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O que é viver bem?

Posted by Cottidianos on 04:03

Sexta-feira, 31 de dezembro

O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada

Cora Coralina



Caros leitores e leitoras,

É sempre com alegria que me dirijo a vocês, mesmo quando falo de assuntos espinhentos, seja no campo da política ou qualquer outro tema em que esteja evidente o egoísmo que corrói o coração do homem.

Estou em viagem de férias aqui no Rio Grande do Norte em visita aos amigos e familiares, motivo pelo qual as postagens esse mês foram poucas. Entretanto, não poderia deixar de tirar um tempo, mesmo que seja no silêncio da madrugada, banhada pela chuva que há pouco caiu por aqui, amenizando o calor intenso que tem feito nessa terra que é meu berço, meu chão, minha raiz.

A partir do dia 10 de janeiro já estarei de volta à cidade de Campinas, São Paulo, e as postagens retornarão à sua regularidade costumeira.

Sentando aqui, em frente à tela do notebook, em meio a esse turbilhão de pensamentos que me dominam, dentre os quais alguns se transformam em palavras, me vem à mente que estamos há exatos dois anos do surgimento de um vírus que abalou o mundo, transformou relações de trabalho, destruiu economias, e ceifou vidas.

Foram dois anos de muitas provações para povos de todos os lugares do mundo, de todas as raças e culturas. Em todos os recantos do planeta, onde havia ser humano, os sentimentos foram os mesmos. Todos tentaram e tentam se proteger, de alguma forma, do novo coranavírus.

Enfim, chegaram as vacinas, e eu pensei, e tenho certeza de que vocês também imaginaram, que chegaríamos ao fim deste ano um pouco mais tranquilos em relação a esses dois anos de medos, receios, e provações pelos quais passamos.

Entretanto, vemos que as coisas não aconteceram como esperávamos. Vieram novas variantes do coronavírus que nos colocaram, novamente, em atitude vigilante. Mais recentemente, vimos surgir a ômicron que colocou novamente o planeta em alerta.

Aqui na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, e de onde escrevo estas linhas no momento presente, os relatos que ouço por aqui é de que as unidades públicas de saúde, estão lotadas devido a um surto de gripe.

Eu mesmo fico me perguntado, se é gripe mesmo, ou se tudo isso tem alguma coisa a ver como a nova variante do coronavírus. Não só em Natal a situação está dessa forma, mas também outras cidades do país enfrentam situação semelhante.

Farmácias brasileiras dizem haver um tsunami de casos de Covid. Em outras partes do mundo isso já é uma realidade. Para piorar as coisas ainda temos a tragédia que se abate sobre a Bahia em forma de chuvas torrenciais que deixam mortos e milhares de desabrigados. E, também nesse caso, vemos, novamente, o presidente da nossa nação zombando do sofrimento humano, fazendo pouco caso da vida dos próprios concidadãos. Rejeitando valiosa ajuda que é oferecida pela Argentina, e deixando de visitar a Bahia, apenas por motivos eleitoreiros.

Parece que não houve um aprendizado. E quem passa pelas provações da vida e delas não tira lição alguma, e ainda por cima, volta a percorrer o mesmo caminho errado que havia percorrido antes merece mesmo o nome de tolo, imbecil. Nem digo, burro, para não ofender os animais.

Apesar do entrarmos em 2022 em meio a essas incertezas em relação a saúde, economia, educação, cultura, e outras áreas, esse texto não se pretende ser um estímulo ao pessimismo. Não. De forma alguma.

Jamais devemos deixar nos abater por qualquer circunstância negativa em que a vida nos coloca, pois assim como o amor encobre uma multidão de pecados, conforme dito na Primeira Carta de Pedro, da Bíblia Sagrada, também uma atitude de fortaleza, fé, e otimismo, afasta uma multidão de negatividade.

Sejamos fortes. Sejamos firmes. Sem desanimar jamais. Dessa forma, mesmo que o barco chegue a naufragar, ainda assim, nos agarremos nas tábuas da fé, e não seremos engolidos pelas águas profundas do mar bravio.

Apenas não esqueçamos de continuar nos cuidando, e quando tudo isto passar, poderemos comemorar a vida, a fé, o amor, com a mesma intensidade de antes da pandemia.

Para terminar, e como votos de um Feliz Ano Novo, deixo para vossa reflexão o texto da poetisa, Cora Coralina (20 de agosto de 1889 – 10 de abril de 1985), mulher de grande sensibilidade, e um dos grandes nomes da nossa literatura.

O texto, O que é viver bem? Fala justamente dessa necessidade de sermos otimistas para atravessarmos com mais confiança o deserto da vida.

 ***


  O que é viver bem?

 Cora Coralina

 Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar.

Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você: não pense.

Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco.

É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.

O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.

O bom é produzir sempre e não dormir de dia.

Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.

Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.

Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.

Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!

Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.

Você acha que eu sou?

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.

Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.

Digo o que penso, com esperança.

Penso no que faço, com fé.

Faço o que devo fazer, com amor.

Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.

Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.



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