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O Brasil em busca de um rumo certo

Posted by Cottidianos on 17:49
Quinta-feira, 22 de dezembro


O brasileiro está apreensivo. O Brasil anda como trem desgovernado. Ninguém pode prever o que acontecerá em cada curva.

Afora a crise econômica que sacode o país, e faz sofrer a todos — uns mais, outros menos é verdade — ainda há uma crise ético-política sem precedentes.

Este ano, uma presidente da República foi afastada acusada de manobras nada conservadoras para equilibrar os gastos públicos. Além disso, ainda rondam indícios de que suas contas de campanha, e de seu vice, atual presidente da nação, terem sido irregulares.

Há um ex-presidente envolvido até o pescoço em denúncias de corrupção, e réu em cinco processos. Ah, não nos esqueçamos do presidente do Senado Federal que é réu em uma ação no STF, e investigado em outras onze.

Também a cassação do deputado e presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também submerso em denúncias de corrupção. Não esqueçamos a prisão do ex-governador do Rio, que levava uma vida de faraó, enquanto seus súditos cariocas amargavam condições de vida nada adequadas ao porte de uma cidade cartão-postal do Brasil.

Pra fechar o ano, os executivos da gigante Odebrecht resolveram abrir a boca.

E o que eles têm dito é de fazer arrepiar os cabelos do político mais honesto... Se é que nas atuais circunstâncias existe algum, não é verdade?

Ainda no entardecer deste ano, quando o sol já está se recolhendo atrás das montanhas para, depois de uma noite turbulenta, renascer glorioso, eis que o mar de lama da corrupção atinge o Palácio do Planalto, e ameaça sujar ainda mais a imagem já gasta do presidente empossado há apenas alguns meses, Michel Temer. (Dilma Rousseff também navegando no mar de lama, deve estar dando risada da situação).

Quer governo de gestão mais instável do que o Temer?

Ah, sim, o da ex-presidente Dilma não foi diferente. Era um tal de cair ministro envolvido em escândalos...

Daqui a pouco vão faltar dedos das mãos para contar os ministros e auxiliares de Temer que pediram demissão, ou foram afastados por causa do envolvimento em escândalos.

O último foi José Yunes, ex-assessor especial do governo, em um escândalo que trouxe o presidente Temer, digamos assim, para a cena do crime.

E agora? Quem será o próximo? Podem apostar suas fichas no atual ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Por quê?

Em delação premiada o lobista Lúcio Funaro, disse que entregou R$ l milhão, em dinheiro vivo à Yunes. O dinheiro, segundo Funaro, havia saído dos cofres da Odebrecht. Ainda segundo Funaro, o pedido para que o dinheiro fosse entregue a Yunes partiu do atual ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O ministro nega. Mas quem nesse rolo compressor que é a Lava Jato admite alguma coisa. Todos se declaram automaticamente inocentes. Na verdade, deveriam se declarar hipócritas.

Não se sabe até quando Eliseu Padilha vai se sustentar no governo, ou até quando Temer vai segurá-lo. Temos visto pelos métodos e critérios do novo governo que, enquanto ele puder segurar, ele vai segurar, só quando não houver mais jeito, é que o envolvido no escândalo, “gentilmente”, pede para sair. Esses são os métodos de Temer: acobertar os culpados até enquanto possível.

De qualquer modo, com essa delação de Funaro, pode-se dizer que Eliseu Padilha já foi para a panela de pressão. Óbvio que, apesar de ser íntimo de Temer, é possível que a saída de Padilha seja agora uma questão de tempo.

Lembrando que Lúcio Funaro é próximo de Eduardo Cunha...

E olha que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, preso em Curitiba, ainda não resolveu falar, Cunha é outro que é dinamite pura, sabe todos os podres dos podres poderes, até porque já esteve imerso neles.

Outro fato que é destaque em todos os jornais e telejornais de hoje, é o Relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, divulgado ontem (21), por autoridades do Brasil, dos Estados Unidos, e da Suíça. O relatório trata do acordo de leniência feito pela empreiteira Odebrecht, e a empresa do ramo petroquímico, Braskem, com os três países citados.

O relatório revela que as duas empresas montaram um gigantesco esquema fraudulento que distribuiu propinas em 12 países da América do Sul, América Central, e África. Mais de cem projetos foram trocados por propina. Com essas negociações escusas a Odebrecht faturou bilhões de reais.

Uma em maior quantidade, a outra menos, as duas empresas pagaram propinas a candidatos, e partidos políticos. Em troca, as duas empresas recebiam vantagens e contratos ilícitos no Brasil, e no exterior.

A empreiteira e a empresa do ramo petroquímico chegaram até a montar um departamento secreto, porém, muito ativo, com o sugestivo nome de Departamento da Propina, que movimentou centenas de milhões de dólares com quais — tal qual um mercado de frutas podres — comprava políticos corruptos.

Com o maior acordo de leniência da história, as duas empresas terão que devolver R$ 6,9 bilhões, sendo R$ 3,8 bilhão de parte da Odebrecht, e R$ 3,1 bilhão de parte da Braskem. Dessa soma, R$ 5,3 bilhão voltarão para os cofres do Brasil, e R$ 1,6 bilhão serão divididos entre Estados Unidos e Suíça.

A quantia que as duas empresas terão que devolver aos cofres brasileiros será parcelada em 23 anos, e corrigida pela taxa Selic.
As empresas ainda concordaram em ser monitoradas por durante dois anos, pelo Ministério Público Federal.

Fica o exemplo para a Odebrecht, para a Braskem, e para quem mais quiser andar pelas sombras da lei, e pelo submundo do crime.

Compensa jogar o nome na lama, em busca de vantagens ilícitas? Perguntem aos donos dessas empresas, sob cujos holofotes estão de forma negativa, e vendo os gráficos de suas conquistas despencarem pelo descrédito e pela desconfiança, e terão a resposta exata.

Para finalizar: Apesar de todas essas mazelas citadas no texto, pode-se dizer que o Brasil atravessou um dos seus melhores anos. Como assim? O Brasil atravessando um momento difícil, pessoas desempregadas, empresas falindo, políticos corruptos levando à lona a nossa democracia, e tudo o mais, e esse blog afirma que o Brasil atravessou um dos melhores anos? Isso é loucura!

Não, não é loucura.

Pense da seguinte forma: quando um paciente está com doença grave, ele fica em casa à espera de um milagre? Não, os seus familiares correm em busca de um hospital, de preferência, o melhor, para que sejam tratadas as mazelas.

E o tratamento de mazelas não se dá sem dor e sofrimento. É preciso cortar na carne, tirar a podridão que estava entranhada na carne. É necessário cirurgia — às vezes mais de uma. É necessário transplante. Tudo isso dói, para o paciente, e para os familiares.

Porém é desse sofrimento, desse calvário no hospital que virá a cura.

E o Brasil é um paciente grave, quase em estado terminal. A corrupção estava corroendo suas vísceras, estava destruindo-o. Foi preciso que fosse construído um hospital chamado Lava Jato, com médicos e enfermeiros que tivessem a coragem de por o dedo nas feridas, mesmo contrariando alguns, para que a doença fosse revelada, e consequentemente tratada.

O paciente Brasil sofre na mesa de cirurgia... E a cirurgia mais grave talvez ainda nem tenha começado... 2017 vêm aí, e com ele mais dores, mais sofrimento, mais cirurgia...

E, nós seus filhos, Brasil amado, na sala de espera do hospital, aguardamos ansiosos a sua recuperação. Esperamos o dia em que, curado de todas as mazelas, e longe dos inimigos que sugam a tua pujança e vitalidade, poderás nos pegar no colo, e correr conosco pelos campos verdes e floridos, sob um céu verde e amarelo, cheio de cuidados, como faz um pai zeloso que ama seus filhos.


Brasil, amado! Nosso Brasil! Amamos a ti! Queremos o teu bem! E queremos que te recuperes o mais breve possível dessa doença grave que é a corrupção.

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