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Champagne com Covid: Uma combinação mortal

Posted by Cottidianos on 13:36

Segunda-feira, 21 de dezembro




Praia de Pipa, Rio Grande do Norte. Uma das mais belas praias do Estado. Aliás, dizer que uma praia do RN é a mais bela chega até a ser uma redundância. Lá todas as praias são lindas. Particularmente, as praias do interior são mais aconchegantes, mais charmosas, e mais selvagens, que as praias da capital, Natal. Enfim, as praias do nordeste, de modo geral, são o cenário perfeito para uma maravilhosa festa de réveillon.

E Pipa não perdeu o rebolado. A pandemia não impediu que o munícipio de Tibal do Sul, onde fica localizada a praia, realizasse o Let’s Pipa, tradicional festa de réveillon do munícipio.

Segundo informações apresentadas em uma reportagem da revista Piauí, intitulada, Covid Espumante, a festa ocorrerá numa área de 9 mil metros quadrados à beira mar, entre falésias de 10 metros de altura. O suave murmurejar do mar continuará ecoando como desde sempre, mas será abafado pelo som dos artistas que farão shows ao vivo no local.

Seis dias de muita festa com público estimado em 2.500 pessoas. 450 funcionários se esforçarão para prestar um bom atendimento aos negacionistas fanfarrões. Gente vinda de todas as partes do país.

Não é festa para pobre. É festa de elite. O valor do pacote é estimado em 3.600 reais para homens, e 3.200 para mulheres. Acrescentando as despesas com passagens áreas, hospedagem, passeios, alimentação, estima-se que os participantes desembolsem de R$ 8 a 15 mil.

Os organizadores dizem que nenhuma empresa quis patrocinar a festa. Nenhuma delas quis emprestar o nome a tal evento. Alguém tinha que ter um pouco de lucidez nesse cenário nebuloso. Eles também dizem que investiram pesado em face shield (máscaras de acrílico), máscaras faciais comuns, e álcool gel.

Eles afirmam também que para participar da festa é necessário ter apresentado exames negativados para Covid-19 e que tenham sido realizados até a 72 horas antes do dia 27 de dezembro, ou apresentação do IgG positivo que atesta imunidade até 90 dias antes das festas. Os exames terão que ser apresentados online antes do embarque para o Rio Grande do Norte.

 Um pouco mais longe, mais também no RN, o munícipio de São Miguel do Gostoso, também resolveu arriscar e faturar algum dinheiro com festa de réveillon. Localizada a 103 km de Natal, a praia de São Miguel do Gostoso também não abriu mão de sua luxuosa festa de fim de ano.

Ainda segundo informações da revisa Piauí, na programação consta shows de Tiaguinho e Pedro Sampaio. Lá, o preço dos ingressos são ainda mais salgados que em Pipa. Custam 3.800 para mulheres e 5.150 para homens.

Também em Gostoso a organização garante que está reforçando todas as normas de segurança.

Agora, imaginem os leitores como será fácil respeitar as regras de segurança contra a Covid em uma festa que dura uma semana inteira. Aos primeiros goles de champanhe, cerveja, ou uísque, a Covid nunca existiu.

Essas festas são muito perigosas em um momento em que no Brasil os números de mortes por Covid, número de casos, e transmissão da doença aumenta consideravelmente e já começa a preocupar autoridades de todo país. Me sinto até constrangido ao falar isso, pois sabemos que nem todas as autoridades estão preocupadas com número de mortos, aumento de casos da doença, e muito menos com vacina.

Detalhe interessante: nem um dos dois municípios do Rio Grande do Norte, que promoverão suas luxuosas festas, tem leito de UTI. Os pacientes que precisam desse serviço precisam ser transferidos para a capital.

E as autoridades o que dizem? Quando questionada pela Piauí, a governadora do RN, Fátima Bezerra, disse que orientou todas as cidades do estado a cancelarem suas festas de réveillon. Mas que por determinação do STF a competência para decidir sobre essas questão cabe a municipalidade.

Os prefeitos das duas cidades proibiram as festas públicas, mas permitiram que as festas privadas fossem realizadas.

Fica a pergunta: Qual a prioridade para esses prefeitos? A saúde da população ou o dinheiro que entrará no caixa da prefeitura com a realização desses eventos? Um olho aberto para a economia e outro fechado para a vida de sua população.

A questão foi parar na Justiça. O Ministério Público entrou com um pedido de suspensão das festas. O juiz Witemburgo Gonçalves de Araújo, da comarca de Goianinha suspendeu as festas. Porém, o desembargador Amaury Moura Sobrinho, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, suspendeu a decisão liminar do juiz de Goianinha que proibia as festas. As festas estão liberadas então para acontecerem de 27 de dezembro a 02 de janeiro.

Infelizmente, essas aberrações não serão vistas apenas nas praias paradisíacas do Rio Grande do Norte. Mas esses comportamentos tipo “tô nem aí” pra Covid-19 serão vistas nas praias, parques, e onde houver espaço aberto para o lazer, em todo o país. Pois mesmo estando proibidas e os governantes terem cancelado as grandes festas de Réveillon que acontecem nas capitais de todo o país, os negacionistas ignorarão essas proibições e cancelamentos e botarão o bloco da ignorância na rua.

Enquanto isso, os números da Covid-19 no Brasil começam a aumentar e os doentes começam a lotar as UTI’s dos hospitais públicos e privados. Dados divulgados pelo consórcio de imprensa no domingo, 20, mostram que, mesmo sem os dados de São Paulo e Goiás, o Brasil registrou a maior média móvel de casos confirmados pelo segundo dia consecutivo.

47.909 diagnósticos diários da doença, em média, nos últimos sete dias, não é pouca coisa. É para parar e pensar. Já são 7.237.350 o número de brasileiros que tiveram diagnóstico confirmado da doença, e 186.773 óbitos desde o início da pandemia.

Pra terminar o ano teve luz no fim do túnel que é a vacina que já começou efetivamente a ser aplicada em alguns países. Mas veio também um novo alerta que é essa nova mutação do vírus detectada na Inglaterra.

Segundo autoridades da daquele país, ela é 70% mais transmissível do que as variantes já conhecidas do vírus. Em decorrência disso, o país que pretendia relaxar algumas medidas de proteção nessas festas de fim ano foi obrigado a endurece-las medidas.

No sábado, 19, o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou o endurecimento das medidas restritivas em algumas regiões do país. O objetivo é barrar o avanço da nova variante do vírus para as regiões onde ela ainda não foi detectada. O líder britânico pediu que os habitantes das áreas atingidas fiquem em casa, pelo menos até dia 30 de dezembro.

Enquanto isso o barco saúde no Brasil continua sem comando, indo em direção aos recifes. A esperança é que a mão divina e varinha de condão da ciência nos salvem de um desastre certo.



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