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Pelo fruto se conhece a árvore

Posted by Cottidianos on 18:04

 Sábado, 26 de dezembro



Noite de véspera de Natal. Espírito natalino invadindo a Terra. Tempo das forças da luz percorrem o planeta. Fraternidade. Solidariedade entre as pessoas. Natal um pouco diferente esse ano para a maioria das pessoas por causa da pandemia do coronavírus.

Ouço à CBN. E pelas ondas do rádio chegam notícias de que as forças das trevas também aproveitam esses momentos em que a humanidade, de modo geral, está enternecida para agir.

Foi no Rio de Janeiro o caso mais chocante de que se tem notícias. Na Barra da Tijuca. A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi , tinha problemas com o ex-marido. Em setembro, ela havia feito um boletim de ocorrência contra ele por lesão corporal e ameaça. O ex foi enquadrado na Lei Maria da Penha. Viviane chegou a ter escolta armada, mas, pensando que a situação estivesse sob controle, dispensou a escolta posteriormente.

Por volta das seis da tarde da quinta-feira, 24, Viviane saiu para a rua com as três filhas: duas gêmeas de 9 anos, e outra de 12. Iria entregá-las ao ex-marido, o engenheiro, Paulo José Arronenzi, para que ele pudesse passar o Natal com elas. Na rua, aproveitando um momento em que Viviane estava completamente desprotegida, ele a esfaqueou, na frente das três filhas. As meninas, desesperadas, gritavam para que o pai parasse de agredir a mãe, mas seus gritos não foram atendidos. Viviane morreu ali mesmo. Uma monstruosidade.

Pai? Não. Pai jamais faria uma coisa dessas. Havia dezenas de opções de caminhos para ele após a separação. Enquanto o Natal é simbolizado como noite de luz, no coração do engenheiro havia as trevas mais densas.

Três meninas agora órfãs de mãe, e, de certa forma, de pai também. Todas, certamente traumatizadas por terem presenciado crime tão brutal cometido contra aquela a quem amavam.

Certamente, levarão muitos anos para cicatrizar a ferida. Muitas consultas a terapeutas, psicólogos, psicanalistas. Assim como a mãe também precisará de muito apoio no plano espiritual para curar uma ferida tão grave.

Meus ouvidos ainda ouvem o grito desesperados das meninas, apesar de não ter presenciado a cena, enquanto voltam a um passado recentíssimo e ouvem um discurso digno de ditadores. Uma incitação ao ódio e à violência. As forças das trevas amam corações assim, raivosos, e incitadores da da desarmonia.

Era uma solenidade, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Cerimônia de formatura de 485 novos recrutas da Polícia Militar. O presidente fez a entrega dos diplomas aos recém-formados, e, em seguida, fez o seu discurso:

E, assim sendo, se preparem cada vez mais. Simulem as operações que podem aparecer pela frente. Em uma fração de segundo, está em risco a sua vida, a de um cidadão de bem ou a de um canalha defendido pela imprensa brasileira. Não se esqueçam disso. Essa imprensa jamais estará do lado da verdade, da honra e da lei. Sempre estará contra vocês. Pense dessa forma para poder agir.

Jamais a nossa democracia e a nossa liberdade serão ameaçadas por quem quer que seja. Os três poderes são independentes e harmônicos. Mas o maior poder é o do povo brasileiro. Povo esse ao qual eu devo lealdade absoluta.

Não esperemos com palavras gentis ou com gesto de amizade vencer o inimigo. Nós estamos vencendo. Nós venceremos. O Brasil será uma grande nação. E, para isso, contamos com o povo maravilhoso ao nosso lado. E a liberdade das mídias sociais, que essas sim trazem a verdade para vocês. A maior fábrica de fake news está na grande parte da imprensa brasileira. Isso é uma vergonha para o mundo.

Eis o discurso do aprendiz de presidente, Jair Bolsonaro. No qual despreza o valoroso trabalho que faz a imprensa brasileira em todos os setores por ela cobertos, da economia à política, e passando pela saúde.

Assim como fica difícil dizer qual das praias nordestinas é a mais bela, assim também fica difícil dizer qual o discurso do presidente é o mais irresponsável, mais insano.

A provocação põe fim a um período de trégua iniciado em março deste ano, quando ele se aproximou-se do centrão, e começou a trabalhar abertamente pela reeleição. Apesar do dito período de trégua, as alfinetadas ao trabalho de imprensa não estiveram ausentes das falas de Bolsonaro, principalmente, em sua lives semanais exibidas nas redes sociais do presidente.

Por coincidência, o veneno destilado contra imprensa no discurso de formatura dos policiais é feito no mesmo dia em que a revista Época publicou uma entrevista com Luciana Pires, advogada que defende Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas.

Á Época, a advogada declara ter recebido recomendações da Abin, no sentido de tentar anular o inquérito das rachadinhas, no qual o parlamentar é acusado, com a ajuda do ex-assessor, Fabrício Queiroz, de desviar dinheiro de assessores quando Flávio era deputado federal pelo Rio de Janeiro. Luciana diz que não pode atender ao pedido feito pela Abin pois era coisa que estava fora do seu alcance.

A reportagem de Época também denúncia que foi o próprio chefe da Abin, Alexandre Ramagem, que encaminhou os relatórios com recomendações a Flávio Bolsonaro. Ainda segundo a revista, os textos teriam sido preparados por uma unidade interna da Abin, comandada por Marcelo Bormevet.

Ou seja, desde o episódio em que Sérgio Moro denunciou que Bolsonaro estava tentando interferir na Polícia Federal, tem se tornado cada vez mais evidente que o governo tem usado a máquina do governo para proteger os filhos das acusações que sobre eles recaem.

Nesse contexto, tem se tornado também cada vez mais evidente que Jair Bolsonaro tem apenas duas grandes preocupações no governo do Brasil: defender os filhos da acusações de corrupção contra os filhos, acusações estes fartas de provas, e a própria reeleição, talvez isso explique o descaso para com a pandemia, para com os mortos que ela deixou em nosso país, para com a dor das famílias, para com a vacina, e até mesmo para com a economia que ele tanto cita.

Enquanto isso, o país caminha a passos largos rumo aos 200 mil mortos pela doença, se bem isso não afete o presidente, pois segundo ele “todos vão morrer um dia”, o alto número de mortos pelo coronavírus no país é atestado da desastrosa condução da pandemia pelo governo brasileiro, e pelo ministério da Saúde, que tem no comando um homem que nem médico é. Dizem que entende de logística, mas de saúde não.

Isso equivale a colocar no comando de um navio, em meio a um tormenta, um aspirante, quando a sua volta está cheio de gente experiente para guiar o barco. Um comandante, que realmente merecesse esse nome, colocaria as vidas dos tripulantes em primeiro lugar, e não os seus caprichos pessoais.

Enquanto a guerra de egos continua imperando no Brasil, mais de 16 países já começaram a vacinação contra o novo coronavírus, e os 27 países que compõem a União Europeia poderão começar a vacinar seus cidadãos já a partir deste domingo, 27. A vacinação acontece em meio à onda de aumentos de casos de Covid-19 e a descoberta de novas variantes do vírus.

Até mesmo na América Latina o Brasil está ficando para trás na corrida pelo imunizante. México, Chile e Costa Rica, já começaram a vacina seus cidadãos.

Enquanto os países cujos líderes de fato se preocupam com vida e a saúde de seus concidadãos, já se anteciparam lá atrás, quando o presidente brasileiro ainda debochava da pandemia, em comprar vacinas e elaborar planos de vacinação, por aqui o governo federal ainda não se sabe, de fato, quando começará a vacinação contra a Covid-19. Ainda não temos uma data precisa.

A grande pressão que o governo federal tem sofrido vem do governador de São Paulo, João Dória, que anunciou o início da vacinação no Estado de São Paulo para 25 de janeiro. Não fosse isso, talvez o governo federal ainda nem teria mexido um dedo sequer no sentido de imunizar a população brasileira.

Dia 24, desembarcou no aeroporto de Campinas, a maior remessa da vacina que já chegou ao Brasil. Foram 5,5 milhões de doses da Coronavac enviada pela China A Coronavac é produzida pelo Instituto Butantã em pareceria com o laboratório chinês Sinovac. A fase 3 dos testes da vacina já foi concluída, mas precisa da aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A vacina foi comprada pelo estado de São Paulo.

Entretanto, apesar de finalizado a última fase dos estudos clínicos, ainda não foram divulgados os dados detalhados dos testes para a Coronavac.

O fato é que o Brasil não fez direito a lição de casa no que se refere a condução da pandemia, e agora também não o faz em relação a vacina que nos protegerá da doença. Enquanto os países que já começaram a vacinar suas populações apostaram em mais de uma vacina e compraram lotes de algumas delas, mesmo que os estudos não estivessem concluídos, o Brasil apostou todas as suas fichas na Coronovac, e agora não apenas corre o risco, mas, de fato, já está ficando para trás na corrida pela vacina.

Também é verdade que, assim como Bolsonaro, o aprendiz de presidente, boicotou todas as medidas sanitárias e estimulou os seus seguidores a fazer o mesmo em relação a normas de segurança a serem adotadas no combate à pandemia, agora também o faz em relação a vacina.

Ele já declarou que não tomará a vacina. O presidente que, desconfia-se, seja do movimento antivacina, anda por aí dando espalhando falsas notícias sobre a vacina contra a Covid-19. Em evento realizado na Bahia, na quinta-feira, 17, ele disse: ““Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”. E acrescentou: “Se você virar Super-Homem, se nascer barba em alguma mulher aí, ou algum homem começar a falar fino, eles (Pfizer) não têm nada a ver isso. E, o que é pior, mexer no sistema imunológico das pessoas”.

O presidente falava da Pfizer, desenvolvida pelo laboratório americano Pfizer e pelo laboratório alemão BioNTech. Foi com essa vacina que o Reino Unido, Os Estados Unidos, e o México iniciaram suas campanhas de vacinação.

O presidente brasileiro entretanto, questionou a eficácia do imunizante: “Se a vacina for comprovadamente eficaz lá na frente, a gente não sabe ainda”.

Claro, lá no fundo, bem intimamente, fica nos brasileiros, uma sensação de “eles saíram na frente, e nós nem saímos do lugar”. E os jornalistas, esse povo que escreve as verdades que Bolsonaro tanto odeia, não perderam a oportunidade e perguntaram, neste sábado, 26, se ele não sentia pressionado pelo fato de outros países já terem iniciado suas campanhas de vacinação.

Ao que o presidente respondeu: “Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso”. Traduzindo: “Eu não tô nem aí”. Frase que poderia muito bem se juntar a outras de um sadismo que só o presidente brasileiro é capaz de expressar, tais como, “É só uma gripezinha” “Eu não sou coveiro” “E daí?

O aprendiz de presidente, Jair Bolsonaro, costuma citar em seus discursos, uma frase retirada do evangelho de João, capítulo 8, versículo 32, que é “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

O problema é que as frases bíblicas podem ser retiradas de seus contextos originais e usadas para o bem ou para o mal. Pelos seres da luz, ou pelos seres das trevas. Por isso, é preciso ficar atento por qual boca elas são pronunciadas, pois no evangelho de nosso senhor Jesus Cristo, em Lucas 6:44, também está escrito: “Pois cada árvore é conhecida pelos seus próprios frutos. Não é possível colher-se figos de espinheiros, nem tampouco, uvas de ervas daninhas


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