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Eduardo e suas asneiras

Posted by Cottidianos on 01:26
Sexta-feira, 20 de março

Eduardo Bolsonaro, em foto feita para revista Folha Piauí

Há pessoas que parecem viver fora da realidade. Vivem em um mundo paralelo dentro do mundo real. O mundo espiritual é uma realidade paralela. Enquanto desenvolvemos nossas afazeres cotidianos, os seres do mundo espiritual se interconectam com a nossa realidade sem que percebamos.
Isso acontece quer você acredite ou não. Depois que os princípios que geram a eletricidade foram conhecidos e revelados ao mundo e este, por sua vez, faz largo uso dela, fica fácil saber que, por aquele emaranhado de fios que cruzam as ruas e adentram as casas, há uma força poderosa que facilita as nossas vidas. Mas para alguém que nunca usufruiu destes benefícios, e que nunca tivesse tido a oportunidade de acender uma simples lâmpada elétrica e fizesse ainda uso de tochas como nos tempos antigos, se você dissesse para ele que há uma força poderosa correndo naqueles fios, essa criatura não acreditaria.
Se é fato que existe um mundo feito de matéria espiritual invisível que permeia o nosso, como se fosse uma energia, é fato também que há humanos que criam uma realidade paralela dentro do mundo físico em que vivemos. A família Bolsonaro tem essa caraterística.
Isso já foi demonstrado por eles em diversos momentos. São fartos os casos referentes a esse assunto. O mais recente envolve o deputado Eduardo Bolsonaro. É sabido por todos, a menos que se viva em Marte, ou em algumas daquelas tribos inacessíveis ao contato com a civilização, e elas ainda existem, pouquíssimas, mas existem, que há no mundo uma grave crise econômica e de saúde, causada pelo coronavirus.
Uma pessoa sensata, melhor ainda, um homem público sensato, nesta hora estaria pensando em soluções para amenizar a crise, uma forma de ser solidário ao outro, de dar a mão, de ajudar, seja financeiramente, ou com palavras de incentivo e apoio. É o que se espera em um momentos como esses. Mas Eduardo Bolsonaro, aquele que o pai tanto queria que fosse embaixador do Brasil nos Estados Unidos, caminhou noutra direção.
Com a China, berço do surgimento do coronavírus, mergulhada num grave problemas provocada pela doença, inclusive com um saldo de milhares de mortes provocadas pelo vírus, e com esse mesmo vírus chegando com força total ao Brasil, e também prenunciando grandes problemas, o Sr. Eduardo Bolsonaro, resolve, em vez de ser um portador da paz, criar uma crise diplomática entre Brasil e China.
Na noite de quarta-feira, 18, Eduardo escreveu em sua rede social que a culpa da pandemia do coronavirus é da China. “Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, postou ele no Twiter.
Como era de se esperar, os chineses não gostaram nenhum pouco dessa acusação. O embaixador da China no Brasil, Yan Wanming, também pela rede social, respondeu: “A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a @camaradeputados. @BolsonaroSP @ernestofaraujo @RodrigoMaia”, marcando na messagem os perfis de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores.
As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal, nem a sua qualidade como uma figura pública especial.” Acrescentou Yan.
A própria embaixada da China também se manifestou: “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos", publicou a embaixada. “Lamentavelmente, você é uma pessoa sem visão internacional nem senso comum, sem conhecer a China nem o mundo. Aconselhamos que não corra para ser o porta-voz dos EUA no Brasil, sob a pena de tropeçar feio. @ernestofaraujo @camaradeputados @RodrigoMaia”, acrescenta a postagem.
A referência a Miami é pelo fato de o deputado ter integrado a comitiva presidencial que foi aos Estados Unidos. Jair Bolsonaro foi àquele país no dia 07 de março onde se encontrou com o presidente Donald Trump, além de ter cumprido outras agendas e encontros. Na volta dessa viagem, 19 membros, até agora, que integraram a comitiva presidencial foram diagnosticados com coronavirus.
Rodrigo Maia, que tem sido um dos políticos mais sensatos na queda de braço que o presidente tenta manter com o Congresso, correu a pedir desculpas pela atitude de Eduardo. “Em nome da Câmara dos Deputados, peço desculpas à China e ao embaixador @WanmingYang  pelas palavras irrefletidas do Deputado Eduardo Bolsonaro. A atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia. Em nome de meus colegas, reitero os laços de fraternidade entre nossos dois países. Torço para que, em breve, possamos sair da atual crise ainda mais fortes”.
Depois de toda a repercussão negativa, o deputado tentou se justificar: “Jamais ofendi o povo chinês, tal interpretação é totalmente descabida. Esclareço que compartilhei postagem que critica a atuação do governo chinês na prevenção da pandemia, principalmente no compartilhamento de informações que teriam sido úteis na prevenção em escala mundial. Estimular o debate é função do parlamentar brasileiro, tendo por isso a prerrogativa da imunidade parlamentar (art. 53, CF) como garantia constitucional para que deputados possam exercer tal direito. Assim, mesmo vivendo numa democracia com ampla liberdade de imprensa e expressão, não identifiquei qualquer desconstrução dos meus argumentos por parte do embaixador chinês no Brasil”, escreveu ele em nota.
Mas o fato é que já tinha falado asneiras, e, palavras, uma vez jogadas ao vento, não se pode recolhe-las. O homem que vive se desdizendo é porque ou não sabe se comunicar, ou cujo objetivo é arranjar confusão. Eduardo é dessa turma: da turma do não foi bem isso que eu disse. Não é de estranhar, afinal, o pai vive fazendo a mesma coisa.
Se analisarmos bem, Eduardo não está de todo errado, afinal todos os indícios, até agora, apontam que a epidemia começou na China, e que a China demorou em reconhece que havia uma epidemia de uma nova e desconhecida doença. Inclusive prendeu médicos que levantaram a hipótese de que estava em curso uma epidemia, acusando-os de espalharem rumores que perturbavam a ordem pública. Mas quem, em sã consciência, àquela altura, poderia imaginar que estávamos diante de nem inimigo tão poderoso?
Como ele acusou a China dessa negligencia inicial, poderia ter apontado o dedo em direção ao pai, que mesmo sabendo que estava para fazer um segundo teste contra a doença – teste que deu negativo – e também sabendo que vários dos integrantes de sua comitiva aos EUA tinham testado positivo para coronavirus, e mesmo sabendo das recomendações do ministério da Saúde para que se evitasse aglomerações, foi juntar-se, em Brasília, aos manifestantes que protestavam contra o Congresso e o Supremo, no domingo, 15.
O deputado poderia ainda apontar para as pessoas que ainda lotam as praias pensando que estão de férias.
Enfim, o fato é que o deputado comprou briga com um de nossos maiores parceiros comerciais, com um país que já está superando uma crise na qual estamos entrando e que, portanto, tem capacidade, tanto financeira, como operacional para nos ajudar a sair dela.
Em entrevista à Folha de São Paulo, tentando justificar o ato de Eduardo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, fez uma crítica bem sutil, mas, como diz o ditado, para bom entendedor, meia palavra basta: “O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo”.

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