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O pensamento de Confúcio na vida atual
Posted by Cottidianos
on
01:44
Domingo, 29 de outubro
Abra
os jornais diários. Ligue a TV. Veja as revistas semanais, os tabloides, o que
se diz do factual é algo bem diferente do que poderíamos entender como o mundo
ideal.
Esses
veículos de comunicação, em qualquer país do mundo, estão a estampar em suas manchetes
notícias de guerras, atentados terroristas, corrupção, violência. É um
turbilhão de más notícias que acabam atingindo nossas mentes. É preciso também
fugir um pouco dessa loucura, até para não ficarmos também nós, loucos,
paranoicos.
Há
instituições que oferecem serviço gratuitos, ou que oferecem serviços pagos, e
que ajudam a jogar fora o lixo mental que acumulamos diariamente. Estas
instituições ajudam a reciclar a nossa visão de mundo, nosso pensamento,
fazendo-nos encontrar veredas de reflexão e esperança que nos guiem em meio ao
sertão desolador que se tornou o nosso conturbado mundo atual.
Em
Campinas, uma destas instituições que oferecem um serviço aberto ao público é o
Instituto CPFL Cultura. O instituto oferece ao público programas culturais que
auxiliam os que acorrem ao espaço cultural na busca do conhecimento e reflexão
sobre os desafios e oportunidades de nosso mundo contemporâneo.
Neste
mês de outubro, o Instituto CPFL — Companhia Paulista de Força e Luz Cultura —
apresentou um módulo de palestras organizadas no sentido de levar ao público
uma compreensão da cultura chinesa, para depois usá-la como reflexão. O módulo
intitulado: Confúcio bebendo chá –
cultura milenar chinesa na vida contemporânea — com curadoria do Instituto
Confúcio da Unicamp — apresentou duas palestras referentes ao tema: O
pensamento de Confúcio na vida atual (20), e O chá como vida, a vida como chá
(27).
A
peça de divulgação que chamava os interessados em comparecer ao evento dizia: “Quais são os enigmas da civilização chinesa,
que se propagou milenar e ininterruptamente? Como as pessoas pensam num país
que se localiza no outro lado do mundo? Como as pessoas tratam da vida e da
sociedade? Compreendendo o mestre Confúcio, estas perguntas serão respondidas”.
O
advogado, Alexandre Vasques, Alex Vasques, como gosta de ser chamado, foi ao
Café Filosófico do CPFL para assistir a palestra, O pensamento de Confúcio na vida atual, no dia 20 de outubro, e
enviou um texto para ser compartilhado por este blog, no que foi prontamente
atendido. A palestra foi proferida por Quinxiang Gao, professor da Beijing
Jiaotong Universiy e diretor do Instituto Confúcio na Unicamp, e Antonio
Florentino Neto, filósofo e professor da Unicamp. Os dois palestrantes
apresentaram o pensamento do mestre Confúcio, que exerceu uma influência
fundamental na China, bem como no desenvolvimento da sociedade chinesa e do
pensamento dos chineses.
***
O pensamento de Confúcio na vida atual
Por
Alex Vasques
Aproveito
o tema com uma reflexão atual (e relembrado no Evento), encontrada em tradução
da obra mais fundamental e conhecida de Confúcio, precisamente nos escritos do Analectos,
II, 3:
Governa por meio de decretos e leis,
disciplina por meio de sanções, e a população usará subterfúgios e não terá
consciência. Guia-a pela virtude e pela moral, e ela terá consciência e
alcançará o bem comum.
Noite agradável, novamente com grande
cuidado da Equipe do Centro Cultural, desde a recepção, acomodação, iluminação
e requintado (e caro) buffet, em que o Professor Gao, notável pela sua simpatia
e sorriso presente, trouxe detalhes da evolução cultural da China,
indissociável de uma matriz confucionista, assinalando que a orientalização,
ocidentalização ou mesmo colonização seriam conceitos que gerariam desarmonia e
conflitos improdutivos, sendo melhores substituídos pelos valores e paradigmas
do desenvolvimento humano com a assimilação das diferentes culturas, com
empenho para a tolerância e para a elevação do respeito humano.
Por sua vez, o Professor Florentino,
ágil e transbordante em conhecimento eclético, destacou as diferenças
existentes entre a sociedade formada por indivíduos voltados para si, incluindo
essa crença ocidental em uma essência isolada e que inclinaria para uma ilusão
de autossuficiência, que seriam pilares do modelo capitalista, em contraponto
com a visão oriental, que pode ser observada aplicada, com naturalidade,
inclusive nos ambientes de negócios chineses, consistente na elementar oposição
taoista do yn e do yang, de forma sempre complementar, com relevo para as
relações, incluindo o relacionamento entre as pessoas, pois que, fora dessas
relações, individualmente nada existiria de fato.
No encerramento, como de costume, houve
extenso debate sobre os principais temas abordados.
De nossa parte, ora acrescentamos em
exercício crítico sobre as inúmeras polêmicas envolvendo, por exemplo, os
catastróficos desastres ambientais globais promovidos pela política de produção
chinesa ou, no campo dos Direitos e Liberdades Humanas, acerca do
condicionamento para constante vigilância política e de opinião de todos sobre
todos, ou mesmo, dos resultados de violência e da centralização de força
estatal ou ainda, dos níveis conhecidos de corrupção e segurança pública, todas
estas e outras questões que podem ser lembradas e fomentadas pelos ilustres
visitantes e colaboradores do Blog. Fica o convite.
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