do espírito.

Obrigado a Deus!

Obrigado a todos vocês!

***


O movimento da vida

O pêndulo de um relógio na parede balança para lá e para cá, dia e noite, noite e dia, incansável. Mede a unidade de tempo cronológico chamado tempo. Coitado do relógio! É incapaz de marcar, entretanto o tempo do Senhor do Tempo, das horas e dos dias, que se sucedem tão velozes como os cometas que rolam pelo céu imenso. Porém, há uma condição que fará com que os ponteiros do relógio fiquem inertes: a falta de pilhas, ou de bateria. Sem estas, os ponteiros incansáveis, estagnam e não saem do lugar.

 O automóvel, maravilha da modernidade, atravessa as ruas engarrafadas das cidades. Leva o homem para lá cá e para cá. Facilita em muito a vida humana, e também a prejudica com a emissão de gases poluentes, que aos poucos, vão minando a camada de ozônio. E tal alteração na constituição da esfera terrestre vai modificando as primaveras, os verões, os outonos, e os invernos. O tempo fica confuso. O homem também. E sofre as consequências do preço que o progresso cobra. O carro nos proporciona velocidade, praticidade e conforto. Mas também para o carro, há uma condição que fará com que ele estagne: a falta de combustível. Falte este e o carro não mais proporcionara velocidade, nem conforto, nem praticidade. Coitado do carro! Jamais alcançará a velocidade estonteante que alcançam os corpos celestes que correm enlouquecidos, porém, de maneira ordeira, pelas galáxias universo afora. Nem os faróis dos nossos ultramodernos automóveis jamais excederão a luz das estrelas em brilho e fulgor.

E o homem, esse pequeno e diminuto ser que acha que é Deus. O homem nasce, cresce, reproduz-se envelhece. Corre de lá para cá em seu automóvel, e, dentro deste, enche-se ainda mais da vontade de ser Deus, olha o relógio a fim de não perder um segundo de seu tempo, pois, como costuma dizer com ar grave, como condiz aos homens de nosso tempo: “tempo é dinheiro”. Enquanto o homem enfrenta essa correria louca, as areias da ampulheta do tempo, sobre as quais ele não tem o menor domínio vão escorregando, lenta e pacientemente de uma âmbula a outra da ampulheta. Enquanto o relógio de areia continua seu lento processo, o homem continua a correr, correr, e correr, em busca de tantas ilusões... E o relógio de areia, ali, cumprindo sua função, sempre a sinalizar que, um dia, toda a areia passará de uma âmbula a outra... E será um novo começo, uma nova vida. E o homem, que achava que era Deus, estando diante do Deus infinito, finalmente ficará face a face com sua pequenez, e dirá então: Senhor, perdão por não ter me preparado para a eternidade.

O homem é movimento, mas uma condição fará com que o corpo do homem fique inerte: a ausência do espírito, e a falta de oração. Um homem sem oração é como um relógio sem bateria, ou um carro sem gasolina: não vai muito longe. O destino do espírito, porém, não é ficar preso ao corpo. Um espírito preso ao corpo é igual ao pássaro numa gaiola: não vê a hora de voar.

Olhe para o sol que se levanta todas as manhãs, intenso, brilhante, poderoso, e doador de seu calor e brilho a nós, raça humana. Há bilhões de anos ele percorre o céu, incansável. O sol é movimento, não para nunca.

Levante os olhos para o céu em noite estrelada, ou em noite de um luar admirado pelos poetas e pelos corações sensíveis e apaixonados. As estrelas, cometas, constelações e galáxias, estão a emitir seu brilho há bilhões de anos. Tudo no infinito céu é movimento.

Desça seus olhos do alto e os volte para as matas, florestas, e jardins que cobrem a face da terra. A copa vicejante das árvores erguendo-se em direção ao alto parece mãos a erguer os braços para o alto e glorificando a Deus pela maravilha de viver, pelo ar que respiram, pelos nutrientes que, através das raízes que lá embaixo ficou, nutre-lhes do necessário para continuarem sua missão na floresta.

Observe, com carinho, o botão que se abre vagarosamente, e, belo dia, se revela uma esplendida e perfumada flor. Que maravilha é ver crescer um simples grão de feijão. Uma folhinha, depois outra, depois muitas delas, e a planta se esparrama pelo chão, e frutifica em muitos grãos com que vem abastecer nossas mesas, nossos pratos, e nossos estômagos famintos. Também aqui, tudo é movimento. Nada é inércia.

Penso nos mares com sua rica e diversificada fauna e flora marinhas. É outro mundo de belezas, dentro de nosso próprio mundo. O fundo do mar é um festival de corais, bagres, baleias, tubarões, golfinhos, e tantos outros peixes delicados, ou ameaçadores, e também de ostras, mariscos e lagostas. Há bilhões de anos as espécies marinhas estão lá, renovam-se, é verdade, mas o fundo dos oceanos está sempre em movimento.

Pense nas cascatas de uma cachoeira que jorra farta do alto da serra. As espumas de suas doces águas parecem os véus de uma deslumbrante noiva a bailar ao sabor do vento, sob a música envolvente da orquestra da natureza. A água da cachoeira lava e purifica nosso corpo e nossa alma, livrando-nos de todas as impurezas, pois esse abençoado líquido cristalino, possui propriedades tão especiais que o homem, mesmo com todos os seus modernos estudos e maquinarias, ainda não descobriu por completo. Também a água é movimento.

Portanto, se tudo o que vive e respira, louva e bendiz ao Senhor, porque não o fazeis também tu, ó pequeno e diminuto homem, tu que és pó, e ao pó voltarás? Não te consideres Deus, pois dele vieste, e para ele voltarás. Não te consideres, tu, o centro do universo, pois seres grandiosos e maravilhosos vieram séculos antes de ti, e ainda permanecem. Também não fiques na inércia, pois correrás o risco de seres devorado pelo intenso e incansável movimento da vida.


Sai do teu pedestal, ò pobre mortal, e, como a lua, as estrelas, o sol, a copa das árvores carregadas de frutos, os peixes do mar, e todo ser vivo, louva e agradece ao teu Criador, todos os dias, ao acordares, e ao deitar tua cabeça para repousar à noite. Entende que, se teu corpo é pó e ao pó voltará, teu espírito, ao contrário, é luz, é vida eterna, é liberdade. Cuida então de abastecer com bons óleos a lamparina de tua vida, para que a eternidade não te encontre em trevas. 

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