0

TSE diz não à candidatura de Lula

Posted by Cottidianos on 05:27
Segunda-feira, 03 de setembro


Certa vez, nos conta o livro sagrado dos cristãos, que Salomão — o “incontestado governante de Israel, e o qual Deus tinha tornado um poderoso monarca, esse rei, que atravessou os tempos como governante justo e sábio — querendo beber no cálice da tradição, resolveu convocar todos os oficiais do exército, e os juízes do reino, para irem à cidade de Gibeão. Lá ficava um velho tabernáculo, construído por Moisés, quando este ainda andava peregrinando pelo deserto. Lá foram feitos holocaustos e sacrifícios ao Senhor, naquela noite.
Ainda nessa noite, continua o relato do livro santo, Deus apareceu a Salomão, e lhe disse: “Pede-me o que quiseres que eu te darei”.
Ao que Salomão respondeu: “... Fizeste-me rei sobre um povo tão numeroso como o pó da terra! Dá-me agora sabedoria e conhecimento para governá-los com competência. Porque quem seria capaz de dirigir sozinho uma tão grande nação como esta?”
Diante da singeleza e sabedoria de tal pedido, Deus lhe disse então que, como ele não havia pedido riquezas nem honras pessoais, nem que lhe fossem amaldiçoados os inimigos, nem muito menos havia pedido vida longa, mas antes que pedira sabedoria e conhecimento para guiar com competência o povo de Israel, complementou o Senhor: “te concedo o que pedistes, e ainda te darei tantas riquezas, prosperidade e honras como nenhum outro rei terá tido antes de ti! Não haverá também, depois de ti, outro semelhante em toda a terra”.
Sabedoria, esse dom divino, que deve buscado no íntimo das consciências individuais de cada homem e mulher, isso é o que tem faltado aos nossos governantes na hora de governar, e ao nosso povo, na hora de fazer a escolha desses governantes através do voto.
Temos visto, em diversos momentos, em debates e entrevistas os presidenciáveis, e até mesmo em sessões e votações no congresso, os congressistas, clamarem pelo nome de Deus. Mas de que adianta clamar pelo Deus da justiça quando o que eles praticam é injustiça? De que adianta elevar o coração ao Deus-amor, quando se pratica a impiedade?
Dizia o Cristo, falando a multidão há mais de dois mil anos atrás, em um discurso que se atualiza nos dias de hoje: “Hipócritas! Bem profetizou Isaías sobre vós, denunciando: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; pois ensinam doutrinas que não passam de regras criadas por homens’.
Hipocrisias e falsidades como essa de clamar o nome de Deus em vão tem uma finalidade bem clara e definida, conquistar o voto dos evangélicos, categoria de eleitores que vem crescendo a cada ano. Mas daí, não caberia aos evangélicos um pouco de senso crítico e de coerência com a mensagem à qual eles apregoam nos púlpitos, campos, e praças, ou será que o evangelho pregado por Cristo no início da Era Cristã, se atualizou e virou o evangelho da conveniência, da troca de favores?
Atualizando as notícias, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) barrou, por seis votos a um, a candidatura do ex-presidente Lula. A sessão foi longa e se estendeu até a madrugada de sábado (1o). O entendimento dos ministros daquela corte foi feito com base na Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar no 135/2010). Essa lei torna inelegível os que forem condenados por decisão de órgão colegiado. Em janeiro deste ano, os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF-4), confirmaram, por unanimidade, a condenação do ex-presidente Lula, elevando a pena para 12 anos e um mês de prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do Triplex do Guarujá. Lula está preso em Curitiba desde o dia 7 de abril.
O PT lançou a candidatura de Lula, mesmo estando ciente de todas essas determinações que dita a lei. O que estaria tentando fazer o partido ao desrespeitar as regras eleitorais? Tumultuar o processo eleitoral? Desafiar os poderes constituídos? Sim, porque todos sabiam da incoerência e da impossibilidade de uma candidatura de Lula na corrida à presidência.
O fato é que o TSE correu para lançar luz sobre um fantasma que já estava começando a atrapalhar o processo eleitoral. Lula havia sido se tornado com uma bola de ferro atada aos pés do processo, e do próprio partido, que, agora, se sente livre para mergulhar de cabeça, e com segurança nas aventuras da corrida presidencial. O termo “aventura”, nesse artigo para falar de uma coisa tão séria, se deve ao fato de que esta é uma das eleições mais perigosas e pitorescas que o Brasil já viveu. Pitorescas porque grande parte dos candidatos ao congresso, e também candidatos à presidência, tem seus nomes ligados aos escândalos revelados pela Lava Jato, como é o caso do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). Ciro Gomes (PDT) não tem seu nome envolvido em escândalos de corrupção, mas o presidente do partido dele, o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é réu por improbidade administrativa, em processo que tramita na 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília.
Agora, a corrida que o Partido dos Trabalhadores tem de se concentrar é no prazo que tem para substituir Lula como candidato. O partido terá até o dia 11 de setembro para fazer isso. O provável é que a chapa petista seja formada pelo ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que já figurava como vice de Lula na chapa, e por Manuela D'Ávila (PCdoB), que já fora convidada pelo partido para atuar  como uma espécie de vice figurativa de Haddad, caso a candidatura de Lula fosse barrada, como de fato foi.
O ex-presidente poderá participar da campanha do partido, porém, apenas como apoiador.
Em 17 do mês que passou, o Comitê de Direitos Humanos da ONU, atendendo ao pedidos da defesa do ex-presidente, emitiu um comunicado no qual solicitava ao Brasil que tomasse as medidas necessárias para garantir que Lula pudesse desfrutar e exercer seus direitos políticos, mesmo estando na prisão. No comunicado era ressaltado ainda que o pedido não significava o reconhecimento, pela organização, de que houvessem sido constatados, violação dos direitos políticos do ex-presidente.
Entretanto, em seu voto,o ministro Luís Roberto Barroso, usou o argumento de que a Justiça Eleitoral não se submete ao comitê da ONU por ser aquele um órgão administrativo, portanto, sem competência jurisdicional, sendo assim, suas decisões não vinculam a justiça brasileira. O ministro acrescentou ainda que decisão foi proferida por apenas 2 dos 18 membros do comitê.
Mas, quem disse que o PT aceitou a decisão? Diante dos novos fatos, o PT apresentou nota em que diz que continuará lutando para que a candidatura de Lula seja concretizada, e que vai apresentar recursos aos tribunais para que sejam garantidos os direitos políticos do ex-presidente. Isso soa como algo paranóico, pois a questão já foi fechada pelo órgão máximo da justiça eleitoral no país.
O fato é que o brasileiro está às vésperas de uma eleição absolutamente atípica. Nunca tantos políticos acusados de corrupção e enfrentando processos por esse crime disputaram cargos públicos. A confiança dos eleitores nessa classe é imensa, e não será espanto se, ao serem abertas as urnas, mais uma vez, o número de votos nulos e em branco forem enormes.
Em relação à corrida presidencial algumas sombras ainda pairam sobre ela. Fernando Haddad, o provável candidato do PT conseguirá herdar os votos do seu padrinho político, o ex-presidente Lula, que sempre apareceu em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais?
Em uma pesquisa realizada pelo Ibope/Estado/ TV Globo, sem a presença da Lula na disputa , Jair Bolsonaro (PSL), lidera as pesquisas com 20% da preferência do eleitorado, em seguida vem Marina Silva (Rede), com 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 9%.  Geraldo Alckmin (PSDB) aparece com 7%, e Fernando Haddad (PT) com 4%.
Em meio a todo esse imbróglio político ainda nos vemos mergulhado em uma profunda crise econômica, que por sua vez, como uma onda que arrebenta no mar, vem fazer seus estragos na área social.
A Folha de São Paulo trouxe neste domingo uma reportagem cujo título é: “Governo Temer termina marcado pelo pior ciclo de crescimento em 100 anos”, segundo a reportagem assinada por Érica Fraga, o Brasil vive o pior momento de seu desempenho econômico em um século.
Segundo cálculos de Fernando Montero, economista-chefe da Corretora Tullett Prebon, o crescimento do PIB brasileiro será inferior a 1%, o que leva a uma estagnação da renda per capita. Com esse resultado, vivemos, na área econômica, entre os anos 2011 e 2020, uma década perdida. Coloque-se nesta conta os dois desastrosos mandatos da petista Dilma Rousseff que acabaram por jogar o Brasil no quadro em que se encontra atualmente.
E o presidente Michel Temer, alguém sabe dele?
Começou a corrida presidencial para valer. E qual candidato quer aparecer ao lado do presidente? Qual deles quer sair na foto com Temer? Onde estão os deputados que tão ferrenhamente ajudaram a barrar as denúncias de corrupção contra ele quando elas chegaram a Câmara? Ah, esses já conseguiram o que queriam: dinheiro. Foram comprados pelo presidente, e político que se vende não é político, é mercadoria. Essas mercadorias então, tendo alcançado o seu objetivo, se afastam daquele que os comprou.
Melhor seria se tivessem dado aval ao prosseguimento das graves denuncias de corrupção que rondam o governo, aí sim, teriam estado em consonância com o desejo da maioria dos brasileiros.
Enfim, estamos às voltas com novas eleições que em breve se realizarão. Quisera Deus, que escolhêssemos governantes sábios, do naipe de Salomão, mas o que vemos ao redor é de uma hipocrisia galopante. O que nos resta é pedir a sabedoria que vem do Altíssimo para que ajude o eleitor brasileiro a fazer a melhor escolha... E deixar de lado as demagogias, ouvindo e analisando com atenção as propostas de cada candidato, e principalmente, daquele em que se decidir, finalmente, ser merecedor do seu voto.

0 Comments

Postar um comentário

Copyright © 2009 Cottidianos All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates