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Esperanças e desesperanças

Posted by Cottidianos on 16:01

 Quinta-feira, 07 de janeiro

Joe Biden e Kamala Harris

Parabéns, Joe e Kamala

O sol raiou. A liberdade venceu.

Parabéns Joe Biden. Sorte no governo e na condução do povo americano em direção a uma era de paz, bem diferente da era atribulada em que viveram os americanos, sob uma guerra de fake News de disse-me-disse.

O ato de confirmação de Joe Biden como presidente do Estados Unidos era para ser apenas mais um ato burocrático, como acontece sempre após as eleições americanas. Entretanto, ninguém esperava que fosse tão tumultuada. Nem os mais pessimistas.

A confirmação enfim se deu na madrugada desta quinta-feira, 07, pelo Congresso americano. O novo presidente tomará, posse em 21 de janeiro. Melhor ainda seria se o insano Donald Trump fosse afastado de suas funções até lá . Acho que as coisas seriam menos tensas. Querendo ou não os americanos se sentem sob tensão. Se perguntando se algo pior do que ontem ainda ocorrerá nos próximos dias. Espera-se que não. Afinal, os EUA são espelho para as demais democracias ao redor do globo, e se esse espelho se quebra, se racha ao meio, então como ficará o papel dos americanos nas mediações de conflitos em que constantemente se envolvem?

Mais cedo, na tarde do dia anterior, numa sessão conjunta, Câmara e Senado americano se reuniam para o ato de confirmação de Joe Biden e Kamala Harris como presidente e vice-presidente dos Estados Unidos. Era o último passo para confirmar a vitória da dupla.

Quando os congressistas já estavam reunidos e a sessão já havia sido iniciada, foi então que a barbárie aconteceu.

Centenas de manifestantes apoiadores do presidente Trump conseguiram furar a barreira policial e invadiram o Capitólio. A confusão estava armada. Os bárbaros ocuparam e depredaram o prédio. Os debates que estavam ocorrendo na Câmara e no Senado foram interrompidos e os congressistas tiveram que procurar lugar seguro para se abrigar. O prédio foi evacuado.  A confusão deixou ao menos 4 mortos.

Toda essa confusão teve um articulador: o próprio presidente Donald Trump. O ainda presidente nunca aceitou a derrota nas urnas. Sempre disse que as eleições haviam sido fraudadas. Foram inúmeros os recursos, inúmeras as manobras para reverter o resultado das eleições. Todas elas restaram infrutíferas. Então só restava a Trump fazer os americanos experimentar um fruto amargo que eles nunca haviam experimentado antes: um golpe.

Um golpe que, felizmente, não teve sucesso. Não tem outra palavra para o que populista Trump tentou fazer. Quando ele incentivou os seus manifestantes a marcharem até o Capitólio estava incentivando-os a tomar o poder pela força. Isso é comportamento típico dos ditadores.

Quem, dentre os próprios americanos, diria que, ao apagar as luzes do governo Trump, ele ainda iria fazer os Estados Unidos passarem uma vergonha gigantesca perante o mundo?

Uma coisa dessas não deve, e não pode ficar impune. Mas isso, cabe as altas esferas das autoridades americanas, decidir.

Agora, só nos resta desejar que o Joe Biden faça um bom governo e volte a unir um país que um populista dividiu em ódios e notícias falsas.

Bolsonaro e Trump

A cópia

O que aconteceu nos Estados faz a nós brasileiros ficar com as barbas de molho. Afinal, também temos um presidente populista, que gosta de espalhar fake news, e que adota os mesmos métodos que o Trump.

O presidente brasileiro também é adepto da teoria da conspiração na qual as eleições norte-americanas foram uma fraude. Ao saber do que aconteceu ontem nos Estados Unidos, ele ainda defendeu essa tese. Enquanto líderes mundiais foram a público reprovar a invasão do Congresso norte-americano, o líder brasileiro silenciou.

Hoje, 07, ele ainda insistia nessa tecla da fraude. Ele disse que a falta de confiança nas eleições norte-americanas é que tinha levado a essa confusão.

Sempre a apoiadores no Palácio do Planalto, que são quem engolem com facilidade a conversa fiada do presidente, ele disse: “Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos”, disse o presidente, e acrescentou: “O pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Basicamente, qual foi o problema, a causa dessa crise toda. Falta de confiança no voto. Então, lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente lá que votou três, quatro vezes, mortos que votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí. Então, a falta desta confiança levou a este problema que está acontecendo lá. E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 22, vai ser a mesma coisa”.

Ou seja, as sementes da desconfiança no sistema de votação por urnas eletrônicas brasileiro já estão sendo plantadas desde já, pelo próprio presidente e pela indústria de fake news que o sustenta.

Agora, tem algo perigoso, bastante perigoso para nós em relação ao americanos, se nos acontecesse algo semelhante, é que os militares americanos bateram o martelo: Nós estamos do lado da democracia.

Por aqui, com todos esses afagos que o governo faz aos militares, tendo sido, inclusive, o governo invadido pelos militares nos primeiro e segundo escalão, teriam eles a mesma atitude?

Então o que aconteceu nos Estados Unidos também serve de forte lição para nos  fazer refletir, e não só isso, nos impulsiona a uma ação de que é preciso fortalecer a democracia e suas instituições cada vez mais, para que em um futuro, talvez não muito distante, não vejamos por aqui o que vimos por lá.

Mudando de assunto, hoje o Brasil deverá atingir a marca dos 200 mil mortes por coronavírus. O nosso azar foi termos, no meio dessa pandemia, um governo genocida. Sim, genocida, pois se o governo tivesse adotado as medidas sanitárias cabíveis, o coronavírus não teria dizimado tantas vidas no Brasil.

Nesta quinta-feira, 7, falando à apoiadores, sempre a eles — que como já foi dito acima, e é repetido agora, engolem com facilidades as falas do presidente — ele rejeitou esse título de genocida: “Querem me tachar de genocida. Quem que eu matei? Muito pelo contrário. Eu, com as minhas medidas, sugeri tratamento precoce. Evitamos muitas mortes. Nós salvamos vidas com este tratamento precoce”, disse Bolsonaro.

Detalhe, com o tal do tratamento precoce Bolsonaro fala da Cloroquina, remédio sem eficácia comprovada pela ciência no combate ao coronavírus.

A metralhadora de ódio de Bolsonaro não poderia deixar de ser dirigida à imprensa, seu alvo favorito. Se o país vai mal, se o coronavírus mata, se a economia não decola, a culpa é sempre da imprensa e nunca da incompetência do presidente, nem da desorganização que é este governo.

A imprensa não tem o que fazer, daí fica 'falta seringa, incompetência'. Queria que eu comprasse superfaturado para ser tachado agora de corrupto. Agora estão dizendo que vai faltar seringa, como nós estamos segurando para Covid, vai faltar seringa para outras doenças. São canalha”.

O presidente não é só incompetente, ele é perverso. Quando cientistas do mundo todo correm atrás da produção de uma vacina eficaz, tendo, inclusive, em vários países já começado a aplicação das doses. Num momento em que pessoas do mundo todo anseiam por essa dose salvadoras da vacina, ele desestimula os seus apoiadores a tomar a vacina. Já foram várias as declarações do presidente nesse sentido. Nesta quinta-feira, 07, ele falou aos seus apoiadores que apenas uma pequena parte da população brasileira é que pretende tomar vacina. Enquanto a grande maioria não a deseja: “E outra: alguém sabe quantos por cento da população vai tomar vacina? Pelo que eu sei, menos da metade da população, pelo que eu sei. E esta pesquisa que eu faço, faço na praia, faço na rua, faço em tudo quanto é lugar”.

Observem que o pesquisador é o próprio presidente e que a pesquisa que ele citou é feita entre os seus apoiadores. É muito perigoso esse tipo de estímulo. É como se 200 mil pessoas mortas pelo coronavírus no Brasil não bastassem. Como um vampiro, ele precisa de mais sangue. Como um sádico, ele precisa de mais gente morta.

João Dória anuncia Coronavac

Esperança

Em meio a todo esse céu cinzento, vem para nós, brasileiros, uma boa notícia. Estudos finais mostraram que a Coronavac obteve uma eficácia de 78 a 100%.  Sendo que 78% refere ao índice de prevenção dos casos leves da doença, e 100% aos casos moderados e graves que foram completamente eliminados com a aplicação da vacina. O estudo não mostrou nenhuma morte ou internação de voluntários infectados.

A vacina Coronavac é um trunfo do governador de São Paulo na guerra política que mantém com o presidente Jair Bolsonaro, mas neste caso, não é uma vitória do Dória, mas uma vitória da ciência. Óbvio que ele fará uso político dessa situação. Mas que diferença isso faz, quando na outra extremidade tem um presidente dizendo para as pessoas não tomarem a vacina. Como diz o ditado: “Dos males, o menor”.

Os resultados do estudo foram apresentados a Anvisa hoje pela manhã. Já foram iniciadas as negociações para o pedido de uso emergencial do imunizante. A Anvisa tem 10 dias para aprovar a vacina. Mas a expectativa do governo paulista é a de que a agência faça isso em menos tempo.

Já em alguns momentos dessa discussão a Anvisa pareceu adotar uma linha política para atender aos interessas nada republicanos de Bolsonaro. Claro, os dirigentes da agência negam o fato. Mas isso pareceu bem claro em alguns momentos. Talvez por isso, Dória tenha feito um alerta: “Que a Anvisa em nenhum momento atenda a pressões de ordem ideológica”.

A Coronavac está sendo produzida em parceria com o laboratório chinês, Sinovac. Um exército de cientistas se debruçam sobre suas laminas e microscópio para produzir o imunizante. A contribuição do exército de voluntários que aceitou participar dos testes também foi de grande importância. 12.476 voluntários de 16 centros clínicos em 8 estados brasileiros receberam duas doses da vacina, em um intervalo de 14 dias entre cada dose.

Desde início de dezembro, João Dória vem sustentando a afirmação de que pretende iniciar a vacinação no estado de São Paulo em 25 de janeiro. Por que essa data? Porque é uma data marcante: aniversário da cidade de São Paulo. E pelo visto vai conseguir cumprir a promessa. O que será um grande presente para os paulistas, paulistanos, e para todos aqueles que moram no estado.

Certamente, a atitude do governador João Dória irá provocar também os governadores de outros estados, pois estes olham para São Paulo e veem a campanha de vacinação prestes a ser iniciada. E de outro lado, olham para o governo federal e veem inércia e planos vagos e inconsistentes. Até agora, o governo não estipulou uma data concreta para iniciar a imunização dos brasileiros.

Ontem, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV. O pronunciamento foi breve, e não explicou muita coisa. Só sabemos de fato que o plano de vacinação do governo federal será gratuito e não obrigatório. Nem data precisa foi anunciada.


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