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A sala de cinema da democracia

Posted by Cottidianos on 17:55
Domingo, 25 de setembro

No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz
Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Minha garota é Mae West
Eu sou o Sheik Valentino
(Flagra - Roberto De Carvalho-rita Lee)


Chega o eleitor e senta-se na sala de cinema da democracia. Espera ver um filme que fale de solidariedade, de amor ao próximo, de confiança no ser humano. O eleitor está ansioso pela hora em que comece o filme que o motivará a desempenha o seu papel de cidadão. Ainda se que acendam as luzes da telona, o nosso espectador, sonha em sua mente, e imagina em seu coração com um país forte e pujante, capaz de conduzir os seus filhos e filhas que, nascidos ou não em berço esplendido, aspiram às glórias de uma boa educação, pela tranquilidade de andar pelas ruas de sua cidade sem estar temeroso, olhando para os lados, desconfiando de qualquer um que se aproxime dele. Comendo a pipoca da civilidade, o eleitor projeta em seu filme mental cenas de hospitais e escolas bem equipados, médicos e professores bem remunerados. Não está sozinho o eleitor, nem na sala, nem nos ideais. O cinema está cheio de milhões de pessoas com os mesmos sonhos.

Chega o grande momento. Acendem-se as luzes da telona. E o filme que é exibido não é filme motivacional, nem muito menos altruísta. A exibição assemelha-se mais a um filme policialesco, cheios de bandidos assaltando os cofres da nação. Há um povo que necessita de cuidados, que necessita de recursos financeiros, de educação, de segurança, de um bom sistema de saúde. O povo estende às mãos na direção dos governantes. Entretanto, os políticos lhe dão às costas, e vão fazer farras nababescas com empresários e empreiteiros corruptos. O povo, que havia confiado aos políticos a chave dos cofres da nação, sente traído, e resolve usar as armas da cidadania, do diálogo, da pressão, e, principalmente do voto, para tirar o poder das mãos daqueles em quem havia confiado, e colocar no lugar deles, gente comprometida com a nação, e não consigo mesmas, e com seus fechados e seletos grupos de interesses mesquinhos.

Então, resolvida a situação, o filme da democracia chega ao fim, com o povo nas ruas, celebrando, cantando, e dançando, afinal o país a quem tanto amam, é deles novamente. As árvores da fartura e da prosperidade, antes secas e sem vida, voltam a exibir seu vigor. Os frutos voltam a carregar a pontas dos galhos. As flores da felicidade, antes sem cor e sem perfume, voltam a exalar aromes suaves de fragrâncias deliciosas. O céu da cidadania, antes encoberto e cinzento por causa da poluição danosa causada pela corrupção, volta brilhar nas cores azul e branco. E, em cada recanto do país, um sorriso brota dos lábios e do coração de um povo que se sente, finalmente, livres dos bandidos e salteadores da democracia plena, e dos direitos do cidadão. O povo sente que um novo tempo começa.

Esse final idealizado pode ser perfeitamente possível, basta acreditarmos, basta que não percamos as esperanças, basta que não nos omitamos, e cobremos moralidade e ética de quem não às têm. Basta que cada um de nós seja sensato o suficiente para termos em caixa a moeda que vamos cobrar dos outros.

Aproximam-se as eleições municipais. Dia 02 de outubro, os eleitores irão às urnas para escolherem cidadãos, ou cidadãs, para ocupar os cargos de prefeito, vice-prefeito, bem como, os vereadores que integrarão as Câmaras Legislativas Municipais.

Nas cidades com mais de 200 mil eleitores, nas quais nenhum candidato consiga atingir a maioria absoluta, ou seja, 50% por cento mais um, haverá um segundo turno, que será realizado no dia 30 de outubro. Sendo os candidatos desse segundo, os dois mais votados no primeiro. A responsabilidade é grande demais para ser decidida em menos de um minuto, que é tempo estimado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o voto de cada eleitor. Menos de um minuto para, no caso de ter confiado num traidor da nação, aguentar quatro anos de desmandos e roubalheira. A decisão de cada eleitor deve ser tomada bem antes, pensada bem antes. Sendo apenas o apertar do botão na urna como o apertar do gatilho: um erro torna-se fatal.

A questão é que, o eleitor se depara com a montanha de escândalos de corrupção, e de partidos políticos e seus integrantes formando a base dessa montanha, que fica a se perguntar: em quem posso confiar? É uma questão séria essa da credibilidade da classe política, e reflete e enfermidade de nosso sistema político. Os termômetros que medem o grau de temperatura de nosso corpo nos informam se estamos ou não com febre. Uma febre de 40 graus é algo preocupante, e é o caso de correr logo com o enfermo para um hospital por que remédios paliativos, certamente, não adiantarão nesse caso.

Se também houvesse termômetros para medir a credibilidade de nossos políticos e de nosso sistema político, com certeza, eles indicariam temperaturas superiores a 40 graus. É o caso, mais do que nunca de correr para o hospital mais próximo. A questão é: qual remédio indicar para esse paciente. O remédio certo seria uma reforma política urgente. Mas o hospital Brasil teria esse remédio no momento? Os nossos gestores teriam algum interesse em colocar esse remédio nas prateleiras? Ao que parece, não. Pois o assunto é discutido com grande timidez no Congresso. E toda vez que entrou em pauta foi ignorado.
Atualmente, o assunto voltou à discussão no Congresso. Os senadores Aécio Neves, e Ricardo Ferraço, do PSDB, apresentaram uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que, há duas semanas foi aprovada pela Constituição e Justiça da Câmara. A PEC apresentada pelos senadores, com previsão de votação ainda este ano, depois das eleições municipais, não propõe nenhuma solução mirabolante, nem algo diferente do que já havia sido apresentada outras vezes. As quatro medidas que a PEC propõe são de grande ajuda para melhorar o nosso alquebrado sistema político, e dentre elas destaco o fim das coligações nas eleições para deputado estadual, federal, e senadores. Com isso, acaba-se com a dança das cadeiras, na qual a distribuição das cadeiras está condicionada à votação de um candidato que se soma as legendas coligadas, proporcionando o ridículo de se eleger candidatos cujas votações foram insignificantes.

Outro ponto fundamental da PEC apresentada pelos senadores é clausula de desempenho que promete reduzir o número de partidos existentes. Isso ajudaria a melhorar a governabilidade, uma vez que é absurdo o número de partidos políticos existentes hoje no Brasil. Eles são em número de 35 e infernizam a vida do Poder Executivo mendigando cargos e posições, e forçando o governo a fazer da governabilidade um balcão de negócios.

A Proposta de Emenda Constitucional apresentada por Aécio Neves e Ricardo Ferraço não é a varinha de condão que irá transformar a abobora em carruagem, mas já é um tímido sinal de remédio para a enfermidade de nosso sistema político. Talvez ajude a afastar os abutres que se instalaram nas casas legislativas municipais, estaduais e federais.

Voltando as eleições. No próximo dia 02 de outubro não cometa a asneira de votar em branco ou nulo. Escolha alguém em quem votar. Você pode até estar indeciso, mas não deixem que outros decidam por você, tenha uma coisa bacana que se chama atitude. Vote com consciência. Caro eleitor, você pode até nem saber ainda em quem vai votar, mas se souber em quais partidos ou candidatos não vai votar, já é meio caminho andado. 

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