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Samba e matemática: Uma gostosa e empolgante mistura
Posted by Cottidianos
on
12:28
Sábado,
06 de fevereiro
“Você sorriu pra mim
Depois
sumiu na multidão
Será
que foi miragem de carnaval
Ou
o amor me mandou seu sinal?
Manhã
e eu nem dormi”
(Miragem de Carnaval – Caetano Veloso)
Já
é carnaval!
Avenida
Marques de Sapucaí, império do samba. Projetada pelo grande Oscar Niemeyer,
durante o carnaval é luxo só. Não apenas luxo, mas também, encanto e magia. As
passistas dão um show de sensualidade e beleza. As fantasias e carros
alegóricos extasiam a multidão. Hoje em dia, com o auxílio da tecnologia, os
efeitos especiais que algumas escolas fazem acontecer na avenida dão um toque
de magia à belíssima cena.
A
bateria é um luxo à parte. Se as escolas de samba fossem corpo humano, a
bateria seria o coração, se fosse um automóvel, seria o combustível, e se fosse
um planeta, seria o sol que o ilumina. Quando os surdos, tamborins, cuícas,
repiques, chocalhos, caixas de guerras, pandeiros, reco-recos, pratos, e agogôs
entram em ação, produzindo aquela música envolvente, ritmada, gostosa, que os
ouvidos anseiam por escutar, o corpo todo não aguenta e que ir junto com os
instrumentos, gingando, balançando, vibrando.
A
bateria faz a festa. Ela é a festa. É nota 10. Na apuração das dos desfiles das
escolas de samba, o quesito “bateria” é ansiosamente aguardado. E se a nota é,
realmente, 10, a euforia é geral. Os integrantes da bateria têm que falar a
mesma língua do samba. Nada pode sair errado. Uma nota desafinada, pode deixar
ir por água abaixo o trabalho de um ano inteiro. Um mestre de bateria tem que
primar pela ordem, pela cadência, pelo ritmo, e pela intensidade com que seus
comandados se entregam ao desfile. Mas ele também conta com uma aliada
poderosa: A matemática. Surpreso? Não deveria, afinal, música é matemática.
O
programa, Como Será, exibido pela
Globo, nas manhã de sábado, trouxe uma reportagem, mostrando como a matemática
é fundamental para a tão esperada nota 10. O programa foi à escola de samba, Paraíso do Tuiti, no Rio de Janeiro, dirigida
pelo mestre Ricardo, verificar como a ciência dos números é parceira do samba.
Umas
séries de fatores musicais práticos se conjugam para a explosão harmônica e
ritmada do som que vem dos instrumentos musicais da bateria. Um deles é o
andamento. Às vezes, percebemos que a música está mais rápida, ou mais lenta,
às vezes ela começa rápida e vai ficando mais lenta e vice-versa,e vice-versa.
Isso é andamento. “O andamento, ele é contado em números, que
se chama de batidas por minuto”, explica Pedro Moita, musicólogo. As BPMs
(Batidas Por Minuto), são muitos usadas por mestres de baterias de todas as
escolas de samba. Até mesmo os jurados, se baseiam nesse critério para darem
suas notas à escola, nesse quesito. Nas escolas de samba esse padrão varia de
142 a 156 batidas por minuto. “Se uma
bateria começa 152 BPMs, e termina com 140, ela demonstrou que não teve
sustentação rítmica, o ritmo dela oscilou”, afirma Ricardo, mestre de
bateria da escola, e professor de matemática.
Há
que se contar o tempo também. Não apenas o tempo cronológico do qual as escolas
dispõem para passar com louvor pela Marques de Sapucaí, mas também o tempo
musical. As baterias de escola de samba usam o compasso binário. O andamento padrão da bateria é dado pelo surdo
de primeira, e o surdo de segunda dá a reposta. São um eficiente diálogos de
surdos — que de surdos não tem nada — um falando e outro respondendo. Agrupando
esse dois instrumentos temos o compasso binário da bateria. Há também os surdos
de terceira que realizam um desenho rítmico um pouco mais livre.
Para
temperar essa gostosa batida há que se contar com a importante e ilustre
participação dos instrumentos de corda. O clássico dentre eles, nas escolas de samba,
é o cavaquinho. E como a matemática se casa com o cavaquinho: “O primeiro instrumento de que se tem notícia
que envolva matemática e música, se chama monocórdio de Pitágoras, que ele
pegou a corda mestra de um instrumento que ele tinha, que ele criou, e ele
dividiu na razão um pra dois, que foi na metade, depois ele dividiu na razão
dois terços, três quartos, e ao perceber que, ao fazer a vibração, ele tava
emitindo uma nota, uma tonalidade diferente das tonalidades anteriores”,
diz o mestre Ricardo. Para se manejar um instrumento, como o cavaquinho por exemplo,
tem que estudar matemática: “É preciso
contar mentalmente para poder trocar de nota e acompanhar o cantor”, diz o
cavaquinista, Wellington Martins.
É
isso pessoal, samba também é ciência. Matemática também é música.
Samba
é samba. Matemática é matemática. Os dois se misturam e proporcionam a nós
grandes momentos de alegria.
Carnaval
também é viral: Você gostando ou não, acaba sendo contagiado por ele. Sendo assim,
desejo bom carnaval a todos.
Bom
carnaval a todos!
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