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Princesa negra
Posted by Cottidianos
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01:20
Terça-feira,
28 de novembro
“Ainda que eu falasse a língua dos homens
E
falasse a língua dos anjos
Sem
amor, eu nada seria
É
só o amor, é só o amor
Que
conhece o que é verdade
O
amor é bom, não quer o mal
Não
sente inveja ou se envaidece”
(Monte Castelo – Renato Russo)
Giovanna Ewbank, Bruno Gagliasso e, Titi |
A
lei é implacável. Aqui fez. Aqui pagou. E ainda sobra muita dívida para depois
que se atravessam as fronteiras. Aos ricos, pobres, negros, jovens, idosos. Com
nenhum deles ela é benevolente. Desviou-se dos caminhos, das suas regras, dos
seus princípios ela age, e age com vigor.
Não
falo da lei dos homens, falo da lei de Deus, falo da lei do eterno retorno. Tanto
faz se você é católico, protestante, budista, umbandista ou professa qualquer
outro credo ou religião, você está sujeito à mesma lei que rege a todos. Não terá
nenhuma benesse se for desta ou daquela religião, seguir este ou aquele pastor,
frequentar igreja A, B, ou C.
É
clichê, lugar comum, obviedades — seja o nome que queira dar a isto que vai ser
dito agora, e que, aliás, tantos outros já disseram: A vida é uma escola, um
aprendizado. E na escola, como todos sabem, há os alunos mais adiantados, e aqueles
mais lentos para aprender. Na escolinha da vida haverá sempre os bons, os
medianos, e os dificultosos no aprendizado.
Mas
é assim mesmo, não se ia querer que fossem todos iguais, não é verdade? Na escola
da vida, o professor tempo tem que respeitar o ritmo de cada um, o tempo de
cada um. Ora, se nem todos os dedos das mãos são iguais, como era de se querer
todos os alunos iguais, não é mesmo?
Ainda
dentre esses pequenos aprendizes que somos todos nós, há os que são adiantados e
o que aprendem com dificuldade, como já foi dito. Porém dentre esses últimos há
duas classes de aprendizes: aqueles que se esforçam por aprender, mesmo que
seja à custa de muita repetição, e aqueles que parecem que desistiram de ler a
cartilha. Esses em nada ajudam o professor. Ficam na sala de aula da vida
fazendo brincadeiras, zoando os outros, levando a vida na troça.
Coitados
desses! Não sabem que, como em todas as escolas, há sempre uma prova final. E o
diretor da escola da vida, o Supremo diretor, não é bom. Não pensem que ele é
bonzinho não. Ele é justo. E entre ser bom e ser justo há uma grande diferença
que apenas os seres superiores sabem compreender, e mais que isso, por em
prática.
Ande
pelas ruas das cidades. Observe. Olhe ao seu redor. Você verá que nem todos são
iguais nas limitações e capacidades dos seus corpos: Uns são mancos, outros são
coxos, outros são cegos, e outros ainda são surdos.
Assim
como existem pessoas cujas limitações corporais deixam a desejar. Se tivéssemos
o dom de ver aquilo que não se pode ver, digo o mundo interior de nossos
semelhantes, veríamos ao nosso redor, pessoas mancas, coxas, cegas, surdas e
mudas mentais e espirituais. E ter limitações no corpo não é defeito, ter algumas
limitações mentais também não é defeito. São coisas da vida. Alguma expiação de
fatos cometidos em vidas passadas, quem sabe? Como já dizia o filosofo, há mais
mistérios entre o céu e a terra do que pode entender a nossa vã filosofia.
Indo
mais além, se tivéssemos ainda o elevado dom de enxergar ainda mais a fundo os
homens e mulheres de nosso estranho mundo, veríamos que muitos deles são doentes
mentais e espirituais.
Os
egoístas são doentes espirituais, os avarentos são doentes espirituais, os
preconceituosos são doentes espirituais, e, geralmente, toda doença espiritual
quando chegou a esse nível certamente já passou pelo mental.
Ainda
na escola da vida, os homens e mulheres dispõem de uma arma poderosa chamada língua.
Essa arma ferina quando bem usada eleva o ser humano, e quando usada de forma errônea,
rebaixa-o ao menor nível. Portanto há que se ter cuidado ao tirar essa espada
da bainha, ou melhor, dizendo, é preciso muito cuidado ao tirar a língua da
boca para dizer qualquer coisa.
Ora
é sabido por todos também que uma vez proferida uma palavra, não pode
desdizê-la. Palavras que a boca pronuncia são como penas jogadas ao vento. Experimente
jogar um saco de penas do alto de uma torre e depois tente pegar todas de
volta. Por mais esforço que faça não conseguirá, pois o irmão vento já se
encarregou de espalhá-las por todos os lugares.
Como
exemplo disto, este blog cita o caso recente do ator Bruno Gagliasso. Às 10hs
da manhã desta quarta-feira (27), o ator foi a uma delegacia da Zona Norte do
Rio para prestar queixa, por ofensas racistas sofridas pela filha, Chissomo,
carinhosamente chamada pelos pais de Titi.
A
menina, negra, oriunda de um dos países mais pobres da África, foi adotada pelo
casal Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, atores, brancos, ricos e famosos. Ano passado,
o casal fez uma viagem ao Malawi, no Sul da África, onde adotaram a menina, e
criam ela com esmerado cuidado, como todos os pais devem cuidar de seus filhos
seja eles adotivos ou não.
O
motivo da queixa de Bruno e de sua esposa?
No
domingo, uma brasileira, Day McCarthy, e provavelmente, radicada no Canadá,
publicou na rede social Instagram, um vídeo contendo xingamentos à filha de
Bruno Gagliasso. Diz a escritora(?), socialite (?), no tal vídeo: “Eu queria
entender os falsos, os puxa-sacos, que me criticam pela minha aparência, por
não ter olhos azuis, cabelo liso, e nariz bonito, fino, como a sociedade impõe
esse tipo de beleza. Mas ficam lá, no Instagram do Bruno Gagliasso, elogiando
aquela macaca. A menina é preta, tem o cabelo horrível de pico de palha, e tem
o nariz de preto horrível, e o povo, e o povo fala que a menina é linda. Aí,
essas mesmas pessoas vem no meu Instagram, me criticam pela minha aparência...
Então, você só ta puxando o saco, porque é adotada por famoso? Filha não é,
porque como que duas pessoas brancas, dos olhos claros, vão ter uma filha
preta, do cabelo de pico, e com nariz de negro? Ah, povo ridículo, hein?”
Se
preciso for, prezado leitor, prezada leitora, releia essa aberração dita por
esta senhora, e responda, qual pai, qual mãe, não ficaria indignado(a) ao ouvir
coisa tão horrível sobre seu filho, sua filha?
Certamente,
se você tivesse o dom de ver o interior do coração da Sra. McCarthy, veria que
é um coração doente, veria que ela é apenas um corpo saudável abrigando uma
mente e um coração doentio.
Certamente,
a linda Titi, com sua cor preta, que em nada a diminui, é muito mais bela e
cheia de luz do que aquela que fez os comentários a seu respeito.
Não
é a primeira vez que Bruno Gagliasso, a mulher dele, Giovanna Ewbank, e a filha
do casal, Titi, passam por situações como essa, e nem será a última. Fora os
revezes diários, e que não chegam a grande imprensa. Bruno, em novembro de
2016, esteve na delegacia pelo mesmo motivo, para prestar queixa por racismo
por ofensas contra a menina. Na ocasião, a atriz Giovanna Ewbank, postou uma
foto da menina em sua rede social, e logo vieram comentários racistas a
respeito da foto da criança.
E
assim, será sempre, enquanto não houver uma conscientização por parte de alguns
lentos e lentas no aprendizado da vida, e da parte de alguns doentes
espirituais, de que somos todos iguais, pretos e brancos, e de que existe uma
só raça: a raça humana.
Se
o casal de atores Bruno Gagliasso, e Giovanna Ewbank, quisessem uma estrada
mais leve para trilhar com sua filha, teriam escolhido uma menina branca, de
olhos azuis, cabelos lisos, e nariz perfilado. Dessa forma ninguém os
incomodaria, nem incomodariam a menina.
Mas
o amor é como água que corre livre e forte pelos campos: quanto mais obstáculos
se lhes imponha, mais ele se sentirá forte e unido para superar esses mesmos
entraves.
Outra
coisa a dizer é que a Day McCarthy não deve conhecer o amor, pois se conhecesse
não diria tais coisas. Outra coisa que ela não sabe, é que filhos não há apenas
os gerados no ventre, mas que também há aqueles gerados no coração, e que o
amor desconhece a diferença entre filhos gerados no ventre e filhos gerados no
coração. O amor também não quer saber se o filho é preto ou branco. Ele, o
amor, como o infinito, não olha a cor da pele, mas a sensibilidade e a
sabedoria do coração.
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