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Dia da Vitória

Posted by Cottidianos on 23:43

Segunda-feira, 09 de maio

75 dias.

75 dias de agonia e sofrimento para o povo ucraniano provocados por uma guerra absurda, começada por um governante insano.

Foram meses de tensão na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. Mais e mais tropas russas foram se aglomerando por lá, e Putin dizendo que eram apenas exercícios militares.

Até que no dia 24 de fevereiro — igual a um lobo que há tempos espreitava sua presa e em determinado momento avança vorazmente para a devorar —, eis que a cobra dá o bote em sua vítima.

Vladmir Putin pensava que a investida militar iria ser um passeio. Que ia ser fácil, fácil se apoderar do território ucraniano. Em sua delirante imaginação ele imaginava que os próprios militares ucranianos iriam depor Zelensky, e facilitariam muito as coisas para ele, Putin.

Não deixe que os banderites e os neonazistas tomem como reféns seus filhos e mulheres. Tomem o poder com suas próprias mãos”. “Será mais fácil negociar com vocês [militares da Ucrânia] do que com esse bando de neonazistas viciados que tomaram Kiev e estão fazendo como refém todo um povo”. Foram frases ditas pelo governante russo, em pronunciamento feito à nação russa em uma sexta-feira, 25 de fevereiro.

Ainda se dirigindo aos militares ucranianos ele disse: “Larguem suas armas e voltem para casa”, dirigindo-se aos russos ele disse que o país não poderia mais “tolerar ameaças da Ucrânia”.

O que ele não contava era que o povo ucraniano, liderado por um presidente que surpreendeu a todos com sua força e determinação, iria defender país com a força dos leões.

Segundo estimativas, mais de 5 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia. Cidades ucranianas foram e são intensamente bombardeadas, com destaque para a cidade de Mariupol. Militares ucranianos e russos foram mortos em combate. O sangue da população civil também já se derramou sobre o solo pátrio. Dentre elas, muitas crianças. Segundo a ONU, 1.123 já foram mortos ou feridos na guerra. Deve ter muito mais mortos e feridos que as estatísticas mostram.

Se Putin se levantou contra a Ucrânia, sem que tivesse havido provocação nenhuma por parte dos ucranianos, o mundo também se levantou contra Putin. Se ele resolveu bombardear cidades ucranianas, o mundo ocidental também resolveu bombardeá-lo com sanções econômicas. Já são dezenas as medidas com a finalidade de atingir o coração da economia russa.

Apesar de não querer interferir diretamente no conflito, vários países da Otan já enviaram, e continuam enviando equipamentos de guerra para o país comandado por Zelensky. Os Estados Unidos, além das armas, também têm enviado robustas ajudas financeiras ao país.

Em meio a tudo isso, ficamos a refletir em como é eficiente o poder dos ditadores de convencer populações inteiras a apoiarem o massacre, a destruição, o genocídio. Eles constroem uma narrativa inverossímil, absurda, mentirosa, e a fazem parecer real, crível.

No caso de Putin e a guerra da Ucrânia a qual ele, estupida e descaradamente, chama de “operação militar especial” foi construída uma narrativa de que é preciso acabar com os nazistas que dominaram a Ucrânia, quando na verdade quem está copiando os modos de agir e de pensar dos nazistas, são integrantes do governo russo, e quem encarnou Hitler foi o próprio Vladmir Putin.

Nesta segunda-feira, 09, a Rússia celebrou o dia da Vitória. As comemorações marcaram o 77º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista. O líder russo aproveitou para exibir o vasto poderio militar que possue.

Na Praça Vermelha, em Moscou, houve desfile militar e houve também discurso para centenas de milhares de pessoas. Esperava-se que Putin fosse, oficialmente, declarar guerra à Ucrânia, citar alguma ação que pudesse servir como vitoriosa no conflito, preparar o povo russo para um conflito mais prolongado, mas diante do que era esperado, o discurso de Putin até que foi um tanto quanto tímido. Até porque não há vitória nenhuma a apresentar.

O presidente russo discurso por cerca de onze minutos. Porém, durante sua fala não revelou os planos para a guerra travada contra o país vizinho.

Entretanto, em seu discurso, ele disse que o exército russo luta para defender a pátria contra inimigos, culpou a OTAN pela guerra, voltou a falar mais uma vez da ameaça neozista que rondava a Ucrânia, e mais algumas mentiras.

 Obviamente, o discurso de Vladimir Putin não passaria sem ecoar nos ouvidos de Vladimir Zelensky. Ainda antes do discurso do seu opositor em Moscou, o presidente ucraniano divulgou um vídeo no qual buscava dissociar a invasão da Ucrânia à derrota da Alemanha nazista pela União Soviética, conforme a narrativa que Putin apresenta aos russos.

No vídeo bastante simbólico, Zelensky faz um discurso de 5 minutos e 33 segundos, enquanto caminha por uma rua, em alguma cidade da Ucrânia não atingida pela guerra. “No dia da vitória sobre o nazismo estamos lutando por uma nova vitória. O caminho para isso é difícil, mas não temos dúvidas de que venceremos”.

Abaixo, segue, na íntegra, o discurso firme e verdadeiro feito por Volodmyr Zelensky e, ao final, o link para que vocês possam  assistir a íntegra do vídeo no Youtube.

Grande povo da Ucrânia!

Em 24 de agosto de 2021, o país inteiro celebrou o 30º aniversário de nossa independência! Nossos soldados, nossos defensores, nossos equipamentos estavam se movendo ao longo do Khreshcatyk, nosso “Mriya” estava voando no céu!

“Não existe nada mais perigoso que um inimigo traiçoeiro, não existe nada mais venenoso que um falso amigo”. Essas são as palavras do grande filósofo ucraniano Hryhorii Skovoroda.

Em 24 de fevereiro, nós acreditamos quando um falso amigo começou uma guerra contra a Ucrânia. Esta não é uma guerra de dois exércitos. Esta é uma guerra de duas visões de mundo. A guerra travada por bárbaros que bombardeiam o museu Skorovoda e acredita que os mísseis deles podem destruir nossa filosofia. Isto irrita eles. Não é familiar para eles. Isto assusta eles. Esta essência é que somo um povo livre que temos nosso próprio caminho.

Hoje nós estamos travando uma guerra neste caminho e não vamos entregar a ninguém um único pedaço de nossa terra. Hoje nós celebramos o Dia da Vitória contra o Nazismo. E nós não entregaremos a ninguém um único pedaço de nossa história.

Nós temos orgulho de nossos ancestrais que, junto com outras nações em uma coalisão anti-Hilter, derrotaram o nazismo. E nós não vamos permitir a ninguém anexar esta vitória, nós não vamos permitir que isso seja apropriado.

Nossos inimigos sonharam que recusaríamos celebrar o 9 de maio e a vitória contra o nazismo. Então, para que esta palavra “desnazificação” tenha uma chance. Milhares de ucranianos lutaram contra o Nazismo e atravessaram uma difícil e longa jornada.

Os nazistas foram expelidos de Luhansk, os nazistas foram expelidos de Donestk, e Kherson, Melitopol e Berdyansk foi liberada dos ocupantes. Os nazistas foram expelidos de Yalta, Simferopol, Kerch, e toda a Criméia. Mariupol foi liberada dos nazistas. Eles expeliram os nazistas de toda a Ucrânia, mas as cidades que citei estão especialmente nos inspirando hoje. Elas nos dão a fé que conduziremos os ocupantes para fora de nossa terra definitivamente.  

No dia da Vitória contra o nazismo, nós estamos lutando por uma nova vitória. A estrada para isso é muito difícil, mas não temos dúvida que iremos ganhar.

Qual é a nossa vantagem sobre o inimigo? Somos mais inteligentes por um livro. Isto é um livro didático na história da Ucrânia. Não conheceríamos a dor se todos os nossos inimigos pudessem ler e desenhassem as conclusões corretas.

Em 24 de fevereiro, a Rússia lançou uma ofensiva. Pisando no mesmo ancinho. Todo ocupante que vem para nossa terra pisa nele. Nós passamos por diferentes guerras. Mas todas tiveram o mesmo final. Nossa terra foi semeada com balas e cartuchos. Mas nenhum inimigo foi capaz de criar raiz aqui.

Carruagens inimigas e tanques dirigiram através de nossos campos, mas não deu frutos. Flechas inimigas e mísseis voaram por nossos céus, mas nenhum foi capaz de ofuscar o nosso céu azul.

Não há algemas que possam prender nosso espírito livre. Não há invasor que possa governar sobre nosso povo livre. Cedo ou tarde nós vamos vencer. Apesar da horda, apesar do nazismo, apesar da mistura do primeiro e do segundo que é nosso inimigo atual, nós venceremos porque essa é a nossa terra.

Porque alguém está lutando pelo czar, pelo führer, pelo partido e pelo governante, e nós estamos lutando pela nossa pátria. Nós nunca lutamos contra ninguém. Nós sempre lutamos por nós. Pela nossa liberdade. Pela nossa independência.

Então, para que a vitória de nossos ancestrais não tenha sido em vão. Eles lutaram pela nossa liberdade e ganharam. Nós estamos lutando pela liberdade de nossas crianças, e, portanto, nós venceremos.

Nós nunca esqueceremos o que nossos ancestrais fizeram na Segunda Guerra Mundial, onde mais de 8 milhões de Ucranianos morreram, e um quinto dos ucranianos não retornou para casa. No total a guerra reivindicou ao menos 50 m milhões de vidas.

Nós não dizemos “nós podemos repetir”. Porque apenas um louco pode desejar repetir os 2.194 dias de guerra. Aquele que está repetindo os crimes horríveis do regime de Hitler hoje, copiando a filosofia nazista, copiando tudo o que eles fizeram, ele está condenado.

Porque ele foi amaldiçoado por milhões de ancestrais quando ele começou a imitar os assassinos deles. E, portanto, ele irá perder tudo. E logo irá ter dois Dias da Vitória na Ucrânia. E alguém não terá nenhum sobrando.

Nós vencemos antes. Nós venceremos também agora! E Khreshchatyk verá o desfile da vitória: A vitória da Ucrânia! Parabéns ao Dia da Vitória contra o Nazismo! Glória a Ucrânia!


https://www.youtube.com/watch?v=pYc88HDAot0


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