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Reflexões sobre partidos, sistema eleitoral e voto consciente
Posted by Cottidianos
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00:46
Segunda-feira,
27 de junho
Fazendo
um cálculo impreciso, creio que há cerca de dois anos, talvez um pouco mais,
talvez um pouco menos, nós brasileiros temos tomado um choque de realidade. O
mais difícil é que isso não é uma coisa nova, inédita. O pior é que já sabíamos
que essa dura realidade que nos é apresentada agora, com as ações desenvolvidas
pela Polícia Federal, e pelo Ministério Público, através da Operação Lava Jato,
já existia faz tempo. Apenas não tínhamos ideia da quão agressiva ela era, e de
quanto de futuro ela nos roubou. Falo, obviamente, da corrupção que tomou conta
dos nossos governos, sejam eles em nível municipal, estadual ou federal.
Há
muito sabíamos que nossos políticos eram corruptos, apenas ficamos chocados quando
a Lava Jato tira as máscaras que eles usavam, e ainda usam, porque nós não
sabíamos o tipo vil dos políticos que estavam nos governando. Através do que nos
tem sido mostrado com as investigações do Ministério Público e da Polícia
Federal, que, quase sempre acabam nas mãos de Sérgio Moro, que por sua vez, tem
dado sentenças condenatórias que agradam a maioria, e desagradam a alguns
poucos, podemos afirmar, sem medo de errar, que a velha classe política, é uma
gente sem nenhum escrúpulo. Os velhos caciques da política brasileira, não estão
nem aí para leis mais justas, nem para os ideais democráticos que deveriam
nortear suas ações políticas, e muito menos para as aspirações do povo
brasileiro.
Ao
contrário — já disse isso aqui nesse blog, mas nesse caso é necessário ser
repetitivo — suas ações estão pautadas por interesses egoístas e mesquinhos de
enriquecimento ilícito, e por seus podres projetos de poder, aos quais não
medem consequências, nem meios para concretizá-los.
É irônico
o que vimos na semana passada. O Partido dos Trabalhadores roubando dinheiro
dos próprios trabalhadores, através do desvio de dinheiro de taxas de
administração do empréstimo consignado. E pior é que a praga da corrupção não
está só no PT, mas também no PSBD, PMDB, e paro por aqui, pois senão iria ter
que ocupar essa postagem só com os partidos nos quais a corrupção é princípio
norteador.
O que
acontece é que o nosso sistema político tornou-se antiquado e ineficiente. Algo
está errado, muito errado nele. É preciso que nós reflitamos sobre, e como
poderia ser diferente.
Apenas
de uma coisa tenho certeza de que está certa: o voto. Talvez ele não esteja
sendo bem utilizado por nós, nem nós tenhamos sabido compreender a sua
verdadeira importância. O problema é que milhões de pessoas, seja por
ignorância, seja como uma forma de protesto que também denota ignorância,
coloca essa arma nas mãos de inimigos da nação, que acabam usando-a contra os
habitantes dela, não para ajudá-la, mas prejudicá-la de todas as formas
possíveis e imagináveis.
Uma
dessas formas tolas de protesto que já vendo sendo usada por milhões de
eleitores em eleições anteriores, é o chamado “voto de protesto”, que acabou
colocando na Câmara dos Deputados, o palhaço Tiririca (PR). Nada contra os
palhaços, mas acho que o lugar deles é nos picadeiros, animando e divertindo o
público, e não em uma casa de fazer leis e de fiscalizá-las. Que entende um
palhaço de fazer leis, ou mesmo de fiscalizá-las? Não digo que a palhaçada que
reina no Brasil seja culpa de Tiririca, mas houvesse maior de grau de
conscientização por parte dos nossos eleitores, não teríamos tantos projetos de
palhaço em nossas casas legislativas e, consequentemente, tantas palhaçadas em
nosso meio político.
Ainda
falando do palhaço, ele foi eleito em 2010, e não foi eleito com poucos votos
não. Ao contrário, mais de um milhões de eleitores referendaram no deputado seu
voto. Tiririca ajudou a eleger
mais três deputados: Otoniel Lima (PRB), Vanderlei Siraque (PT) e Protógenes
Queiroz, do PC do B.
E porque
esses outros três deputados pegaram carona nos votos de Tiririca? Isso se deve
ao sistema de eleições proporcional, ou voto proporcional. Sistema que é medido
pelo quociente eleitoral, e ajuda a preencher os cargos de deputado federal,
estadual e vereador.
Nessa
eleição de 2010, na qual Tiririca foi eleito pela primeira vez, o quociente
eleitoral em São Paulo era de 304.533. O palhaço deputado conseguiu 1.353.820
votos. Fazendo as contas: 1.353.820 - 304.533 = 1.049.287. Essa sobra de 1.049.287
milhões de votos foi o que ajudou a eleger os três deputados da coligação a
qual Tiririca pertencia, qual seja, (PRB, PT, PR, PC do B e PT do B).
Considero
o sistema proporcional um tanto quanto injusto, pois com ele pode-se formar uma
bancada na qual, nem sempre estão sentados aqueles que foram os mais votados,
mas nela podem estar “picaretas”, ou seja aqueles deputados que pegaram “carona”
na votação de outros.
Nas
eleições de 2014, voltou a acontecer a mesma coisa, pois Tiririca, com votação
expressiva, ajudou a levar para a Câmara, mais dois deputados de seu partido, o
PR, que dessa vez não se coligou a ninguém. Falo do palhaço deputado Tiririca,
mas isso também aconteceu com outros deputados que, com votação expressiva,
deram “carona” a outros que entraram na festa como penetras na festa da
democracia.
Resultado das
complicadas somas e combinações do sistema de voto proporcional,
apenas 36 deputados dentre os 513 da nossa atual bancada da Câmara dos Deputados,
obteve os votos necessários para se eleger sozinho. Quem sabe, não resida no
sistema de voto proporcional, a causa de uma Câmara dos Deputados com um nível
tão baixo, e que não representa o todo da população brasileira.
É
bom a gente ir pensando nessas coisas, afinal de contas, esse ano é ano de
eleições municipais, nas quais serão eleitos prefeitos e vereadores. Em postagens
futuras, abordarei mais a fundo esse tema. Fica esse texto como introdução a
essa questão das eleições municipais.
Quem
sabe, não seja essa, uma grande oportunidade de colocarmos em prática, o
exercício do voto consciente, procurando saber quem realmente é o candidato em
que estamos depositando nosso voto, nossa confiança. Vale a pena verificar se
ele não está envolvido em escândalos. Se ele é candidato à reeleição,
procuremos verificar suas ações e projetos desenvolvidos. Se ele disputa
eleição pela primeira vez, devemos buscar informarmo-nos sobre quem ele é,
quais são os seus projetos, que trabalhos ele já realizou em benefício da
comunidade. Isso apenas para começar. Além dessas, muitas outras atitudes de
nossos candidatos é possível verificar.
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