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Onde há fumaça, há fogo

Posted by Cottidianos on 23:48

Quarta-feira, 28 de agosto


Coisa boa é não estar nos extremos. Nem os de direita, nem os de esquerda, nem os de centro, e assim por diante. Colocar-se numa destas posições assemelha-se a não enxergar um palmo à frente do nariz. Nesses lugares comuns a visão é restrita. Em posições extremas o individuo tem uma visão de mundo muito limitada e apenas aceita como verdade aquilo que o grupo no qual está inserido prega. Assim, sofrem uma espécie de lavagem cerebral e aceitam como verdade até mesmo a mentira mais descarada e os pontos de vistas mais absurdos e esdrúxulos.
Foram os líderes extremistas e seus fiéis seguidores que provocaram na humanidade as maiores e mais cruéis atrocidades. O extremismo não escolhe espelho para se olhar, ou melhor, não escolhe um setor da sociedade para espalhar suas sementes venenosas, cujos seguidores as tem como sementes de vida e vida eterna. Instale-se ele na política ou na religião, suas áreas preferidas de atuação, é capaz de fazer o indivíduo, ou grupo de indivíduos matar ou morrer por causas muitas vezes inócuas e que só tem sentido para os próprios extremistas e seus líderes insanos.
O Brasil, desde que o PT se instalou no poder com Luís Inácio Lula da Silva, tem experimentado um pouco desse pensamento, dessas ideias que em nada ajudaram o país a prosperar, ao contrário, apenas deixaram parte da população incapaz de enxergar a realidade de mentiras e corrupção que por tanto tempo dominou o país.
Antes de prosseguir com o presente texto, abre-se um parágrafo, para deixar claro que esse blog procura não se situar nos extremos, e, por causa disso, sente-se à vontade para falar desse tema. Quem não se inclui nos excessos pode enxergar com mais clareza o todo, ao invés de ficar preso apenas a uma parte do ocorrido, ou da situação.
Dito isto, continuemos.
Aí veio a campanha política, os ânimos inflamados contra o PT, a campanha polarizada entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro... O resto da história o leitor ou leitora já conhece bem.
Bolsonaro prometeu durante a campanha um governo transparente e combativo no combate à corrupção, a ruptura com a velha política e coisas afins. Porém, os atos do governo sinalizam em uma direção contrária àquilo que foi apregoado à plenos pulmões nos palanques, durante acirrada disputa pela cadeira presidencial.
Todos ainda têm muito viva na memória a lembrança da comprometedora conversa que o dono da JBS, Joesley Batista gravou, em maio de 2017, na calada da noite, durante encontro secreto que teve com o então presidente Michel Temer, no Palácio da Alvorada. Na conversa entre os dois, Temer dava aval para que Joesley comprasse o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.
Pois bem, talvez com medo de ser pego em alguma arapuca, ou para não dá parecer de seus encontros secretos, o governo de Jair Bolsonaro decretou sigilo por cinco anos sobre as informações de registro de visitantes que adentram o Palácio da Alvorada e o Palácio do Jaburu, respectivamente residência do presidente e vice-presidente da República.
O termo de classificação que decretou esse sigilo foi assinado por um laranja. Para que o leitor não interprete mal e tome o termo laranja no sentido pejorativo, esclareça-se que o Laranja, nesse caso é parte do sobrenome de André Laranja Sá Correa, diretor do Departamento de Segurança Presidencial, que foi quem assinou o termo.
Ora, fosse Jair Bolsonaro um governo que levantasse a bandeira da transparência não veria problemas em informar quem entra e quem saí do Palácio do Planalto ou do Jaburu.
Outra questão que deixa os brasileiros que não se situam em extremos com a pulga atrás da orelha é a irritação que o presidente sente quando perguntado sobre a relação que o filho dele, o hoje senador Flávio Bolsonaro, teve, à época em que atuava como deputado estadual no Rio de Janeiro, com o Fabrício Queiroz, à época assessor de Flávio.
Foram detectadas na conta bancária de Fabrício movimentações pra lá de suspeitas, e até hoje não explicadas pelo filho do presidente. Os depósitos fracionados na conta do assessor de Flávio somaram algo em torno de R$ 7 milhões entre 2014 e 2017 sem que houvesse comprovação de origem dos recursos.
O presidente já chegou até ao cúmulo de cancelar uma entrevista coletiva internacional com a imprensa, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, por causa da insistência dos jornalistas em querer saber mais informações sobre o assunto.
Recentemente, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, suspendeu as investigações contra Flávio Bolsonaro e Fabricio Queiroz, acusados de peculato, lavagem de dinheiro e formação e quadrilha. Uma leitura possível que se pode fazer diante da atitude de Toffoli é a de que elite se protege mutuamente, a outra é a de que os semelhantes se atraem.
Há, porém, outra movimentação estranha nesse tabuleiro. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que foi órgão responsável pelo levantamento dos dados envolvendo as transações entre Flávio e Fabrício, recentemente, foi transferido do Ministério da Economia para o Banco Central. A transferência se deu através de uma medida provisória (MP) que transformou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em Unidade de Inteligência Financeira (UIF).
Por que o governo teria tomado tal decisão? Será porque, subordinado ao Banco Central, o Coaf fica de boca e olhos vendados, proporcionando ao governo um controle mais eficaz em relação ao órgão?
É também significativo que a Lava Jato venha sofrendo os seus piores momentos neste governo, não exatamente por atos do governo, mas por uma série de fatores. Os ataques maior operação de combate à corrupção no país vêm se intensificando, principalmente, após as conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil, entre o atual ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro e procuradores da República. As conversas se deram quando Moro era juiz da 13ª  Vara Federal, em Curitiba, Paraná.
É fato que político de vários partidos sempre tentaram, de todas as formas, combater a operação, e agora, mais do que nunca, encontram terreno propício para tal.
Também não poderia faltar nesse artigo a abordagem da queda de braço entre Jair Bolsonaro e líderes europeus, principalmente, com o presidente francês Emmanuel Jean-Michel Frédéric Macron, por causa do aumento do desmatamento na Amazônia e das queimadas.
Na verdade, essa guerra começou entre Bolsonaro e o números sobre o desmatamento da Amazônia divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Inpe, através de seu diretor, o renomado cientista Ricardo Galvão, divulgou números que constatavam o aumento do desmatamento na Amazônia.
Bolsonaro achou tudo muito absurdo que dados científicos estivessem corretos e, em vez de tomar providencias para barrar o desmatamento e as queimadas, decidiu exonerar Ricardo Galvão.
Ainda durante algumas semanas o governo esbravejou contra quem quer que fosse que afirmasse ser verdadeiro os dados divulgados pelo Inpe e por outros órgãos que fazem levantamento de dados sobre o meio ambiente. Até que a questão escapou ao âmbito do governo e do país e ganhou proporções internacionais.
A verdade é que, desde o início do atual governo, a questão do meio ambiente foi tratada como uma questão de somenos importância. O próprio Jair Bolsonaro e seus assessores chegaram a anunciar que o Ministério do Meio Ambiente seria extinto e incorporado a pasta da Agricultura, recuando depois de críticas da área ruralista que temia um desgaste da imagem do país perante a comunidade internacional se isso de fato ocorresse.  Porem, foram feitas alterações na questão do meio ambiente que colocaram em xeque 40 anos de avanços do país nessa área.
Com esse sinal verde do governo para o desmatamento aqueles que já colocavam fogo na floresta para fazer pastagem para o gado e para a retirada ilegal de madeira, sentiram-se ainda mais encorajados a fazê-lo, e com isso, satisfazer seus interesses mesquinhos sob as benções do governo.
E depois ainda dizem que são as ONGs que estão tocando fogo na floresta. Se é assim, esse blog também acredita em Papai Noel, suas renas, e seu mágico trenó.

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