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Um presidente amedrontado
Posted by Cottidianos
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03:05
Terça-feira,
13 de dezembro
Brasileiros
e brasileiras! Preparem-se! O fim do mundo chegou! Descerá fogo dos céus e
haverá dor e ranger de dentes. Mas fique tranquilo, se você tem a consciência
de que agiu ética e corretamente. Você alguma vez cometeu um pequeno desvio
ético, e por isso está temeroso? Fique tranquilo, você não é nenhum santo,
haverá perdão para você, principalmente, se você se redimiu desta má conduta. O
mesmo não acontecerá com os bilionários desvios de nossos políticos. Sobre eles
descerá a ira divina, divino esse que eles tanto invocam em suas sessões
plenárias, em vão. Deuses e diabos guerrearão. E que vencerá? O bem triunfará
sobre o mal?
Um
pouco apocalíptico o início desse texto, não achou? Na verdade, o fim do mundo
a que se refere o primeiro parágrafo, são as delações premiadas da Odebrecht. Bomba!
Explosivo! Dinamite! Delação premiada do fim do mundo! São apenas alguns dos
adjetivos que podem ser dados as delações premiadas que os executivos da Odebrecht
estão fechando com a justiça. Haverá Brasil depois delas? Certamente, que sim,
mas ele estará apenas o pó.
Toda
a nossa elite dirigente está morrendo de medo. Se a Lava Jato fosse algo
físico, eles já teriam dado um jeito de jogar uma bomba e explodir, acabar com
ela de uma vez.
...
E as bombas da Odebrecht apenas acabaram de começara a explodir e já atingem
fortemente o PMBD e o PSDB. Obviamente também sobrarão estilhaços para o PT,
mas o partido já está fora do poder, sendo, portanto, as bases mais abaladas a
dos partidos em evidência, e seus respectivos líderes. Para se ter uma ideia do
estrago que tais delações premiadas poderão causar, basta lembrar que o nome do
atual presidente, Michel Temer, é citado 43 vezes no documento de delação
premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice presidente de Relações Institucionais
da Odebrecht, e as acusações que pesam sobre ele, segundo essa delação, são
graves.
Além
de Temer, a delação de Claúdio envolve ainda nomes importantes da cúpula do
PMDB e do PSDB, como por exemplo, José Serra, e Geraldo Alckmin.
Temer
está tão preocupado com isso que enviou um ofício ao procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, no qual pede celeridade nas investigações, e que elas
terminem o quanto antes. Vejam a íntegra do ofício:
Excelentíssimo
Senhor Procurador-Geral da República
1.
A UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, representada por sua
Advogada-Geral (artigo 131 da Constituição Federal), vem, respeitosamente,
expor e requerer o que segue.
2.
Como é público e notório, o país atravessa sérias crises econômicas e política.
E já há algum tempo, a população brasileira vem sofrendo seus efeitos,
principalmente com o aumento do desemprego e do subemprego. Para tentar
reverter esse quadro, a União, por meio de seus agentes, vem adotando numerosas
medidas — seja de caráter administrativo, seja de natureza legislativa —, todas
elas têm em cumprimento ao extenso rol de competências que a Constituição
Federal lhe reservou.
3.
Nesse sentido de buscar a retomada do crescimento econômico é que,
recentemente, anunciou-se a liberação de crédito de R$ 30 bilhões para micro e
pequenas empresas. Também não foi outro
o objetivo da Lei Complementar no 155, de 27 de outubro de 2016
(recentemente sancionada, portanto,), que alterou os limites de faturamento
para a incidência do regime especial de tributação do Simples Nacional, entre
outras medidas de incentivo aos micro e pequenos empresários. Destaca-se
igualmente o Programa de Parceria e Investimento, voltado a viabilizar projetos
de infraestrutura e tornar mais eficientes o modelo de concessões públicas.
4.
O cenário econômico profundamente adverso, porém, está a demandar medidas
igualmente profundas de ajuste fiscal do Estado Brasileiro. Por isso o
encaminhamento ao Congresso Nacional de propostas de Emenda à Constituição para:
a) “instituir o Novo Regime Fiscal”
(PEC n 241/2016 na Câmara dos Deputados e n 55/2016 no Senado Federal); b)
reformar a seguridade social (PEC n 287/2016 na Câmara dos Deputados). Temas sensíveis
para a sociedade brasileira e cuja discussão, portanto, requer o pleno e normal
funcionamento das nossas instituições.
5.
Pois bem, após essa breve contextualização, o objeto deste requerimento administrativo
dirigido a Vossa Excelência é o seguinte: a condução dessa e de outras
políticas públicas a cargo da União vem sofrendo interferência pela ilegítima
divulgação de supostas colaborações premiadas em investigações criminais
conduzidas pelo Ministério Público Federal, quando ainda não completado e homologado
o acordo de delação (a mais recente entre vários outros agentes públicos). Num clima
de desconfiança, geradora de incerteza, o mister constitucional da União se vê
seriamente obstruído. Daí a importância de se observarem todos os preceitos
insertos na Lei no 12.850, de 2013. Não por outra razão, em situação
análoga, Vossa Excelência, suspendeu tratativas de colaboração premiada em prol
da higidez do procedimento legal.
6.
Do ponto de vista do ente federal, portanto, o fracionado ou porventura, lento
desenrolar dos referidos procedimentos pré-processuais, a supostamente envolver
múltiplos agentes políticos, funciona como elemento perturbador de uma série de
áreas de interesse da União. Isto, sobretudo, em um momento do processo
legislativo marcado por propostas de reformas estabilizadoras, as quais possuem
como objeto de temas sensíveis à luz do cenário social e macroeconômico de
médio e longo prazos.
7.
Ante o exposto, a União pleiteia que Vossa Excelência examine a possibilidade
de se imprimir celeridade na
conclusão das investigações em curso. Requer também que as colaborações
premiadas porventura existentes, sejam, o quanto antes, finalizadas, remetidas
ao Juízo competente para análise e eventual homologação (na forma da Lei
12.850, de 2013) e divulgação por
completo. Com isso a eventual
responsabilidade criminal dos investigados será logo aferida.
8.
Tais medidas são indispensáveis á superação da situação fática vivenciada pelo país,
e que muitos prejuízos tem trazido à União e, consequentemente, a toda a
população brasileira.
9.
Ante o exposto, pede deferimento.
Brasília,
12 de dezembro de 2016.
MICHEL
TEMER
Presidente
da República
GRAÇA
MARIA FERNANDES MENDONÇA
Advogada-Geral da União
A
postagem de hoje, teve apenas o objetivo de apresentar aos caros leitores, e
leitoras, esse ofício, voltando em momento posterior, discutindo a questão das
delações premiadas da Odebrecht. Como perceberam os leitores, e leitoras, os
argumentos de Temer e o pedido do qual é objeto o ofício enviado por Temer à
Janot, são tão frágeis quanto um punhado de areia jogado ao vento na beira da
praia.
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