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UERJ, uma universidade em abandono

Posted by Cottidianos on 10:05
Domingo, 29 de janeiro

UERJ

Enquanto o dinheiro do Estado, advindo dentre outras fontes, da alta carga tributária, paga pelo contribuinte brasileiro, saem dos cofres estatais, e vão abastecer contas particulares de políticos sem escrúpulos, as áreas vitais para que um país possa se desenvolver apoiado em bases sólidas, como por exemplo, a educação continuam ao abandono, sem receber a devida atenção que merecem.

É o caso, por exemplo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, uma das maiores universidades públicas do Brasil. Desde o início do ano passado a universidade sente os reflexos da crise econômica que atingiu em cheio o Estado do Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, o início das aulas do segundo semestre de 2016, foram mais uma vez adiadas, e estão previstas para começar no dia 06 de fevereiro. Esse ano já é a terceira vez que o início das aulas na UERJ é adiado.

Para os alunos isso gera uma situação de insegurança, pois quem os garante que as aulas começarão mesmo na data prevista?

Em entrevista ao Jornal Nacional, a sub-reitora de graduação, Tânia Carvalho, afirmou: “Nós temos falta de luz, falta de alimentação, pra, por exemplo, animais de pesquisa. É falta de luzes em laboratórios, falta de torneiras, falta de bicas, uma série de situações de infraestrutura. Impossível a gente funcionar pra além do que está já posto no sentido das precariedades que nos estão sendo impostas”.

E isso estamos falando de umas das maiores universidades brasileiras, mas ainda que estivéssemos falando de uma pequena universidade, em um país que coloca a educação em primeiro lugar, isso seria impensável.

Até mesmo o restaurante da universidade, ponto de parada de alunos, professores, e funcionários para a aquisição dos nutrientes necessários para continuar a correria diária, foi fechado na semana passada pois os fornecedores não receberam pagamento. Imagine então se a universidade estivesse em pleno funcionamento... A empresa que administra o restaurante diz ter uma dívida de R$ 2,5 milhões em atraso com a universidade.

Não é apenas a empresa que administra o restaurante que reclama atraso nos pagamentos, mas também a que corta o mato, e também os alunos bolsistas, quase dez mil deles, e os servidores que ainda não receberam os salários do mês de dezembro, e o décimo terceiro, também engrossam essa lista de reclamações. Enquanto isso, o governo do estado deve à universidade cerca de R$ 360 milhões. E de onde vai tirar esse dinheiro, se o Rio de Janeiro está à beira da falência?

Em um cenário como esse tudo fica prejudicado, inclusive o andamento das pesquisas, e a manutenção dos equipamentos. Na UERJ equipamentos já comprados, ainda estão encaixotados porque falta verba para instalação dos mesmos. Se falta dinheiro para trocar lâmpadas queimadas, imagine para instalar equipamentos novos.

Em tudo isso, é louvável a atitude de muitos professores que lecionam na universidade que, para não ver equipamentos parados, e dar continuidade a pesquisas importantes, acabam tirando dinheiro do próprio bolso, fazendo a tão falada vaquinha para que as coisas caminhem a contento.

O leitor deve ter ficado curioso acerca do fato de as aulas do segundo semestre de 2016 na UERJ começarem apenas este ano. O caso é o seguinte: se a universidade carioca hoje se encontram em estado de abandono, no início do ano passado ela estava entregue as traças e baratas, insetos amantes do lixo, e de locais sem higiene. Essa era a situação da universidade no início do 2016: o lixo se acumulava no pátio do estabelecimento.

Sem repasse de verbas por parte do governo estadual, a situação foi se agravando, o tempo passando, e os alunos e funcionários sendo prejudicados. Sem receber pagamento desde meados de 2015, a empresa que cuidava da tarefa rescindiu o contrato.

A universidade recebeu uma verba de emergência para a realização do serviço de limpeza, mas isso só veio a acontecer em agosto do ano passado. Com todo esse imbróglio um semestre inteiro de aulas foi perdido, e o calendário universitário ficou totalmente descontrolado. A previsão é que essa situação ainda perdure por mais algum tempo... Isso se não houverem mais contratempos e falta de repasses de verbas.

É uma situação vergonhosa, não apenas para o Rio de Janeiro, mas para o Brasil inteiro, afinal, nossas escolas e universidades deveriam ser prioridade número um. Chega até a ser coisa do senso comum dizer que a educação é base de toda uma sociedade que se pretende desenvolvida, mas é preciso dizer isso, para ver se essas coisas entram na cabeça de nossos governantes.

Enquanto a educação no Rio de Janeiro — o Rio de Janeiro é enfatizado aqui por ser cenário da UERJ, mas a situação não é diferente nas demais universidades públicas brasileiras — vai sendo abandonada as traças e as baratas, que por lá fazem a festa, e enquanto o campo de pesquisas, importantes para diversos ramos do conhecimento ficam paradas, o ex-governador do Rio de Janeiro, e hoje presidiário, Sérgio Cabral, se esbaldava em vinhos caríssimos nos sofisticados restaurantes da extravagante Mônaco, presenteando a mulher com anéis de quase um milhão de reais...


... E enquanto, nessas e outras festas, eles riem e debocham do povo brasileiro, milhões sonhos de sonhos de uma educação justa e igualitária eram jogados em sacos de lixos nos pátios de nossas universidades...

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