Viagens espaciais e pesadelos na política
Segunda-feira, 16 de maio de 2022
Caros leitores e leitoras, que tal começar a postagem
de hoje com uma notícia boa, notícia leve? Nada mal, não é?
Para começar, vocês sabem quanto custa uma viagem
espacial? Segundo uma pesquisa rápida no site Tecmundo, o cobiçado passeio pode
custar entre R$ 580,00 mil e R$ 280 milhões. Vai depender de classe econômica ou
executiva. Brincadeiras à parte, vocês encarariam uma viagem dessas? Se a conta
bancária permite, então boa sorte, aproveitem, pois eu, por enquanto, vou ficar
viajando aqui pela Terra mesmo.
Ano passado, o homem mais rico do mundo, Jeff Bezos,
57, fez um desses passeios dos sonhos para muitas pessoas — para outras nem
tanto. Ele viajou pela companhia Blue Origin, fundada por ele mesmo, em 20 de
julho de 2021.
A viagem foi bem curta: durou 15 minutos, mas foi
suficiente para ser considerada um marco no mercado espacial. A viagem no foguete
VSS Unity foi a primeiro voo civil sem piloto ao espaço. Além de Bezos, estavam
no foguete; Mark Bezos, irmão de Jeff, a piloto Wally Funk que, com 82 anos, se
tornou a pessoa mais velha a viajar para o espaço, e o holandês Oliver Daemen
que, em contraste com Wally, se tornou a pessoa mais jovem a sair da órbita
terrestre. Oliver foi também a primeira pessoa que pagou por isso.
Em imagens divulgadas após o voo o quarteto parecia
crianças no jardim de infância de tão alegres, brincando com a gravidade, e
atirando bolinhas e doces uns para os outros.
Apesar de ser, segundo a Forbes, dono de um patrimônio
líquido de US$ 177 bilhões, a viagem no foguete VSS Unity foi paga pela Amazon,
empresa da qual Jeff Bezos também é criador. A passagem de cada passageiro
custou US$ 28 milhões (R$ 146 milhões).
Em entrevista após a aterrisagem de volta à Terra,
Jeff Bezos, obviamente, agradeceu a Amazon: “Agradeço a cada funcionário da Amazon, a cada cliente. Vocês pagaram
por isto tudo aqui”.
Trouxe esse assunto de volta à discussão, primeiro
porque é matéria sempre atual, mexe com nossos sonhos, nossas fantasias, e é mais
um lampejo de um futuro que, igual criança, começa a engatinhar no momento
presente; segundo porque representa passos gigantes da ciência espacial em
relação à exploração espacial e ao desenvolvimento tecnológico que pode advir
disso, e em terceiro lugar por que tem brasileiro rindo por poder ir,
literalmente, para o espaço. E sem pagar nenhuma fortuna por isso. R$ 4 mil foi
o que esse brasileiro sortudo pagou por um passeio caríssimo.
O nome dele é Victor Correa Hespanha, um jovem de 28
anos, engenheiro de produção, morador de Belo Horizonte, Minas Gerais e,
imaginem só, ganhou a passagem em um sorteio.
A história se deu dessa forma. A empresa Crypto Space
Agency (CSA), é uma empresa que tem a missão de unir tecnologia da indústria espacial
com o mercado de criptomoedas.
Em 25 de abril deste ano de 2022, a empresa resolveu
colocar 5.555 NFTs à disposição do público. Ela prometeu que um dos compradores
teria a oportunidade de viajar ao espaço e cumpriu a promessa.
Cinco dias após, no dia 30 de abril a CSA realizou um
sorteio e o brasileiro acabou sendo o grande sortudo. Levou como prêmio uma
viagem ao espaço. Ele que comprou o NFT (token não fungível) apenas para
diversificar seus investimentos, pagando por ele a quantia de R$ 4.000, ganhou
o direito a uma viagem que foi realizada, até agora, por pouquíssimas pessoas,
e todas elas bilionárias.
Victor já está em solo americano. Desembarcou nos
Estados Unidos nesta segunda (16). Nas terras do Tio Sam, o brasileiro está
pronto para iniciar os três dias de treinamento oficial antes da decolagem.
Sexta-feira, 20, é o grande dia. O lançamento do
foguete está previsto para as 8h30 (10h30, horário de Brasília). O evento
acontecerá na região Oeste do Texas. A viagem será bem curta. Durará apenas 10
minutos, mas será suficiente para marcar para sempre a vida de Victor.
Após saber que tinha sido escolhido para a viagem dos
sonhos, Victor disse ao G1 Minas, Gerais: “É
assustador, nunca pensei [que conseguiria], sou pessoa comum, mas estou tendo
essa oportunidade incrível. Isso é para mostrar que viagem ao espaço não é só
coisa de bilionário”.
É caro Victor, boa sorte na sua viagem espacial.
Apenas complementando sua frase, por enquanto, para se viajar ao espeço é
necessário duas coisas: ser bilionário como Jeff Bezos, ou ter muita sorte
igual a você. De qualquer modo ficaremos de olho na sua aventura espacial, e
torcendo para que vá e volte em paz e segurança.
Quando decolar para o espaço na sexta-feira, 20,
Victor se tornará o primeiro turista espacial brasileiro. Na verdade, o mineiro
será o segundo brasileiro a conhecer o espaço sideral. O primeiro foi o
astronauta, engenheiro, e agora político, Marcos Pontes.
Porém, Marcos Pontes não viajou como turista espacial.
Ele participou da Missão Centenário,
que recebeu esse nome em comemoração aos 100 anos de Santos Dumont a bordo de
14-bis. Pontes decolou da Estação Espacial Internacional (ISS), a bordo da nave
russa soyuz TMA-8.
Nas eleições de 2018, Marcos Pontes foi eleito segundo
suplente de senador na chapa de Major Olímpio. No dia 31 de outubro de 2018,
foi convidado pelo recém-eleito presidente Jair Bolsonaro para o Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação, cargo no qual permanece até hoje.
O senador Major Olímpio (PSL-SP), elegeu-se para o
senado nas eleições de 2018 como o senador mais votado do estado de São Paulo.
Apoiou o presidente Jair Bolsonaro no pleito daquele ano. Levou para o plenário
do senado pautas conservadoras defendidas por Jair Bolsonaro como a
flexibilização das armas, por exemplo.
Entretanto, Major Olímpio começou a se distanciar do
presidente no ano de 2020 diante da conduta e das atitudes do presidente em
relação a Operação Lava Jato. O senador compreendeu que havia comprado gato por
lebre.
Ele distanciou-se ainda mais do presidente quando veio
à pandemia. A condução da pandemia por parte do presidente, e do governo de um
modo geral, desagradou profundamente Major Olímpio. No plenário do senado fez
várias declarações favoráveis à vacinação contra a covid enquanto o presidente
se colocava contra a vacina. Infelizmente,
o senador Major Olímpio, 58 anos, foi mais uma das tantas vítimas da covid-19. Ele
faleceu no dia 18 de março de 2021. Havia recebido diagnóstico positivo da
doença em 02 de março daquele ano.
Aqui pelo Brasil quem continua atingindo alturas
estratosféricas são os preços dos combustíveis e de tudo mais.
Segundo dados divulgados pela ANP (Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), divulgados na sexta-feira, 13, os
preços da gasolina e do diesel bateram recordes. Naquela semana, o preço
registrado para a gasolina foi de R$ 7,298 por litro, e do diesel R$ 6,971. São
os maiores valores para a gasolina desde 2004 quando a ANP passou a fazer
levantamentos semanais, e para o diesel desde 2012.
Em meio a tudo isso temos um governo que não sabe
governar. Não soube conduzir a pandemia, nem sabe conduzir a economia (perdoem
o trocadilho, mas não houve como escapar dele).
E Bolsonaro diz que não interfere na Petrobrás, mas
troca ministro da Petrobrás, troca ministro das Minas e Energias. Na
quarta-feira, 11, deste mês, o Diário Oficial da União trazia a publicação da
troca naquele ministério. Saiu Bento Albuquerque, entrou Adolfo Sachsida.
Tudo cortina de fumaça. Uma tentativa, um truque do
presidente para dissociar sua imagem da alta dos combustíveis e da má fase da
economia. Assim, ele pode falar para os ignorantes que o seguem: “Eu fiz o máximo que pude. Tentei de todas as
formas. A culpa não é minha”. Teatro.
Aliás, a culpa nunca é dele. É da pandemia. Dos
governadores. Das pessoas que ficaram em casa com receio de pegar o vírus. Da guerra
na Ucrânia. Do papa. De Leonardo di Caprio, e de quem mais aparecer na mente
dele no momento em que estiver falando. Nunca dele mesmo e de seu incompetente
governo.
Às vezes, muitas vezes, ele atua como critico e expectador
do próprio governo, como fez na live do dia 05 deste mês. Nela, falava um
presidente esbravejando, como se não fizesse parte do governo, fazendo uma
crítica, dizia ele:
“Eu
não posso entender, a Petrobras durante crise da pandemia e a guerra lá fora, a
Petrobras faturar horrores. O lucro da Petrobras é maior que a crise. Isso é um
crime, é inadmissível. Eu posso estar equivocado, mas não consigo entender.
O
Brasil, se tiver mais um aumento (no preços dos combustíveis), pode quebrar o
Brasil. E o pessoal da Petrobras não entende, ou não quer entender. A gente
sabe que têm leis. Mas a gente apela para a Petrobras que não aumente os preços.
Sei
que tem acionistas. Mas quem são os acionistas? Fundos de pensões dos Estados
Unidos. Nós estamos bancando pensões gordas nos Estados Unidos. Petrobras,
estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O
lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem mais aumentar mais
os preços dos combustíveis.
O
momento é de guerra. A gente apela para a Petrobras. Não reajuste os preços dos
combustíveis. Vocês estão tendo um lucro absurdo. Se continuar tendo lucro
dessa forma, e aumentando o preço dos combustíveis, vai quebrar o Brasil”.
O
presidente da Petrobras, não quero criticá-lo, acabou de entrar, mas ele ganha
por mês R$ 210 mil. Cada um dos diretores ganha R$ 110 mil. E, quando acaba o
ano, se a Petrobras for lucrativa, como está sendo, eles ganham mais seis, sete
ou oito salários de bonificação. Essas pessoas não estão preocupadas com o
preço do combustível. Não quero criticá-los, mas com esse salário vocês têm
obrigação de buscar alternativa”.
O presidente sabe que a economia pode ser a pedra de
tropeço, o calcanhar de Aquiles no caminho de sua tão sonhada reeleição — e que
Deus nos livre dessa tragédia — então faz teatro para os apoiadores dele. E os
eleitores dele, ingênuos como são, tomam as palavras do ator como verdade e o
cenário da peça como realidade única.
Além disso, ainda tem os ataques às urnas eletrônicas.
Enredo esse que começou a ser construído ainda em 2018, ainda durante a
campanha presidencial. Lembro, perfeitamente, de estar junto com bolsonaristas
— apesar de não ser um deles, e muito menos desejar sê-lo — em alguns momentos
sociais, enquanto se desenhava o cenário daquela eleição, e eles já defendiam
que as urnas eletrônicas eram passíveis de serem fraudadas. Eu ficava ouvindo
tudo aquilo, e pensando em como podiam acreditar em coisas tão tolas, que eles
viam no WhatsApp.
Naquela época o ataque às urnas eletrônicas já era a
montagem de um enredo, assim como é agora. E o enredo é o seguinte: Apenas Jair
Bolsonaro pode ganhar as eleições. Se ele perder, as eleições terão sido uma
fraude e isso justificaria um golpe. Segundo essa narrativa bolsonarista todos
estão tramando esse plano diabólico para fraudar as eleições, o STF, a
imprensa, e todo mundo que não votou em Bolsonaro.
Não se iludam os caros leitores e leitoras com outra
conversa, pois o que está desenhado é justamente isso.
E assim, caminhamos para mais uma eleição presidencial
que promete ser bastante tumultuada. Mas torçamos para que o mal não prevaleça,
pois com todos os defeitos que tem a nossa democracia, ela ainda é melhor que
as cortinas de ferro da ditadura.
Pois, por trás delas e nos seus porões já jorrou muito
sangue inocente no passado, e jorrará novamente se ela, novamente, ela baixar sobre
o nosso país. Além do que, o povo será jogado às margens do rio, senão
totalmente jogado para fora dele, e na corte do rei, apenas os amigos do rei se
saciarão de vinhos franceses e queijos suíços. E os amigos do rei, também pelo
desenho que se forma, sabemos perfeitamente quem serão.
E não haverá mais bocas nem jornais para denunciar o mar de lama de corrupção.
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