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Eike Batista: Da glória à ruína
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Sexta-feira,
27 de janeiro
Eike Batista |
Antes
de chegar ao Brasil e seu cortejo de gente corrupta nos altos escalões
empresariais e governamentais, o Cottidianos lança ainda um olhar sobre a
América de Donald Trump.
Ah,
muros, muros! Em qualquer lugar, e em qualquer circunstância serão sempre sinal
de divisão, e usando as palavras do livro sagrado dos cristãos, proferidas pelo
mestre, Jesus de Nazaré, um reino dividido não pode permanecer de pé.
Tomemos
como exemplo o maior símbolo de divisão do mundo, da qual se tem notícia, que
foi a construção do Muro de Berlim, em 1961, e que dividiu a Alemanha em duas:
Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental. Escondido atrás de ideologias havia a
intenção de impedir que os da Alemanha Ocidental fugissem para a Alemanha
Oriental.
A
experiência não se mostrou favorável e, em 1980, o muro veio ao chão, Foi de
grande simbolismo, ver os alemães, de marreta em punho, derrubarem o detestável
muro. Como sabemos, um muro não separa apenas fronteiras físicas, eles também
separam vidas, sonhos, esperanças.
Simbolicamente
— e os leitores entenderão o sentido dessa palavra no contexto dessa postagem
algumas palavras mais à frente — Donald Trump quer construir um muro na
fronteira que separa México e Estados Unidos. Ele assinou nesta terça-feira
(25), um decreto que autoriza a construção do tal muro. Aliás, isso era uma
promessa de campanha, uma esdrúxula promessa, na qual poucos acreditavam, e que
está em vias de ser concretizada. O objetivo é barrar o controle migratório. Ainda
não é claro de onde virá o dinheiro que financiará a construção da edificação.
Trump quer que o México pague o pato, digo, o muro.
O presidente
Mexicano, Enrique Peña Nieto, diz que o México não vai pagar coisa alguma. Em contrapartida,
o presidente americano diz que o México vai pagar de um jeito ou de outro.
O fato
é que o incidente já começou a causar rachaduras entre um parceiro comercial
importante para os Estados Unidos. Na próxima terça-feira haveria uma reunião
entre os presidentes dos dois países. Eu disso haveria, pois Peña Nieto, disse
que não vai aparecer nessa reunião, de jeito nenhum.
Ah,
o simbolicamente, usado três parágrafos acima, é pelo fato de que Trump pode
não estar construindo apenas um muro entre os Estados Unidos e o México, mas o
significado disso pode ser bem maior. No caso, ele pode até estar construindo
muros entre os Estados Unidos e o mundo, com as medidas protecionistas que vem
adotando no seu início de governo, e, com isso, pode estar perdendo importantes
parceiros comerciais.
Só
o tempo dirá se, ao final, os americanos aplaudirão Trump, ou se pegarão, a
exemplo dos alemães, marretas para destruir o muro, ou os muros erguidos no
governo Trump.
Chegando
ao Brasil, os figurões continuam a passar de heróis a bandidos que chafurdam
num mar de lama.
Nesta
quinta-feira (26), a Polícia Federal deflagrou mais uma operação, chamada de Operação
Eficiência, que por sua vez, é a segunda fase da Operação Calicute, que por sua
vez, é um desdobramento da Lava Jato. Dessa vez, o alvo era Eike Batista, que
já foi considerado um dos homens mais ricos do mundo.
Às
seis da manhã, os policiais já estavam na casa de Eike, Zona Sul do Rio, em
busca de documentos. Podem ter encontrado documentos, mas não o empresário, que
foi declarado foragido e agora é procurado pela polícia internacional.
Além
de Eike, os policias cumpriam seis mandados de prisão preventiva, quatro
conduções coercitivas, e 22 buscas e apreensões. Os envolvidos no caso são
acusados dos crimes de organização criminosa, e corrupção ativa e passiva.
Segundo
a PF, Eike teria pagado propina ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, em
troca de obter facilidades no contrato em obras públicas, quando Cabral era
governador do Rio. Os investigadores
afirmar ter indícios de que Eike tenha pagado R$ 52 milhões a Sérgio Cabral. Como
justificativa foi usado um contrato de compra e venda de uma mina de ouro que
só existiu mesmo no papel.
Segundo
o Ministério Público, o empresário teria repassado R$ 1 milhão ao escritório de
advocacia de Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral.
Eike
que já foi famoso por ser o esposo da modelo e atriz, Luma
de Oliveira, deixou de
pegar carona na imagem da mulher e se tornou um dos homens mais ricos do mundo,
segundo a revista Forbes. Eike viu seu império começar a virar pó com o
insucesso da petroleira OGX. Isso acabou afetando todas as empresas do grupo,
causando, desse modo, um efeito dominó.
Os
braços dos negócios de Eike estavam em vários ramos, mas ele começou a
enriquecer no ramo da mineração, e alcançou a auge com as empresas do ramo
petroleiro.
A OGX
estreou na bolsa de valores em junho de 2008. Na ocasião a empresa causou
grande sensação no mercado brasileiro. Na ocasião, ela realizou uma oferta
sensacional de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Aproveitando-se
da esperança de empresários ávidos por grandes lucros no mercado de óleo e gás,
a empresa, ainda em fase pré-operacional, conseguiu captar 6,7 milhões de reais
superando, inclusive a Bovespa Holding. Com essa quantia a OGX conseguiu captar
a maior oferta pública inicial da bolsa de valores do Brasil.
Passaram-se
alguns meses após essa transação e o preço das ações foi derrubado por uma crise
grave crise internacional. Depois disso, as ações continuaram oscilando. A promessa
de ouro negro não foi concretizada e, cinco anos depois, a empresa deu um calote
nos credores no valor de R$ 45 milhões.
Depois
disso, o rei começou a descer do trono, e suas empresas começaram a perder o
brilho do ouro.
Depois
de uma briga judicial, o empresário teve seus bens bloqueados pela justiça para
que fosse garantido o direito dos investidores serem ressarcidos do prejuízo.
Os
operadores da Lava Jato buscam dados que comprovem que Eike pagou propina à Petrobras
em troca de vencer uma concorrência. Segundo a Polícia Federal, Eike pode ter
ocultado mais de R$ 340 milhões em paraísos fiscais. O Ministério Público já
conseguiu repatriar grande parte dessa fortuna e colocou à disposição da
Justiça Federal.
Uma
boa notícia é a de que os juízes que auxiliavam Teori nas delações premiadas da
Odebrecht, já ouviram quase todos os executivos e ex-executivos da empresa. Nesse
ritmo, é possível que as audiências terminem ainda nesta sexta-feira, colocando
um ponto final na última fase antes das homologações dos acordos. Marcelo
Odebrecht deverá ser ouvido nesta sexta-feira.
Essa
semana, em conversa com a presidente do STF, Cármen Lúcia, Rodrigo Janot,
Procurador-Geral da República pediu urgência no caso, no que foi atendido pela
presidente do STF, e as audiências avançaram. Apesar disso, ainda não há um
novo relator para a Lava Jato, mas é possível que, na semana que vem, já se
tenha uma definição sobre esse assunto.
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