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Por que é difícil mudar?
Posted by Cottidianos
on
00:59
Terça-feira,
17 de abril
O
que é preciso para que se mude o Brasil?
Pergunta
simples, resposta complexa. Sabemos todos nós que uma eleição presidencial não
mudará o Brasil. Nunca mudou antes e não mudará agora, neste que é um dos mais
dramáticos momentos da história política brasileira. A próxima eleição, mais
que uma escolha democrática, será um tiro no escuro.
A
população está — como diz um ditado bem popular — “de saco cheio” com tanta
corrupção e roubalheira. É muita falta de vergonha na cara para os políticos de
um só país. Ainda assim, o Brasil é a contradição das contradições.
Vejamos:
o ex-presidente, Luís Inácio Lula da Silva, responsável pela montagem de um dos
maiores esquemas de corrupção jamais visto no país, e quem sabe, na América
Latina, finalmente está preso. Contudo, apesar de a maioria da população ter
sido a favor de sua prisão, outra grande parte ainda o idolatra. A ex-presidente
Dilma teve seu mandato cassado, por ter dado umas pedaladas — não essas
pedaladas que são saudáveis para o corpo e para a mente — mas daquelas que
prejudicam as finanças do governo, e, consequentemente do país, e também pela
edição de créditos suplementares.
No
primeiro caso, houve um atraso nos repasses da União aos bancos públicos com a
finalidade de cobrir os gastos dessas instituições financeiras para com
programas desenvolvidos pelo governo. No segundo caso, decretos governamentais,
sem autorização do Congresso, foram responsáveis por autorizar aumento nos
gastos do governo o que fez com que as metas fiscais fossem prejudicadas.
Pois
bem, impeachment de Dilma, problema resolvido. Engano nosso. Em lugar dela
entrou Michel Temer, cuja ponta dos icebergs das investigações tem revelado que
ele cometeu crimes bem maiores dos que os de Dilma.
Nas
esferas judiciais vemos que começa a se fazer justiça com a prisão de figurões
empresariais e medalhões da política. Porém ainda se faz uma justiça incipiente
que não faz aos acusados devolverem aos cofres públicos a quantia que roubaram.
Se bem que isso começou a ser feito na Lava Jato, mas ainda tem muitos acusados
e presos, que só estão esperando se ver livres das enrascadas para poder
usufruir do dinheiro sujo, adquirido no submundo criminoso e fétido da
corrupção.
Também
se vê nas altas cortes, ministros com profundo conhecimento do direito, e com
entendimento das causas que julgam, mas que ainda não entenderam que a corrupção
é um mal sem tamanho que atinge a eles, que parecem intocáveis, e atinge também
aos cidadãos comuns, esses que não gozam dos privilégios dos quais gozam o
judiciário, o executivo, e o legislativo.
Olhando
para o congresso e para o senado brasileiros, às vezes temos a impressão de que
vivemos em um regime monarquista, com seus reis, rainhas, príncipes e
princesas, gozando dos altos mais privilégios, enquanto os súditos não têm
direito a nenhum e ainda tem que trabalhar de sol a sol para sustentar a
realeza. Esta, acima da lei, uma vez que é ela mesma que a faz e quem a
executa. Os nobres, portanto, encontram brechas mil para escapar da justiça,
enquanto os plebeus são castigados ao extremo ao menor deslize. É uma
democracia que mais parece monarquia.
E
porque para a questão: o que é preciso para que se mude o Brasil, a resposta
não é simples, mas complexa.
Porque
complexo foi o nosso nascimento enquanto nação. Se fosse criança, nosso pobre
país não teria nascido em berço de ouro, e, portanto, com toda a classe e
fineza da aristocracia.
Não.
Infelizmente, não aconteceu assim.
Formado
pelo cruzamento de três raças, a branca, a negra, e a índia, as coisas
degringolaram desde o seu início.
Quanto
aos brancos, os que vieram ter aqui na terra Brasilis não foram os mais
educados, os mais gentis, os mais refinados. Para esta terra, a coroa
portuguesa, talvez por não querer apostar no desconhecido, recheou seus navios
com gente da pior espécie. E foi tal de desembarcar por aqui ladrões, assassinos,
condenados, prostitutas, e daí pra baixo. Em resumo, quem aqui veio por
primeiro estava pouco ou nada preocupado com ética e a moral, ao contrário, às
favas com elas. O importante era levar vantagem em tudo, e enganar a quem se
conseguisse.
Os
negros, coitados dos negros! Arrancados de seu chão raiz, vieram para os
infernos das senzalas. Na África, eram reis, rainhas, ou até mesmo plebeus, mas
todos livres. De muito brio, viviam em suas tribos sob a égide da moral e da
ética. Mas depois de tanta água amarga rolada por baixo da ponte, mesmo depois
de “libertos”, a quem tinha como espelho senão os brancos que tinha herdado de
seus antepassados, maus hábitos e maus costumes? Alguns, é verdade, ainda se
lembravam das lições aprendidas ainda no torrão natal, mas esses já eram bem
poucos para que frutificasse e inundassem o chão Brasil das coisas que haviam
deixado em África.
Os
índios, nessa historia toda foram os mais prejudicados, e os mais dizimados. Eram
puros e viviam em idílico contato com a natureza, mas, devido a tanta pressão,
acabaram por perder sua identidade, e sua ingenuidade... e seguiram a banda que
tocava fora de compasso.
O
resultado é que hoje, se corremos para o estádio de futebol para distrair um
pouco a mente das pesadas atribuições da semana, lá teremos árbitros e
dirigentes de futebol manipulando resultados e roubando o brilho de um
espetáculo, cujo brilho deveria estar no brio dos atletas e nos troféus por ele
levantados.
Decepcionados
com os estádios, vamos aos hospitais buscar cuidados, e lá vemos médicos
aplicando injeções com ampolas vazias, outros dando falsos diagnósticos com a
finalidade de que o paciente faça tratamento que, às vezes nem é necessário. Outros
ainda batem o ponto nos hospitais públicos e vão para suas clínicas
particulares a fim de atenderem os pacientes que lhes podem pagar, enquanto
abocanham dinheiro do estado e abandonam os leitos e pacientes públicos.
Cansado
de tudo isso, o cidadão vai a igreja rezar, e eis que, onde deveria haver
santidade, encontra padres e pastores fascinados pela cor e o brilho das moedas
e inebriados pelo cheiro das notas. Ali também, o cheiro fétido da corrupção é
forte.
Cheio
de confiança esse desesperado cidadão recorre ao poder público e... Descobre
que ele é um lobo em pele de cordeiro pronto a lhe devorar a qualquer instante.
Em
uma última tentativa, o cidadão vira-se de um lado par outro na tentativa de
que tudo tenha sido um sonho... Mas não é sonho. É a realidade nua e crua, e
ainda por cima, sem sal. Se ainda fosse temperada, mas nem isso.
Para
sairmos desse poço, é preciso mudar toda uma cultura que já dura séculos. Isso é
possível? Sim, isso é perfeitamente possível. Para isso é preciso que se deem
asas ao anjo salvador chamado educação. Mas coitado do anjo educação... São
muitas as mãos a empurrá-lo para o fundo do poço da ignorância. Eles sabem, que
se esse anjo ganha poder, todos viverão uma vida digna e o bolo deles diminui,
perdem a cereja. Ah, e, além do bolo, terão que dividir o vinho e champanhe. Melhor
então, deixar o anjo da educação escondido e o povo na ignorância. Enquanto
isso, a cultura da corrupção se perpetua indefinidamente em nossa pátria.
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