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As cartas de João Paulo II
Posted by Cottidianos
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01:04
Terça-feira,
16 de fevereiro
“O que é o amor, onde vai dar
Parece
não ter fim
Uma
canção, cheirando a mar
Que
bate forte em mim
O
que me dá, meu coração
Que
eu canto prá não chorar
O
que é o amor, onde vai dar
Porque
me deixa assim
O
que é o amor, onde vai dar
Luar
perdido em mim”
(O que é o amor? – Selma Reis)
Dezesseis
de fevereiro. Não há como ficar surpresos sobre como os dias estão passando tão
rápidos. Parece que o eixo da terra está correndo veloz feito cavalo bravo solto
no campo. E assim vamos nós, correndo junto com o tempo, ao mesmo tempo em que
nem percebemos ele passar.
Mas
não é de tempo que quero falar hoje, mas de uma amizade que durou décadas. Até aí
nada demais, não fosse o homem, João Paulo II, talvez o Papa mais popular da
história da igreja, e a mulher, Anna-Teresa Tymieniecka, uma filosófa norte-americana, de
origem polonesa, casada, mãe de três filhos.
A amizade
entre os dois começou em 1973, quando Anna-Teresa entrou em contato com Karol
Wojtyla, que, na época era arcebispo em Cracóvia, para falar de um livro de
filosofia escrito por ele. Depois desse encontro a amizade entre os dois só
aumentou. As cartas não dizem que houve uma conjunção carnal entre Wojtila e a
filosofa, mas a troca de carinho entre os dois é evidente nas linhas escritas
por ambas as partes.
Os
documentos servirão de base para um documentário produzido pela BBC a ser exibido
na próxima segunda-feira — segundo o jornal El País Brasil — mostram uma face
diferente do Papa pop.
É
isso, as pessoas costumam divinizar os papas, arcebispos, bispos, pastores, e
outras entidades religiosas, e se esquecem de que por trás de suas vestes de
seus rituais, há por primeiro as vestes e os rituais do coração.
Abaixo,
compartilho, matéria publica no site do jornal El País Brasil.
***
Cartas
revelam a íntima amizade entre o papa João Paulo II e filósofa Anna-Teresa
Tymieniecka
João Paulo II e filosófa
O
papa João Paulo II manteve uma amizade próxima de mais de 30 anos com uma
filósofa norte-americana de origem polonesa. A amizade começou em 1973, quando
Anna-Teresa Tymieniecka entrou em contato com Karol Wojtyla, então arcebispo de
Cracóvia, em função de um livro de filosofia escrito por ele. Os dois decidiram
se encontrar para discutir o trabalho e, pouco depois, começaram a se escrever.
Uma relação epistolar que durou anos. As cartas entre Wojtyla —eleito papa em 1978—
e Tymieniecka se mantiveram longe dos olhos do público, na Biblioteca Nacional
da Polônia, durante anos. Os documentos revelam, segundo um documentário que
será emitido pela rede BBC nesta segunda-feira, uma face diferente do
Pontífice.
As
cartas de Wojtyla eram, no início, bem formais, mas à medida que sua amizade
com Tymieniecka —casada desde 1956 e com três filhos— foi se estreitando, as
missivas tornaram-se mais íntimas. Nelas, no entanto, não há qualquer evidência
de que o Papa João Paulo II tivesse rompido seus votos de celibato, afirma a
BBC. Wojtyla e Tymieniecka trabalharam juntos em uma versão ampliada da obra do
arcebispo de Cracóvia, que finalmente foi publicada em 1979, um ano depois de
ele ser eleito papa; tinha 58 anos e se tornou o pontífice mais jovem do século
XX. Reuniram-se muitas vezes. Às vezes com suas secretárias presentes; outras
vezes a sós. E continuaram trocando cartas.
A
amizade entre a filósofa e João Paulo II, que morreu em 2005, não era
desconhecida. Ele a visitou nos Estados Unidos em 1976, quando participou de
uma conferência católica. Ela também o visitou muitas vezes no Vaticano.
Algumas fotografias que nunca tinham sido divulgadas mostram os dois juntos.
Compartilharam várias viagens pelo campo e férias em estações de esqui. E ele
descreve Tymieniecka como um “presente de Deus”.
No
entanto, as cartas de João Paulo II sugerem que a mulher parecia demonstrar
intensos sentimentos por ele. Em uma das cartas, datada de setembro de 1976, o
pontífice escreve: “Minha querida Teresa, recebi as três cartas. Você escreve
sobre sentir-se despedaçada, mas não consigo encontrar nenhuma resposta para
essas palavras”. As cartas da filósofa norte-americana, que faleceu em 2014,
apenas alguns meses depois que o papa João Paulo II foi canonizado, não foram
reveladas.
Wojtyla
presenteou Tymieniecka com um de seus bens mais preciosos, um escapulário. Em
uma carta de dezembro de 1976, explica a ela o significado do presente: “Desde
o ano passado estou procurando uma resposta para suas palavras ‘Pertenço a
você’, e finalmente, antes de deixar a Polônia, encontrei a maneira, um
escapulário. É a dimensão em que a aceito e a sinto em todos os lugares e
situações, quando você está perto e quanto está longe.”
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