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Brasil sem rumo, e Temer à beira do precipício
Posted by Cottidianos
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Sexta-feira, 19 de maio
Antes de iniciar, de fato esta postagem,
e já iniciando, este blog gostaria de fazer alguns agradecimentos.
— Ao universo do judiciário, no qual
brilham as estrelas de juízes, promotores, e advogados, que vieram com coragem
e disposição de passar o Brasil a limpo.
— À Polícia Federal que vem trabalhando,
incansavelmente, para investigar, e prender poderosos foras da lei de colarinho
branco que dilapidam os cofres de nossa nação, e jogam na lata do lixo da
vergonha, os princípios constitucionais que fundamentam nossa Constituição.
— Ao jornalista, Lauro Jardim, que, através
de um meticuloso e cuidadoso trabalho jornalístico de três semanas, prestou um
grande serviço ao Brasil, ao revelar os podres segredos do Palácio do Planalto,
dos quais Temer é personagem principal. Revelações estas que abalaram o Brasil
com a força de um terremoto, e nos deixaram a todos atônitos.
— Vai também um agradecimento até mesmo
aos foras da lei, Joesley e Wesley Batista, donos do frigorifico JBS, que, com
sagacidade proporcionaram o terremoto que sacudiu Brasília, e abalou o Brasil.
Merecem eles punição? Sem dúvida. Mas se eles tivessem se mantido em silêncio
não teríamos sabido dos fatos que nos deixaram de cabelos em pé.
E porque digo que os donos da JBS foram
espertos? Porque eles se anteciparam aos fatos. Com certeza, eles têm
acompanhado os noticiários e tem visto a eficiência do trabalho do Judiciário e
da Polícia Federal, e agiram rápido. Alvo de cinco inquéritos na Polícia
Federal desde 2016, são elas: Operação Sépsis, Operação Greenfield, Operação
Cui Bono, Operação Bullish, e Operação Carne Fraca. Os empresários sabiam que
mais dia, menos dia, a situação se complicaria para eles.
Então que fizeram?
Em uma tranquila noite de terça-feira,
07 de março deste ano, por volta das 22h30min, Joesley foi, sozinho, em carro
próprio, ao palácio presidencial, conversar com Temer. Na verdade, foi fisgar o
peixe com isca boa. Porém, antes de entrar na residência oficial do presidente
da república, o empresário, não se esqueceu de, discretamente, ligar um pequeno
gravador de voz, deixá-lo em lugar bem escondido.
Naquela calma e tranquila noite, ao abrir
as portas de sua casa para Joesley, Temer abria também a porta para a delação premiada
dos sonhos do empresário. O encontro por si só já envolvia o presidente em
situação suspeita, pois receber um empresário que estava às voltas com a
justiça àquela hora da noite, em sua casa, e sem a presença de testemunhas já
diz muita coisa, sem dizer nada.
A conversa durou 40 minutos. E Joesley
foi jogando corda para Temer se enforcar, contando vantagem, e Temer indo na
conversa dele. Nessa conversa mansa, surge o nome do ex-presidente da Câmara
dos Deputados, e atual presidiário, Eduardo Cunha. O empresário fala para o presidente que tem
procurado manter boa relação com Eduardo Cunha, mesmo após a sua prisão. E diz
ao presidente que a propina está sendo paga todo mês ao ex-deputado para que
ele fique com a boca calada. Temer concorda dizendo que isso é a melhor coisa a
ser feita.
Nos dias subsequentes, Joesley e Wesley
procuraram a Policia Federal e a Justiça, e apresentaram o material explosivo. Começou
uma bem articulada operação da PF, junto com os delatores que resultou no
excelente trabalho policial que vimos. Na quarta (17), o ministro do STF,
Edson Fachin, relator da Lava Jato, homologou as delações dos dois irmãos e donos
da JBS... E o Brasil tremeu, ficou desorientado... E Temer perdeu o rumo e a
governabilidade.
Diante das robustas provas, Rodrigo
Janot, procurador-geral da República, pediu a abertura de inquérito contra
Michel Temer. No início da tarde de ontem (18), Edson Fachin, autorizou o
início das investigações contra o presidente. Com essa decisão do STF, o
presidente pode ser considerado, formalmente, um investigado, podendo os investigadores
da Lava Jato, fazer pedido de busca e apreensão de provas e documentos, e também
tomar depoimentos, até mesmo do presidente.
O Brasil esperava uma atitude nobre do
presidente: a de que ele renunciasse. Mas ele não teve essa atitude nobre. Ao contrário,
desde ontem, dá, como diz o ditado popular, uma de “João sem braço”. Finge ignorar
que nada está acontecendo, e que no governo está tudo em clima de normalidade. Tendo
colocado três de seus ministros para dar declarações a fim de acalmar a população:
Antônio Imbassahy, da Secretaria de Governo, e Eliseu Padilha, da Casa Civil, e
Moreira Franco, da Secretaria-Geral. Moreira Franco e Eliseu Padilha também
estão na mira dos investigadores da Lava Jato.
As delações dos donos da JBS deixaram
Temer a beira do precipício. O governo perde a governabilidade. Os partidos de
oposição já começam a fazer fila com seus pedidos de impeachment contra o
presidente, e os partidos aliados já começam a cogitar em abandonar o governo.
Na mesma rede das delações dos dois
irmãos na qual Temer foi apanhado, também caiu como um patinho, o senador, Aécio
Neves. Trechos da delação mostram que Aécio
Neves pediu R$ 2 milhões a Joesley para pagar aos advogados que fazem a sua
defesa nos inquéritos nos quais o senador é lavo da Lava Jato. Porém, a
procuradoria-geral da República diz ter elementos suficientes para dizer que
esse dinheiro não foi repassado a advogado algum. O senador Aécio Neves é alvo de sete inquéritos
na Operação Lava Jato.
O procurador-geral da República pediu a
prisão da Aécio, porém, o ministro Edson Fachin, negou o pedido de prisão,
dizendo que esse é um caso a ser decidido pelo plenário do STF. Fachin,
entretanto, determinou o afastamento de Aécio Neves das funções de senador.
Ainda como consequência das delações
premiadas dos donos da JBS, foram presos Andrea Neves, irmã e principal
coordenadora das campanhas de Aécio, e o primo dele, Frederico Pacheco de
Medeiros.
Também foram presos, Mendherson Souza
Lima, assessor do senador, Zezé Perrela (PMDB), e o procurador da República, Ângelo
Goulart Villela. O procurador é acusado de repassar informações a Joesley em
investigações nas quais o empresário estava envolvido na Lava Jato.
Vivemos em uma sociedade que se
estruturou em torno do dinheiro. E dinheiro, quando ganho honestamente, faz
bem, ajuda a nutrir nossas necessidades diárias. Mas o que estraga o homem é a
ambição desmedida. Temer não precisava se envolver nestas falcatruas, assim
como também não precisavam Aécio Neves, Andrea Neves, a irmã de Aécio, Fred, o
primo dele, Ângelo, o procurador, Lula, ex-presidente, e tantos e tantos
corruptos Brasil afora. O resultado é que estes bandidos jogam fora suas belas
biografias, jogam-nas na privada, e nem dão descarga.
É isso, caros leitores, e leitoras,
quando a gente pensa que está ruim, eles conseguem piorar ainda mais. Hoje, o
Brasil é um barco à deriva, sem rumo, sem controle, sem lideranças que o guiem
a um porto seguro. Isso não é pessimismo. É realidade.
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