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Rio de Janeiro e o estado de “ineficiência” pública
Posted by Cottidianos
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00:09
Domingo,
19 de junho
“Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos..
...
O Rio é uma cidade
De cidades misturadas
O Rio é uma cidade
De cidades camufladas
Com governos misturados
Camuflados, paralelos
Sorrateiros
Ocultando comandos...”
(Rio 40 graus
– Fernanda Abreu)
Você,
certamente, já ouviu as expressões “estado de defesa”, “estado de sítio”, “estado
de alerta”, “estado de emergência”, e “estado de calamidade pública”.
Os
dois primeiros, são medidas tomadas pelos governos quando o país encontra-se
uma tumultuada situação, como por exemplo, revoltas populares, guerras, ou
ameaça delas. A decretação destes dois estados, que se referem especificamente
à segurança nacional, proporciona um aumento de poder do governo para que ele
possa tomar medidas urgentes com mais facilidade, e sem tanta burocracia.
Os
três últimos estados, citados no primeiro parágrafo, referem-se a questões que
envolvem as intempéries da natureza, que, comumente, chamamos de desastres
naturais, como furacões, enchentes e secas. Estes estados podem ser decretados
tanto pelos governos federal, estadual, ou municipal.
Disto
isto, tomemos como cenário um Rio de Janeiro envolto pela expectativa dos Jogos
Olímpicos e Paralímpicos que serão realizados naquele cartão postal, em menos
de dois meses. Alguém de vocês, por algum acaso, soube de algum desastre
natural ocorrido no Rio nos últimos dias ou meses? Eu não soube de nenhum.
Pensando bem, houve sim. No dia feriado de 21 de abril deste ano, o mar engoliu
parte de uma ciclovia à beira mar, e recém-construída. A tragédia vitimou duas
pessoas. No entanto, nesse caso, isenta-se a natureza de culpa, e coloca-se a
responsabilidade na ineficiência dos homens que construíram a ciclovia.
Feito
esse adendo, e concluindo que no Rio de Janeiro não houve acidentes naturais de
grandes proporções. Pergunto eu: Porque motivo teria o governo do Rio decretado
estado de calamidade pública?
O decreto,
assinado pelo governador em exercício, Francisco Dorneles, foi publicado na
sexta-feira (16). Como argumentos para a decretação do estado de calamidade, o
governador cita fatores como; queda na arrecadação do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias (ICMS), queda nos royalties do petróleo, dificuldades na
prestação de serviços essenciais, áreas de saúde, educação, segurança pública, mobilidade
urbana, e gestão ambiental em colapso.
Eu
tento enxergar alguma relação entre esses argumentos e os desastres naturais,
mas não consigo ver nenhuma. Devo ser mesmo muito ignorante.
Além
disso, o governo do Rio de Janeiro, defende que a atual situação de crise econômica
nacional, aliada a crise estadual, vem impedindo que o Estado honre seus
compromissos assumidos devido aos Jogos Olímpicos e Paralimpícos.
Mas
que solução fácil, não?
Penso
eu que nada disso tem a ver com “estado de calamidade pública”. Fossem assim,
todos os estados brasileiros, deveriam seguir o exemplo do Rio e decretar tal
estado, pois, uns mais, outros menos, todos os estados brasileiros estão
operando no vermelho. Portanto, a crise não é de um Estado brasileiro, mas de
todos os Estados brasileiros.
Em
minha modesta opinião, o governo do Rio até poderia decretar algum estado, mas
não de “calamidade pública”, mas sim, estado de “burrice”, de “ineficiência”,
de “ingerência” e coisas desse tipo. Afinal, pelo que temos visto ultimamente,
os governos não tem dado a mínima importância para a coisa pública, muitos menos
para o povo. Minto. Eles têm procurado o povo e, habilmente, mentido, enganado,
e trapaceado o eleitor, com um único objetivo, conseguir o voto. Depois... Ah,
depois... Os eleitores que se danem.
Tão
logo eleitos, os políticos, não somente os governadores, mas a classe política
em geral senta-se em seus gabinetes, não para governar, mas para maquinar meios
de roubar a nação. Em suas suntuosas residências, eles se reúnem com seus
comparsas para discutir elaborados planos para enviar dinheiro para o exterior.
Em reuniões secretas discutem que funcionários públicos corromper, e o mais
importante, quanto de propina receberão.
E as
questões essenciais para que uma cidade, um estado, ou um país se desenvolve plenamente,
e que seus cidadãos sejam tratados com dignidade, fica para último plano. Pobre
Brasil, pobre políticos corruptos, e pobres eleitores que os elegem. Esses últimos,
apenas massas de manobra na mãos de poderosos.
Toda
essa choradeira do governo do Rio é para dizer que o Estado está com um rombo
de R$ 19 bilhões em suas contas, e o governo não tem condições de pagar. Então inventa
um golpe, pois isso para mim, não passa de um golpe, para conseguir dinheiro do
governo federal. Assim fica fácil: além dos desvios das montanhas de dinheiro
desviado nesses grandes eventos, como o que Rio sediará em breve, acresça-se a
má administração e falhas na administração das contas do estado, e o governo
ainda arranja um jeito de fazer com o governo federal conceda verbas para
obras, funcionários, e toda uma complexa estrutura que envolve as Olimpíadas.
É
possível que seja uma jogada, um pacto entre o governo federal e o governo do
Rio de Janeiro, para que as obras e toda a estrutura que envolve a realização
das Olimpíadas sejam, no mínimo, satisfatória. Afinal de contas, o governo
federal também tem interesse em que haja um clima “aparente” de tranquilidade e
bem-estar a ser passada para o mundo, por ocasião dos jogos. Só acho que
despejar dinheiro no Rio, é injustiça para com as outras unidades da federação,
uma vez que todas estão em crise.
Acho
que o governo federal poderia, ele mesmo, ser mais honesto, depois ensinar aos
seus políticos em diversas esferas a serem mais honesto, assim sobraria bastante
dinheiro nos Estados para as áreas de educação, segurança, mobilidade urbana, e
mais outros projetos que o governo quisesse fazer.
Um
derramamento de dinheiro no Rio, com hospitais e escolas sucateadas, salário do
funcionalismo público em atraso, pode ser um desgaste enorme tanto para o
governo do Rio, quanto para o governo Federal e, ao que parece, Temer está
querendo pagar esse preço.
Aí
a gente ouve a fala do diretor de comunicação da Rio 2016, Mário Andrade, dizendo
ao jornal o Globo: “É zero a chance de essa decisão impactar os Jogos
Olímpicos. O próprio Estado foi transparente ao fornecer as informações
relacionadas às finanças. Reconhecemos o impacto que a perda de receitas com a
queda do preço do barril de petróleo teve sobre o tesouro estadual”. No jogo de
interesses vocês imaginam o diretor de comunicação da Rio 2016, dizendo coisa
diferente? Eu não imagino.
Já
que citei, diretamente, Michel Temer no parágrafo anterior, terminarei o texto,
falando do governo dele. Que governo tumultuado! Santo Deus! E não foi por
falta de aviso.
Logo
no início de sua gestão como presidente interino, Temer bateu no peito, igual
cacique, engrossou a voz, fez caras e boca, e anunciou que iria formar um
ministério de notáveis. Formou, sim. Um governo de notáveis corruptos. Já caiu
mais um deles. Dessa vez foi Henrique Eduardo Alves (PMDB), ex-ministro do
Turismo. Com isso, já se somam três os ministro de Temer que caíram por
envolvimento direto em episódios nada dignos de um ministério que se propunha
notável.
Henrique
foi denunciado pela procuradoria-geral da República por manter contas não
declaradas no exterior. Autoridades suíças confirmaram que, realmente, há
contas no exterior, atribuídas ao ex-ministro. E não é pouco dinheiro não,
segundo os suíços, são quase R$ 3 milhões. A conta foi bloqueada pelas
autoridades na suíça. Baseados nos documentos enviados daquele país, Rodrigo
Janot, denunciou Henrique ao STF por lavagem de dinheiro, e evasão de divisas.
Temer
sabia muito bem que Henrique, o ministro que escolhera para o Turismo, estava
às voltas com a lei, ou melhor enredado nela. Já havia contra ele, quando de sua
nomeação como ministro, dois pedidos de abertura de inquérito contra ele no
Supremo, os dois por suspeita de envolvimento de desvio de dinheiro da
Petrobrás.
Deus
queira, que, com tudo isso: estado de calamidade pública com segundas intenções,
crise econômica, unidades federativas quebradas, crise ética e política,
corrupção, outro fantasma também não resolva aparecer no Rio: o zika vírus. Aí seria
demais.
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