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Guerra e Paz nas ruas do Rio

Posted by Cottidianos on 00:47
O texto a seguir é baseado nos fatos que ocorreram no Bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira, 17 de junho de 2013. Escrevi esse texto após ver as imagens das manifestações no Rio de Janeiro mostradas na TV. 


Bairro do Leblon. Rio de Janeiro. Quarta-feira, 17 de Julho. Passava das cinco horas quando o interfone de apartamento de Mário Fernandes, tocou.

_ Mário, seus amigos já estão aqui embaixo esperando. Avisou o porteiro.

_ Ok, Osvaldo, diga-lhes que já estou descendo. Só mais uns cinco minutos.

Mário desligou a TV quando a repórter ia mostrar as imagens da multidão reunida a algumas quadras dali. Estavam próximos a casa do governador do Rio, Sérgio Cabral. Ele não gostava da atitude do governador em relação aos manifestantes. Achava ele muito distante, inacessível e fechado ao diálogo. Porque o povo lá rua não fazia manifestação em frente ao apartamento do Eduardo Paes. Porque o prefeito mostrou uma atitude de diálogo. Foi ao quarto, pegou os documentos e colocou-os no bolso da bermuda. Voltou à sala. Antes de fechar as cortinas admirou a bela vista que tinha da Lagoa Rodrigo de Freitas. Era inspiradora. Na verdade esse foi um dos fatores que o influenciaram quando da compra do apartamento, que, diga-se de passagem, era um belo e bem decorado apartamento no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.Um luxo para um jovem, solteiro, de vinte anos, empresário do ramo de têxtil.

Quando chegou ao hall de entrada, onde seus amigos estavam esperando, teve que ouvir merecidas gozações.

_ Poxa, Mário!Que demora, hein! Parece até noiva em dia de casamento! Disse Mariele, uma bela morena de dezenove anos.

_  Se demorasse mais um pouco, quando chegasse lá, a manifestação já teria terminado. Disse o amigo Breno.

_ Nossa, como vocês são exagerados! Não demorei nem dez minutinhos...  _ Os três cairiam na gargalhada. Vamos logo que acabo de ver na TV que, nem começou a manifestação, e já tem mais de cinco mil pessoas na rua.

Quando chegaram à rua viram que tinha bem mais gente do que a reportagem na TV mostrava.  Famílias inteiras estavam lá para fazer seus protestos. Nos cartazes que os manifestantes seguravam nas mãos liam-se protestos contra o fechamento do Museu do Índio, outros eram contra a privatização do Maracanã, a desmilitarização da polícia, o uso do helicóptero usado pelo governador para fins pessoais. Outro grupo mais adiante e mais exaltado queria a saída do governador. A multidão seguia por entre as ruas do Leblon cantando com todo o patriotismo Hino Nacional e gritando palavras de ordem. Gritos contra a corrupção se faziam ouvir. Entre cartazes, faixas e cantos se assistia uma verdadeira aula de democracia.

Mário, Breno e Mariele estavam bem de vida, ainda eram jovens e iam muito bem em seus ramos de atividade. Mas faziam parte do povo que sofre com as altas taxas de impostos, que carecem de segurança pública que lhes garanta o direito de ir e vir com tranquilidade e não ficar preso dentro de seus apartamentos e suas casas. De gente que quer se sentir livre na cidade onde vive. Eles não viam com bons olhos o fechamento do Museu do Índio. Eram da opinião que memória brasileira é para ser presevada, cuidada com carinho.

A manifestação seguia tranquila. Porém, Mário viu se aproximar da multidão um grupo de pessoas com a cara coberta pelas camisetas que deixavam entrever apenas os olhos. E pelo olhar frio que um deles lhe lançou, Mário pensou: “Esses vão aprontar. Quem quer realmente protestar não cobre a cara. Vai de cara limpa mesmo ou, no máximo, de cara pintada”.Ele estava com a razão. Por volta das 22h50, esse grupo entrou na Rua Aristides Espinola. Rua que é a residência do governador Sérgio Cabral e atirou fogos de artifiícios e garrafas com coquetel Molotov em direção aos policiais. Os políciais revidaram com balas de borracha e gás lacrimogenio. A confusão estava armada e o protesto que, era pacífico, terminou. Ficou apenas a arruaça. O que se viu depois foi estarrecedor. Os baderneiros se lançavam contra placas de sinalização, arrancando-as e com elas quebravam vidros de agências bancárias. Arrobavam lojas e as saqueavam. Pontos de ônibus também foram depredados. As portas dos estabelecimentos que ainda estavam abertas foram rapidamente baixadas. Ninguém queria “pagar pra ver” o tamanho do prejuízo.

Pneus e outros objetos eram lançados na rua e queimados impedindo a passagem de carros e pedestres. Também que se arriscaria a andar no meio de uma guerra? Só um louco para fazer isso.

Dezenas de carros e motos da polícia começaram a percorrer às ruas adjcentes lançando bombas de efeito moral. O pior era que as bombas atingiam também que estava ali para um protesto pacifíco. Os três amigos: Mário, Breno e Marieli, aterrorizados protegiam-se embaixo da marquise de uma loja, um pouco recuada da rua e fora da vista dos baderneiros. Não tinham coragem de sair dali, nem tinham como. O cenário era de destruição.

No meio da confusão e ainda atemorizados, acharam tempo para questionar:

_ Na verdade eram dois grupos de interesses contrários: os que qeuriam fazer um protesto pacífico e outro que queria aproveitar da situação e fazer arruaças e saques. De que forma podemos continuar protestando sem que atos de vandalismo enfraqueçam a força das manifestações? Perguntou Mário.

- Não podemos desanimar por causa disso, a causa pela qual estamos na rua é muito mais nobre. Agora que começamos os protestos não podemos parar. Disse Breno.

- O povo sabe que quem faz essas arruaças não somos e nem nos representam. Disse Mariele.

Os três só conseguiram sair de onde estavam quando a polícia consegiu dominar completamente a situação.

Na manhã, seguinte após o susto e um pouco desanimado com o desfecho da situação no dia anterior, Mário ligou a TV ao acordar e viu imagens impressionantes que o noticário matinal mostrava.

- “O governador do Rio, Sérgio Cabral, convoca reunião de emergência com a cúpula da Secretária de Segurança Pública, chefes da Políca Civil e Militar e Secretários de Estado...” dizia a apresentadora do telejornal. Enquanto eram mostradas a imagens do governador, Mário se perguntava: “E o povo quando ele vai chamar para o dialógo”. Vieo-lhe à mente a lembrança de que dali há poucos dias aconteceria na cidade maravilhosa, a Jornada Mundial da Juventude. Era melhor eles resolverem logo esse problema da segurança... Afinal é Francisco que está chegando... e junto com ele vem os olhos do mundo inteiro...


“As coisas no páis só chegaram a esse ponto devido à falta de gestão de nossas autoridades. Pacíficas ou mescladas com atos de vandalismo, quem sabe essas manifestações não sejam o despertar para uma cidadania plena... Queira Deus que sim” - Pensou Mário

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